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Saúde Publica: Médicos criticam orientação do Inca para câncer de próstata


18/11/2008

A decisão do Inca (Instituto Nacional de Câncer) de desaconselhar os exames de toque retal e de dosagem de PSA para homens que não tenham sintomas de câncer de próstata foi criticada por urologistas. Em nota, a SBU (Sociedade Brasileira de Urologia) disse que esperar a ocorrência de sintomas para procurar cuidados médicos pode fazer com que o câncer de próstata esteja em estágio avançado, com impossibilidade de cura".

Segundo Ana Ramalho, gerente da Divisão de Gestão de Rede Oncológica do Inca, não há evidências científicas de que o rastreamento do câncer de próstata reduza a mortalidade causada pela doença, por isso o órgão está desaconselhando os homens a fazerem o exame.

No rastreamento, a população é convocada para fazer o exame e buscar detectar a doença em fase inicial. "Essa técnica é útil quando provamos que reduz a mortalidade. É útil no câncer de colo de útero, mas não se mostrou eficiente no câncer de próstata", diz.

De acordo com Ramalho, pesquisas mostram que há um excesso de diagnóstico de câncer de próstata, o que aumenta a chance de identificar tumores de lenta progressão, que não afetariam a saúde do paciente. "Esses pacientes seriam expostos aos riscos do tratamento de maneira desnecessária. Eles podem ficar impotentes ou com incontinência urinária, sem saber se vão reduzir o risco de morte", diz. "A idéia é desestimular mesmo".

Para o urologista Miguel Srougi, professor da USP (Universidade de São Paulo), O Inca cometeu um "equívoco". Ele diz que há dois grandes estudos avaliando o efeito do rastreamento, cujos resultados estão previstos para 2012.

"Se não se provou que os exames melhoram a sobrevida, tampouco se provou que têm um efeito ruim. O que há é um desconhecimento. Se provarem que o rastreamento aumenta a chance de cura, um sem-número de homens que não fizeram o exame terão um câncer sem saída".

Segundo ele, embora muitos países não adotem uma campanha de rastreamento, nenhum contra-indica o exame.

Qualidade de vida

Inca e SBU divergem quanto ao impacto do tratamento na qualidade de vida. Para o Inca (que usou como fonte um estudo populacional norte-americano), dos homens que tiram a próstata, até 70% têm disfunção erétil e até 25%, incontinência. Para a SBU, o risco é de 50% e 2%, respectivamente.

Segundo Ubirajara Ferreira, presidente da SBU - seção São Paulo, o risco varia conforme a idade do paciente e a técnica usada. "Estudos mostram que o índice de disfunção erétil varia de 20% a 70% --50% é a média. O Inca pegou o pior cenário".

Para o urologista Luciano Nesrallah, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o risco de incontinência grave é inferior a 5%. "Falar em 25% é um exagero. Não podemos negar ao homem o direito de querer se prevenir". Para ele, cabe ao médico avaliar com o paciente os riscos e benefícios do tratamento.

"O tratamento produz impotência e incontinência. Mas o que o Inca tem a dizer sobre a qualidade de vida nos casos de câncer que deixarão de ser descoberto?", questiona Srougi.

Um problema central da doença é que ainda não é possível distinguir com precisão os tumores de progressão lenta daqueles mais agressivos.

Alexandre Cripa, urologista do Instituto do Câncer Octavio Frias de Oliveira, cita um estudo no qual pacientes com bons prognósticos não foram tratados. Após quatro anos, 75% deles precisaram tratar o câncer. "Nossa imprecisão não nos dá o direito de não seguir o tratamento", diz.

Segundo o urologista Fernando Almeida, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), quanto mais jovem for o paciente, mais agressivo tende a ser o tumor. "Talvez seja preciso decidir em que idade os homens devem fazer o rastreamento, e não se eles devem ou não fazer. Os jovens provavelmente vão se beneficiar".

Ramalho, do Inca, diz que o órgão não está proibindo nenhum homem de fazer os exames. "Quem estiver disposto pode fazer, mas é bom que esteja ciente dos riscos".

Segundo ela, o Inca pretende rever a orientação caso os resultados dos estudos previstos para 2012 mostrem que o rastreamento é eficaz.

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