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UGT Press 486: Petróleo barato é ruim?


02/02/2016

PETRÓLEO BARATO: desde o choque do petróleo em 1973, o mundo vive, ocasionalmente, turbulências no setor energético. Mas, como temos muito mais países consumidores do que produtores, salta aos olhos que o petróleo barato só não é bom para quem vende. Então, o que está ocorrendo no mundo? Os especialistas diziam que os preços estratosféricos do petróleo, por exemplo, inibiam ainda mais a recuperação da Europa e do Japão. Agora, com os preços baixos, não há reação e as perspectivas de crescimento do Produto Interno Bruto mundial não são das melhores. A China, um caso à parte, atingiu o máximo de crescimento com as commodities batendo recordes atrás de recordes na alta de preços. Com as commodities em queda, a China desacelera e preocupa o mundo. Em outras palavras, parece que os manuais de economia não estão sendo suficientes para decifrarem os enigmas da atualidade e, em decorrência disso, vivemos um período de incertezas.

 

PRODUTORES: A Arábia Saudita não diminuiu a produção e está agüentando firme até como forma de inviabilizar o petróleo de xisto nos Estados Unidos ou outras fontes alternativas, como é o caso do pré-sal brasileiro. No caso do xisto americano, a produção saltou de cinco milhões de barris/dia em 2008 para nove milhões de barris/dia em 2015. Os americanos também estão aguentando firme e informam que estarão produzindo enquanto o barril estiver a mais de US$ 15 por unidade. Espera-se que, com a liberação das sanções econômicas ao Irã, ele possa despejar de um a três milhões de barris/dia no mercado. Com a economia mundial em marcha lenta, esse acúmulo de oferta leva à crença de que os preços do petróleo poderão cair ainda mais.

 

OUTRAS VARIÁVEIS: o governo russo tem seu Produto Interno Bruto em queda e está vivendo uma crise orçamentária. A Venezuela, que tem no petróleo seu quase único produto de exportação, já anunciou uma emergência econômica. O Brasil tem problemas relevantes com sua estatal, a Petrobrás, além de problemas políticos adjacentes decorrentes da corrupção na empresa. Na Colômbia e no México, os bancos centrais já elevaram seus juros; a Nigéria implantou controle cambial. Na maioria desses países há problemas políticos sérios, acrescentando um grau de instabilidade à situação econômica global. Aqueles que trabalham com fontes alternativas, como é o caso do Brasil, dependem de preços mínimos para continuarem os investimentos. Igualmente, não se justificam grandes investimentos no Ártico ou na África Ocidental. Acrescente-se que os países importadores de petróleo estão com estoques altíssimos.  

 

PREÇOS ATUAIS: no último ano e meio, os preços do petróleo caíram 75%. Dizia-se que, a cada dólar economizado no bolso da população consumidora de petróleo, seria dólar gasto em outros setores, movendo a roda da economia mundial. Isso mudou? Provavelmente. Existem outros e diferentes fatores construindo a equação econômica atual. Porém, é verdade que os preços das matérias-primas caíram e os países importadores estão pagando menos por elas. Então, refazendo a pergunta, o que está acontecendo com a economia mundial? Não se sabe, mas desconfia-se que, desde que a especulação financeira tomou conta do mundo, alguma coisa de muito errado está acontecendo.

 

E O BRASIL? Com esse quadro desfavorável, como fica a situação brasileira em curto prazo? O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, disse que o preço do petróleo pode afetar mais o Brasil do que a desaceleração da China. Em entrevista de página inteira à Folha de São Paulo (24-01), ele defendeu a redução do empréstimo compulsório para aumentar a liquidez do sistema bancário, ajudando na disponibilidade de recursos para a produção. Chegou a dizer que “ou o Brasil se transforma na locomotiva de si próprio, trabalha duro para isso, ou vamos continuar patinando”. Ele deu a entender que acredita nas medidas que estão por vir pelas mãos do ministro Nelson Barbosa.




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