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No ritmo atual, europeias não igualam salários neste século


14/10/2020

 

Na média, rendimentos de mulheres e homens só se equilibraria em 2104, indicam dados; em nove países, disparidade ainda é crescente

 

Milhares de mulheres suíças gritaram durante um minuto quando o relógio marcou 15h24. Esta é a hora do dia em que elas começam a trabalhar de graça, por causa da diferença salarial entre homens e mulheres no país.

 

Se europeias de outros países adotarem o protesto feito na Suíça em junho, gritos em massa ainda serão ouvidos durante todo este século na maioria deles, mostram cálculos divulgados neste mês.

 

Com base nos dados do departamento estatístico da União Europeia (Eurostat), a entidade calculou quanto tempo levaria para o equilíbrio salarial se fosse mantido o ritmo das disparidades observado entre 2010 e 2018.

 

Na média, a vantagem masculina nos salários caiu apenas 1% nesses anos, uma tendência que traria equilíbrio entre os rendimentos apenas daqui a 84 anos.

 

Mulher de cabelos castanhos curtos e uniforme de comandante de avião (terno azul marinho, gravata, luva branca) em cabine de piloto de avião

A piloto de avião russa Maria Uvarovskaia na cabine de um simulador de voo do A320, no centro de treinamento da Aeroflot; segundo ela, muito ainda pode ser feito pelas mulheres para reduzir a desigualdade - Grigory Dukor/Reuters

Os dados mostram grande diferença entre os países, e em nove a vantagem masculina está se ampliando, em vez de se reduzir.

 

 

Nem mesmo as mulheres romenas, que podem se tornar as primeiras a atingir equivalência, em 2022, têm muito o que comemorar, segundo a CES.

 

O país do leste europeu reduziu a disparidade entre gêneros de 8,8%, em 2010, para 3% em 2018 (último dado disponível), mas os salários no país ainda são muito baixos para padrões europeus.

 

Nos anos 2020, apenas dois outros países podem atingir um equilíbrio, mantido o ritmo atual. Um é o pequeno Luxemburgo, que tem o maior PIB per capita e o maior salário mínimo do bloco. O outro é a Bélgica, onde se concentra a maior parte da burocracia da União Europeia.

 

 

 

Os homens belgas hoje ganham em média 6% mais que as mulheres, partindo de uma vantagem de 10,1% em 2010; mantido o ritmo de redução, a igualdade chegará em 2028.

 

Já nas principais potências econômicas do bloco, a Alemanha e a França, a perspectiva é de muito mais longo prazo.

 

A situação dos vencimentos alemães quase não mudou de 2010, quando os salários dos homens superavam o das mulheres em 22,3%, para 2018, quando ficaram 20,9% acima, o que projeta o equilíbrio apenas para 2021.

 

Se as alemãs ainda têm que esperar mais de cem anos, as francesas terão que aguardar mais de mil. De 2010 a 2018, a vantagem salarial dos homens quase não se mexeu na França, oscilando de 15,6% para 15,5%.

 

No Reino Unido, que deixou a União Europeia em janeiro deste ano, a vantagem masculina é hoje de 19,9% e a igualdade é esperada para 2078, nas mesmas condições de progressão atual.

 

Na Suíça, que também não faz parte da UE, as mulheres ganham cerca de 20% a menos que os homens, uma desvantagem maior que a registrada no ano 2000, segundo o governo.

 

 

Para a secretária-geral-adjunta da CES, Esther Lynch, “as grandes empresas fingem que estamos fazendo um bom progresso por meio de medidas voluntárias”, mas os números mostram que isso manteria a desigualdade por ao menos mais um século.

 

“As mulheres que trabalharam na linha de frente durante a crise da Covid-19, em empregos sistematicamente subestimados de cuidados e limpeza, e precisam de justiça agora”, afirmou.

 

A entidade critica a Comissão Europeia (Poder Executivo da UE) por adiar a divulgação de regras de transparência salarial de 4 de novembro, como prometido, para dezembro, ainda sem confirmação.

 

Na última semana, presidentes dos cinco maiores grupos políticos do Parlamento Europeu também pediram que a UE desbloqueie uma proposta que estabelece meta mínima de 40% de mulheres em conselhos de empresas listadas em Bolsa.

 

As companhias têm hoje menos de 30% de mulheres conselheiras, e apenas 8% das grandes empresas têm uma mulher como seu principal executivo, mostram dados do Instituto Europeu para a Igualdade de Gênero (Eige).

 

Segundo dados do instituto, desde 2010, países que adotaram legislação para promover o equilíbrio entre gêneros tiveram um aumento de 27,2 pontos percentuais, chegando em média a 36,5% de mulheres nos conselhos.

 

Nos países que adotaram medidas não legislativas, o progresso foi de 14,3 pontos percentuais, com uma média atual de 28,1% de mulheres conselheiras.

 

Não houve qualquer mudança nos países que não implantaram políticas públicas ou leis específicas.

 

“Essa persistente desigualdade de gênero na tomada de decisões econômicas não é apenas injusta e contraria o princípio da igualdade entre mulheres e homens consagrado nos Tratados [da UE], mas é uma perda de oportunidade em termos de recursos humanos e potencial”, afirma a carta enviada à premiê alemão, Angela Merkel, que neste semestre é também presidente do Conselho da UE.

 

Para os eurodeputados, aumentar a participação de mulheres nos conselhos tem efeitos positivos indiretos para a diversidade de gênero em toda a carreira.

 

A diretiva, engavetada há mais de 7 anos, estabelece a cota para o gênero sub-representando apenas no conselho não executivo, deixando livre a escolhos dos administradores da companhia.

 

Fonte: Folha de SP




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