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Para Martin Luther King a humanidade não deveria cultuar o deus do ódio


19/04/2018

Meio século depois da morte de King, essa visão permanece. Assim como King tinha esperanças de que americanos brancos poderiam simplesmente tratar afro-americanos como seres humanos, ele acreditava que as pessoas ao redor do mundo deveriam ver a cada um como irmãos e irmãs. Em 2018, enquanto uma onda de nacionalismo raivoso varre o globo, e movimentos supremacistas brancos ganham força, tais preceitos básicos vem à tona.

 

King defendia que fronteiras nacionais são artificiais. Em setembro de 1964, durante uma visita a Alemanha, ele emocionou plateias tanto em Berlim Oriental, quanto em Berlim Ocidental, com seu discurso sobre a necessidade de irmandade para as pessoas divididas pelo Muro de Berlim.

 

Na noite de 13 de setembro, cerca de duas mil pessoas se amontoaram na Igreja St. Mary, em Berlim Oriental, enquanto milhares esperavam do lado de fora. Falando do púlpito, King chamou Berlim “um símbolo das divisões de homens na face da terra” e falou que “em cada lado do muro estão filhos de Deus, e nenhuma barreira feita pelo homem pode apagar esse fato”. King continuou: “Independente das barreiras de raça, crença, ideologia, ou nacionalidade, há um destino inescapável que nos une. Há uma humanidade comum que nos faz sensíveis aos sofrimentos um do outro”. Ele falou sobre a luta pela liberdade dos negros, nos Estados Unidos, ofereceu uma mensagem de esperança para aqueles que suportavam a repressão do estado e destacou a crueldade e insensatez do muro.

 

Mais tarde naquele ano, ele recebeu o Prêmio Nobel da Paz – prova de sua brilhante reputação no exterior. Ele então chamou um boicote mundial contra a África do Sul e intensificou sua crítica ao regime do Apartheid. Por tudo isso, King se tornou muito mais que um herói para os lutadores pela liberdade e dissidentes através de muitos continentes. Na África e Ásia, e nos dois lados da Guerra Fria, King era considerado como um líder nas lutas contra o racismo, pobreza, colonialismo e imperialismo.

 

Um ano antes de sua morte, em 4 de abril de 1967, King fez seu mais famoso discurso anti-guerra, na Igreja Riverside, em Nova Iorque. Ele falou:

 

“As nações devem desenvolver uma primordial lealdade para a humanidade como um todo… esse chamado por um companheirismo mundial que levanta preocupações além de tribos, raças, classes e nações é, na realidade, um chamado por um incondicional amor entre os seres humanos. Esse muitas vezes incompreendido e mal interpretado conceito… agora se tornou uma necessidade absoluta para a sobrevivência da raça humana”.

 

Era um pensamento que King falava diretamente para os futuros líderes, que negariam asilo para os refugiados, apartariam famílias com deportações, ou fariam campanha sobre a ideia de construir muros de fronteiras entre as nações. “Nós não podemos mais proporcionar o culto ao deus do ódio”, King declarou.

 

Quando Martin Luther King foi assassinado em Memphis, em 4 de abril de 1968, muitos cidadãos pelo mundo sentiram essa perda tanto quanto os afro-americanos. Em todos os continentes, multidões de pessoas se uniram em praças e lugares públicos para honrar sua memória. Na Igreja Presbiteriana St. Andrews, em Nairóbi, Tom Mboya, Ministro do Planejamento do Quênia, leu o discurso final de King para uma multidão transbordante, que incluía membros do parlamento. O Papa saudou King durante a missa do Domingo de Ramos, na Basílica de São Pedro. Em Paris, milhares se juntaram no Cirque d’Hiver, incluindo líderes trabalhistas, intelectuais e heróis da Resistência Francesa durante a Segunda Guerra Mundial. Eles misturaram homenagens a King com denúncias dos Estados Unidos, tão enfurecido que eles estavam pela injustiça racial na América em casa, tanto quanto seu empreendimento na Guerra do Vietnam.

 

Em Londres, a Câmara dos Comuns passou uma moção expressando ultraje pelo assassinato de King. Logo o governo Trabalhista introduziu uma legislação anti-discriminação, como a Lei de Relações Raciais. Milhares de Britânicos se juntaram nos degraus da Catedral de St. Paul, onde King havia discursado em 1964, e se espalharam pelas ruas para ouvir tributos a King. Discursadores refletiam sobre a vida de King e performers lideravam a multidão na música. O jornal The Times, de Londres, chamou a morte de King de uma grande perda “para um mundo que tinha vindo a ama-lo e respeita-lo”.

 

Na vida e na morte, a visão global de King ressoou em toda a parte. Como ele disse na Igreja de Riverside, em 1967: “A História é desordenada com os destroços de nações e indivíduos que perseguem esse autodestrutivo caminho de ódio… agora nos deixe rededicar nós mesmos para a longa e amarga, mas bonita luta por um novo mundo”. King liderou a cruzada por um mundo sem muros. Ele previu que a luta por esse novo mundo seria bonita, mas que também seria longa e amarga.

 

Por JASON SOKOL, 4 de abril de 2018

 

Tradução: Luciana Cristina Ruy


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