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UGT e AFL-CIO promovem formação político-sindical e intercâmbio de experiências entre dirigentes nacionais e internacionais


05/09/2019

A Secretaria de Organização e Formação Político-Sindical da União Geral dos Trabalhadores (UGT), em parceria e com patrocínio do Solidarity Center AFL-CIO, maior central sindical dos Estados Unidos, realizou, nos dias 3 e 4 de setembro, na sede da UGT nacional, em São Paulo, o curso “Organização e filiação sindical para fortalecimento dos sindicatos”.

 

Participaram da ação 40 dirigentes sindicais filiados à UGT, vindos de diferentes localidades, como São Paulo, incluindo interior e Baixada Santista; Belo Horizonte; Brusque; Paraná; Rio de Janeiro; e Bento Gonçalves.

 

Erledes Elias da Silveira, coordenador da Secretaria de Organização e Formação Político-Sindical, explicou que “o curso tem como objetivo trocar boas práticas nacionais e internacionais e encontrar, de forma coletiva, caminhos a serem seguidos, além de definir ações conjuntas que levem à ampliação e fidelização do número de filiados, a fim de resolver o problema de custeio das entidades sindicais e garantir a manutenção da luta em defesa dos direitos trabalhistas do cidadão brasileiro”.

 

“Fico muito feliz em ver a sala desse curso cheia e com tantas mulheres... É um sinal de que estamos no caminho certo! Estamos passando por um momento muito grave. Diria até que, não em seu formato original, mas vivemos uma espécie de ditadura. Mas nós podemos ser, temos que ser e seremos os promotores das mudanças necessárias no nosso País”, disse Ricardo Patah, presidente nacional da UGT.

 

Para Jana Silverman, diretora da AFL-CIO, “este curso é um projeto ambicioso, mas necessário. Os sindicatos são os principais atores não só no ambiente de trabalho, mas para a democracia. Por isso, precisamos, juntos, encontrar caminhos para sustentar nossas organizações financeiramente e, principalmente, politicamente”.

 

Chiquinho Pereira, secretário de Organização e Formação Político-Sindical da UGT e presidente do Sindicato dos Padeiros de São Paulo, salientou: “O atual governo brasileiro está contra o trabalhador e as instituições que o defendem. Assim, essa formação é uma tentativa de encontrar soluções para o movimento sindical. É uma ação que levará conhecimento aos sindicatos. E conhecimento é nossa principal força de luta. Temos que ter em mente que o mais importante é a aproximação do sindicato com o trabalhador. Vamos todos sair daqui com tarefas a serem cumpridas e tenho certeza que, daqui a três meses, quando nos reencontrarmos, estaremos ainda mais fortes e traremos boas notícias”.

 

Também presente ao evento, Canindé Pegado, secretário geral da UGT, lembrou que “é a formação política e sindical que levantou e continuará levantando o movimento sindical em momentos de crise. Daí a importância desse curso na atual conjuntura. O objetivo é atender tanto às necessidades dos dirigentes sindicais quanto dos trabalhadores”.

 

O curso contou com palestras de Jana Silverman; Rafael Guerra, do Sindicato Internacional de Trabalhadores na Indústria Automotiva, Aeroespacial e Agrícola dos Estados Unidos (UAW), entidade filiada à AFL-CIO; Fausto Augusto Jr., do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos); Antônio Augusto de Queiroz, do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar); e Erledes Elias da Silveira.

 

Jana e Rafael contaram experiências vivenciadas pelos sindicatos e pelos trabalhadores nos Estados Unidos, com o objetivo de trazer ideias aos dirigentes brasileiros, a fim de ampliar a sindicalização e fortalecer as entidades sindicais.

 

Da mesma forma, dirigentes nacionais relataram situações do dia a dia e cases do movimento sindical no Brasil.

 

Chiquinho Pereira contou que o caminho encontrado pelo Sindicato dos Padeiros de São Paulo foi decidir “ser grande”. “E isso só é possível com a participação dos trabalhadores. Por isso, somos muito próximos a eles. Nossas equipes vão às ruas todos os dias verificar na base se os acordos e convenções coletivas estão sendo cumpridos, se os trabalhadores estão sendo respeitados. Deixamos claro que os interesses deles e os dos patrões não são os mesmos e que vamos defendê-los. Explicamos, por exemplo, que o patrão não dá vale-refeição ou cesta básica porque é bonzinho. A empresa oferece isso porque está na convenção coletiva, garantida pelo sindicato.”

 

O dirigente também falou da importância de valorizar e integrar a família dos trabalhadores. “Hoje, estamos passando tanto para a categoria quanto para seus filhos, nas escolas, a importância dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.”

 

Moacyr Pereira, tesoureiro da UGT e presidente do Siemaco, entidade filiada à Central e que representa os trabalhadores de Asseio e Conservação, Limpeza Urbana e Áreas Verdes, contou sobre o Projeto Semáforo. De forma geral, o Projeto identifica empresas com mais de 50 trabalhadores (verde), com 30 a 50 (amarelo) e com menos de 30 empregados (vermelho), determinando os locais em que se deve estar mais presente e atento ao cumprimento dos direitos trabalhistas.

 

Vale ressaltar que o Siemaco foi a primeira entidade sindical da América Latina a receber um prêmio internacional da UNI Global Union pelas ações desenvolvidas com os trabalhadores e trabalhadoras do setor de limpeza.

 

“A gente faz um serviço social que, na verdade, era uma obrigação do Estado: assistência médica, esportiva e de lazer – inclusive para os desempregados. Mas somos mais que isso: trabalhamos a representatividade da categoria, a luta para melhores benefícios nos acordos coletivos, que nunca foram tão essenciais”, disse Moacyr.

