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Pressão no trabalho leva ao estresse


28/01/2009

Várias horas de trabalho, todos os dias. Essa rotina é uma das principais ativadoras do estresse entre os executivos. O estresse, porém, não é uma doença, mas uma resposta do organismo aos estímulos que recebe, como o desgaste físico e mental. Em outras palavras, é uma reação à sobrecarga sofrida pelo organismo. E essa resposta do corpo pode ser benéfica, segundo a coordenadora do departamento de neurologia cognitiva e do envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia, a médica neurologista Márcia Lorena Fagundes Chaves. Várias pesquisas comprovam que o estresse é benéfico. Quando o organismo libera certos hormônios no corpo, há uma melhora de desempenho na memória".

O coordenador do departamento de situações de crise, desastre e catástrofes naturais e sociais da Associação Brasileira de Psiquiatria, o médico psiquiatra José Toufic Thomé, afirma que o estresse é uma reação normal do corpo diante de uma situação desconhecida. "Os executivos e profissionais, em geral, estão em constante pressão no meio em que trabalham. Isso causa muita ansiedade, que resulta dos desafios em que se têm saída, e geram estresse. O problema é quando a ansiedade vira angústia - quando os desafios não têm saída - e o estresse aumenta", explica. Ele ressalta que o estresse oriundo da angústia pode levar à depressão.

Para o médico clínico geral Rubens Cascapera Junior, especialista em medicina ortomolecular, homeopatia, acupuntura, medicina psicossomática e medicina de rejuvenescimento, "o estresse é o oposto do tédio e deve ser balanceado". Ele explica que as pessoas têm habilidades e dificuldades para desempenhar suas ações. Ambas devem ser balanceadas, tendo em vista que o excesso de dificuldade associado à pouca habilidade causa o estresse e pode ser prejudicial. "Se a pessoa tem excesso de habilidade e pouca dificuldade para desempenhar uma ação, ela terá o tédio, que é o oposto do estresse e também prejudica o corpo humano. O ideal é chegar ao eustress, nome dado ao estresse positivo", explica.

Defesas essenciais

Cascapera Junior cita quatro habilidades que devem ser melhoradas para lidar com o estresse. A habilidade física concentra-se na prática de atividades físicas, uma boa alimentação, um bom sono e o lazer. As outras habilidades são a mental, que é o modo de compreender os desafios, a habilidade emocional, cuja característica é manter o controle emocional diante da dificuldade dos desafios, e a habilidade espiritual ou intuitiva. "Primeiro, foi descoberto o quociente de inteligência (QI), depois o quociente emocional (QE). Agora, vários pesquisadores estudam uma nova inteligência, a habilidade espiritual. Quem nunca chegou em um lugar e sentiu-se mal sem saber a causa?", questiona. Essa inteligência é baseada na teoria dos campos morfogenéticos, cuja tese é de que o ser humano sofre contaminações vibratórias desses campos invisíveis.

Márcia explica que na neurologia, mesmo sendo um campo muito pouco desvendado, o estresse é dividido em dois níveis, o agudo e o crônico. Na forma aguda, os hormônios são liberados moderadamente, com pequenos reflexos no corpo. "Os hormônios são liberados em grande escala na forma crônica, e todos os órgãos que são sensíveis a eles sofrem modificações", ressalta Márcia.

Essa liberação de hormônios é uma reação natural do homem. Cada indivíduo apresenta um sintoma diferente quando está estressado. Isso porque cada metabolismo tem uma resposta diferente à ativação endócrina exercida pelos agentes estressores, que são físicos, psicológicos e infecciosos. O estressor infeccioso é causado por vírus, bactérias, fungos e parasitas. Nestes casos, o corpo reage liberando hormônios de defesa que afetam o funcionamento natural do organismo.

Rubéola aos 45 anos

O executivo Marco Antônio, que prefere não revelar o sobrenome e a empresa na qual trabalha, atua na construção civil e sentiu na pele sintomas do estresse. Ele sempre praticou atividades físicas e foi acompanhado por profissionais da medicina para manter seu equilíbrio hormonal. Mas, mesmo com toda a prevenção, foi pego de surpresa pelos sintomas do estresse. "Eu estava passando por uma fase muito corrida no trabalho, com várias datas e metas para cumprir. Durante esse período não senti nada de errado com minha saúde, mas foram seis meses muito intensos. Uma semana depois de cumprir todos os objetivos traçados, minha resistência baixou e peguei rubéola aos 45 anos", conta.

