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Brasil perdeu US$ 38,143 bilhões em investimentos estrangeiros no 1º semestre


09/07/2020

Além da pandemia, redução dos juros e crises políticas contribuíram para o número; quantia é a maior para o período desde 1982

 

Em meio à pandemia do novo coronavírus, o Brasil perdeu US$ 38,143 bilhões líquidos em investimentos estrangeiros no primeiro semestre. O montante, divulgado nesta quarta-feira, 8, pelo Banco Central, é recorde para os primeiros seis meses de um ano. A série histórica do BC começa em 1982.

 

A saída de dólares ocorreu na esteira da pandemia e da crise política que atingiu o País no primeiro semestre. Em busca de ativos mais seguros em outros países, os estrangeiros retiraram US$ 301,610 bilhões brutos do Brasil e, na outra ponta, aplicaram apenas US$ 263,467 bilhões no País.  

 

Banco Central

Valor é o maior da série histórica do BC, que se inicia em 1982. Foto: André Dusek/Estadão

A cifra de US$ 38,143 bilhões reflete o resultado líquido de aplicações em carteira (feitas em ativos como ações ou títulos de renda fixa, por exemplo), investimentos diretos (compra de participação em empresas ou construção de novas unidades), remessas de lucros para matrizes no exterior e pagamentos de juros.

 

A saída de dólares pela via financeira no primeiro semestre de 2020 chama a atenção por ter superado os envios registrados em crises anteriores. No primeiro semestre de 2009, por exemplo, quando houve forte desvalorização do real, saíram do País US$ 12,424 bilhões líquidos pela via financeira. No primeiro semestre de 2016, em meio à crise fiscal do governo de Dilma Rousseff, foram US$ 35,818 bilhões líquidos.

 

“Não é somente o pânico dos investidores em função da pandemia que justifica a saída de dólares do Brasil no primeiro semestre”, avalia o economista Bruno Lavieri, da 4E Consultoria. “Houve ainda a redução do diferencial de juros entre o Brasil e o exterior e o aumento do risco político.”

 

Com a Selic (a taxa básica de juros) nos menores níveis da história, o diferencial de juros entre o Brasil e o exterior vem caindo. Segundo Lavieri, isso diminui o ímpeto dos estrangeiros para as operações de carry trade – quando um investidor pega dinheiro emprestado a juros baixos no mercado internacional e o aplica no Brasil, a juros maiores.

 

Atualmente, a Selic está em 2,25% ao ano. Neste patamar, o juro real (descontada a inflação) no Brasil já é negativo, o que desestimula o carry trade. Já o aumento do risco político está ligado às seguidas crises do governo de Jair Bolsonaro, que colocam em dúvida a capacidade do Brasil em controlar o rombo fiscal após a pandemia.  

 

“A questão da pandemia vai se tornando um pouco mais inteligível, então os fluxos (cambiais) tendem a voltar ao normal”, diz Lavieri. “Por outro lado, vemos ainda um risco elevado no Brasil. O quadro fiscal pode demorar mais para uma tendência de equilíbrio. Isso afasta o capital estrangeiro.”

 

Em eventos públicos, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, tem pontuado que a pressão de saída de dólares atingiu não apenas o Brasil, mas também os demais países emergentes. O auge do movimento ocorreu em março, quando US$ 14,862 bilhões líquidos deixaram o País pela via financeira.

 

Passado o maior estresse com a pandemia, as saídas foram menores nos últimos meses: US$ 6,817 bilhões em abril, US$ 882 milhões em maio e US$ 4,742 bilhões em junho.

 

Exportações

Se por um lado os estrangeiros retiraram recursos do Brasil no primeiro semestre, por outro o País recebeu US$ 25,607 bilhões pela via comercial (exportações menos importações).

 

Este bom resultado contribuiu para que a saída efetiva de dólares nos seis primeiros meses do ano, considerando o fluxo financeiro negativo e o comercial positivo, fosse de apenas US$ 12,536 bilhões.

 

Por trás do resultado positivo da balança comercial está o fato de, na pandemia, as exportações de produtos alimentícios terem aumentado – em especial, a soja vendida para a China. Além disso, as importações de mercadorias em geral pelo Brasil foram menores no primeiro semestre, em função da crise.

 

Fonte: Estadão




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