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A história da infância


07/10/2009

Saiba como viviam os pequenos moradores do Brasil quando ainda não existia o Dia das Crianças

Quem tem até 12 anos, não deixa a data passar em branco. Às vezes, muito antes de 12 de outubro - o Dia das Crianças -, já apresenta uma lista enorme para os pais, com pedidos de passeio e presente, além da solicitação de tratamento especial. Afinal, não é todo dia que é o nosso dia, não é mesmo? Você sabia, porém, que nem sempre existiu o Dia das Crianças e que, no passado, a infância não era feita só de brincadeiras e estudo?

Pois é. Antigamente, a infância - o período que vai do nascimento até os 12 anos de idade - era bem diferente. No Brasil colonial, por exemplo, logo que cresciam um pouco e conseguiam agüentar mais esforços físicos, algumas crianças eram escaladas para tarefas de adultos.

As crianças iam trabalhar, desenvolvendo pequenas atividades, ou aprendiam algum ofício, tornando-se aprendizes. Elas também podiam estudar em casa, com professores particulares, ou na rede pública, nas escolas régias, criadas na segunda metade do século 17", conta a historiadora Mary Del Priore, do programa de mestrado da Universidade Salgado de Oliveira, autora do livro A História das Crianças, que mostra como viviam as crianças do Brasil Colonial.

Infância no Brasil

Crianças nunca faltaram no Brasil. Quando os portugueses aqui chegaram, já havia as crianças índias. Depois, somou-se a elas as que vieram com suas famílias de Portugal e as que chegaram da África com seus pais escravos. Sem contar os meninos e meninas, filhos de escravos e portugueses, que, depois, nasceriam em solo brasileiro.

A rotina dessas crianças, porém, não era moleza. Mal fazia seis anos, as crianças índias e filhas de escravos já iam para a lavoura, trabalhar com seus pais. Não tinham direito de freqüentar as escolas nem podiam pagar pelo ensino.

Seus pais valorizavam muito o trabalho e, por isso, as brincadeiras aconteciam somente entre uma tarefa e outra. "A importância da infância foi reconhecida bem mais tarde. A maior parte das crianças, com seis ou sete anos, já estava trabalhando. Não apenas os filhos de escravos, mas as crianças pobres brancas também", conta Mary Del Priore.

As crianças filhas de pais portugueses, em geral, tinham boas condições financeiras. Assim, podia-se viver a infância por mais tempo, estudar e brincar. Mesmo assim, porém, eram incentivadas a trabalhar desde cedo e tinham muitas tarefas escolares para cumprir.

Pouco tempo para brincar

Mesmo tendo compromisso com o trabalho ou com os estudos, porém, as crianças que viveram do período colonial até o século 20 no Brasil procuravam arrumar um tempinho para brincar. As ricas podiam adquirir brinquedos nas lojas, que importavam bonecas, carrinhos e outros mimos da França.

As pobres, por sua vez, confeccionavam seus próprios brinquedos, que podiam ser feitos de pano, papel ou madeira. Além disso, as crianças que nasciam em famílias com menos recursos também aproveitavam festas populares, ligadas geralmente à Igreja Católica, como as comemorações juninas, as procissões e quermesses, para se divertir. "As crianças aproveitavam esse momento de interrupção do trabalho para viver a infância, mostrando que a vontade de ser criança, de brincar, era grande, mesmo tendo pouco tempo de lazer", conta Mary Del Priore.

Essa dura realidade, porém, começou a mudar na metade do século 20. Isso porque as famílias começaram a ser menor, por diferentes razões. Na época, cresceu, por exemplo, o número de mulheres que trabalhavam e, por isso, optavam por não ter uma família grande. Com poucos filhos, mais atenção podia ser dada aos pequenos, como lazer, educação e mais brinquedos.

Dia das crianças e do comércio

No século 20, o comércio cresceu no Brasil. Mais lojas surgiram e as de produtos para crianças estavam na lista das mais procuradas. O Dia das Crianças, aliás, está associado, para alguns pesquisadores, ao crescimento do poder de compra das famílias e das fábricas de brinquedos.

Mas por que justamente o dia 12 de outubro foi a data escolhida? Conta-se que, em meados do século 20, as lojas que vendiam esse tipo de artigo resolveram selecionar uma semana inteira para fazer promoções, que terminavam sempre no dia... 12 de outubro! Portanto, aí talvez esteja a explicação.

Infelizmente, porém, a alegria de poder aproveitar essa data não é uma realidade para todos. Ainda hoje muitas crianças não podem curtir a infância e suas famílias não têm condições de comprar brinquedos.

Mesmo com a proibição da lei, pesquisas recentes indicam que há cerca de um milhão de crianças trabalhando em nosso país. "O trabalho sempre esteve associado à infância no passado e daí a dificuldade de fazê-lo desaparecer nos dias de hoje", explica Mary Del Priore.

Conhecer, porém, a história do nosso país - e a das crianças brasileiras - pode nos ajudar a mudar esse quadro. Afinal, saber como viviam meninos e meninas no Brasil de tempos atrás pode nos mostrar como não queremos que vivam os brasileirinhos de hoje e de amanhã! "


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