Márcia explica que os sintomas do estresse nas pessoas são físicos ou psicológicos. "Os sintomas físicos atingem os sistemas gástrico, imunológico, dermatológico, muscular, etc". Os psicológicos afetam diretamente o sistema neurológico e desencadeiam abalos e doenças emocionais. Conforme Thomé, alguns sintomas emocionais do estresse são a irritabilidade, a agressividade, o pânico "e, muitas vezes, as compulsões como o jogo e a bebida".

Segundo Cascapera Junior, outro efeito do estresse é a queda na produção de testosterona no homem. Essa mudança no organismo causa uma redução na força, na libido e pode levar à depressão. As mulheres correm risco de ter uma antecipação da menopausa. Em casos mais graves, o estresse pode funcionar como um ativador dos genes que causam o câncer. "Tendo em vista que todos possuem esse gene, é possível que a doença se desenvolva principalmente nos casos em que o paciente sofra influência de alguns agentes aceleradores, como o cigarro", alerta.

A idade também contribui para o estresse. "Pessoas mais jovens tendem a se preocupar mais com o trabalho, por terem menos experiência, portanto, desenvolve, o estresse com mais facilidade. Já os mais velhos sabem, normalmente, lidar com os problemas do dia-a-dia", explica Márcia.

Thomé diz que os clínicos gerais são os primeiros a detectarem o estresse nos pacientes, já que são os profissionais procurados quando aparecem os sintomas físicos.

Márcia orienta o executivo a conversar com um clínico com boa experiência. "Um neurologista também é aconselhado. Até mesmo um geriatra é o médico indicado para dar um auxílio. Mas, quando as pessoas começam a ter complicações psicológicas, o psiquiatra é o mais indicado", conclui.

Estresse no trabalho duplica o risco de ataque cardíaco

Os inimigos do coração agora contam com um novo aliado. Além do tabaco, do excesso de álcool e da falta de exercícios físicos, é preciso considerar igualmente o estresse no trabalho e as relações sociais negativas, que também prejudicam seriamente a saúde, especialmente as das pessoas que sofrem de problemas cardíacos. Pessoas que tenham sofrido um ataque cardíaco correm duplo risco de um novo acidente vascular (novo enfarte, angina etc.) caso sofram estresse crônico no trabalho.

Este é o resultado de uma pesquisa da Universidade de Laval, no Canadá, publicada pelo Journal of the American Medical Association sobre o primeiro estudo dos efeitos do estresse no trabalho em pacientes com problemas cardiovasculares, uma questão sobre a qual até o momento não existiam dados científicos.

Os pesquisadores acompanharam os casos de 972 homens e mulheres dos 35 aos 59 anos que, depois de um primeiro enfarto, voltaram a seus empregos. Entre eles, 201 registravam elevado grau de estresse crônico no trabalho, enquanto os demais não sofriam desse problema. Depois de quase seis anos de acompanhamento, 206 dos pacientes vieram a sofrer novos acidentes cardiovasculares - 124 tiveram ataques cardíacos, dos quais 13 morreram e 82 sofreram angina pectoris. Depois de analisar a porcentagem daqueles que sofriam de estresse crônico no trabalho e considerar outros fatores, como hábitos de vida pouco saudáveis e o histórico médico familiar, foi determinado que esse tipo de estresse multiplica por dois o risco de problemas cardíacos.

O efeito prolongado

Segundo os pesquisadores, os hormônios do estresse têm efeito prejudicial ao coração. Sua presença prolongada e em volume incomum faz com que as paredes das artérias se inflamem, o que acarreta risco mais elevado de trombose. Além disso, foi demonstrado que o estresse crônico torna o ritmo cardíaco mais intenso e aumenta a tensão arterial, o que faz com que o coração encontre mais dificuldades para bombear o sangue.

O estresse crônico no trabalho, assim, se situa em posição semelhante à do tabaco no que tange a influenciar acidentes cardíacos, já que os fumantes têm pelo menos duas vezes mais chance de sofrer um acidente cardíaco do que alguém que não fume, de acordo com dados da Federação Cardíaca Mundial.

Por isso, os autores do estudo canadense apelam para que "o estresse no trabalho seja levado em conta na hora de preparar campanhas de prevenção dirigidas a pacientes de doenças cardiovasculares"."


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