Em relação às experiências internacionais, Rafael Guerra explicou que, nos Estados Unidos, para serem representados, os trabalhadores precisam reconhecer o sindicato voluntariamente e pagar uma mensalidade que, geralmente, corresponde a duas horas de trabalho mensais.

 

“Lá, os trabalhadores sindicalizados ganham, em média, 30% a mais que os não sindicalizados, além de ter mais segurança e melhores condições de trabalho. Quem não é sindicalizado não tem direito, por exemplo, a férias ou licença-maternidade”, conta o dirigente, que explica que, naquele país, não existe Carteira de Trabalho.

 

No entanto, chamou a atenção um levantamento contraditório: pesquisas recentes apontam que 60% dos americanos aprovam os sindicatos. No entanto, apenas 7% dos trabalhadores do setor privado, por exemplo, são sindicalizados.

 

Rafael explica que os trabalhadores têm medo das políticas antissindicais pregadas pelas empresas, que são muito fortes. Há até serviços telefônicos contratados para convencer – ou ameaçar – os trabalhadores a não se sindicalizarem.

 

“Um dos caminhos a ser seguido é aprender a ouvir o trabalhador. Quando a gente deixa ele falar, ele mesmo acaba se ouvindo e percebendo a necessidade e a importância de um sindicato. Fora isso, precisamos cada vez mais da solidariedade internacional. Se nos Estados Unidos, que têm um governo neoliberal, com políticas feitas exclusivamente para empresas, enganarem e acuarem os cidadãos a ponto de não apoiarem o movimento sindical, certamente o Brasil dirá ‘então, aqui também não precisa’”, alertou Guerra.

 

Por último, o dirigente também ressaltou a importância de dar apoio ao trabalhador em qualquer situação. “Temos um banco de dados de desempregados e mantemos contato com a área de Recursos Humanos de algumas empresas, tentando ser a ponte de contratações.”

 

Jana Silverman ressaltou que hoje, mais do que nunca, os dirigentes sindicais devem ajudar não apenas a manter o sindicalismo, mas a reconstruir um país ético e democrático. E lembrou que a principal função de um sindicato é a negociação coletiva, e não a prestação de serviços.

 

Para a diretora da AFL-CIO, “entre as medidas que devem ser tomadas pelas entidades sindicais neste momento, estão: organizar os trabalhadores informais; aumentar a participação sindical política; realizar ações coletivas; e incluir cada vez mais mulheres, jovens e negros nos sindicatos para que os trabalhadores se sintam de fato representados”.

 

“Utilizem as ferramentas oferecidas nesse curso para se aproximar da base. Expliquem ao trabalhador que, sem sindicato, não há direitos. O valor do sindicato está em negociar salário, mas também em dar voz ao trabalhador”, disse Jana. 

 

Fausto, do Dieese, tocou em outra ação necessária: o apoio aos desempregados. “O sindicalismo ainda está centrado numa visão industrial, mas, do ponto de vista econômico, não há uma divisão entre indústria, comércio e serviço. Além disso, é preciso aprender a representar as novas categorias, como temporários, home office etc. O momento mais precário do trabalhador é quando ele perde o emprego. Se o sindicato não apoiá-lo nessa hora, por que ele irá querer se filiar quando voltar a trabalhar?”.

 

Já Antônio, do Diap, reforçou que é preciso ter um enraizamento muito forte na base. “O movimento sindical é a iniciativa mais criativa da humanidade, pois permite alianças, permite a distribuição de renda de forma pacífica, entre outras coisas. Além disso, ao lado dos partidos políticos e da imprensa, é o que forma o tripé da democracia. Por isso, ele precisa se manter e se fortalecer. É necessário estar nas ruas, buscar associados, mas também visitar os já filiados, para garantir que esteja tudo caminhando bem. É preciso, ainda, combater vícios, pois vivemos um novo momento. E o principal: os sindicatos têm que se aproximar da política. Sem isso, não há como buscar solução para problemas coletivos.”

 

A partir de exercícios em grupo, comandados por Jana Silverman e Rafael Guerra, os participantes do curso expuseram experiências, contaram o que pensam sobre o poder dos sindicatos e das empresas, refletiram sobre o que aconteceu para o sindicalismo chegar onde chegou e criaram, orientados pelo professor Erledes, um plano de ação para os próximos três meses.

 

“Se você não planejar, não consegue cumprir. Pelo menos, não de forma satisfatória. As entidades sindicais precisam se planejar para enxergar de forma clara o seu objetivo, onde se quer chegar e, inclusive, mudar a rota se for preciso. A partir do plano estratégico que traçarmos hoje, vamos todos voltar a olhar para a mesma direção”, esclareceu Erledes em sua palestra.

 

Os principais pontos nos planos de ação definidos pelos dirigentes participantes, a serem cumpridos em três meses, foram: aumentar o número de filiados; se aproximar ainda mais da base e alimentá-los de informações por meio de materiais didáticos e da tecnologia (vídeos, e-mails, boletins eletrônicos e comunicação por WhatsApp e redes sociais); visitar os trabalhadores já filiados.

 

A segunda parte da formação acontecerá em dezembro, com o mesmo grupo, quando serão apresentados os resultados do trabalho realizado em três meses, a partir dos conhecimentos adquiridos por meio da troca de experiências, das dicas, exemplos e aprendizados do curso “Organização e filiação sindical para fortalecimento dos sindicatos”.

 

Futuramente, o curso será levado aos demais estados do Brasil. 




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