Enilson Simões de Moura
Vice-presidente da União Geral dos Trabalhadores
08/04/2024
Os ataques à democracia no Brasil por parte do dono do “X” são, evidentemente, uma ação articulada da extrema-direita internacional e coloca nossas instituições em alerta.
Desde que fui convidado a participar do Conselhão, entendi que um de nossos objetivos fundamentais seria a reconstrução de nossa democracia severamente atacada nos anos bolsonaristas e que avançaram no pós-governo culminando com ataques às torres de transmissão de energia, bloqueio nas estradas, acampamentos golpistas, tentativa de explosão em aeroporto e tentativa de invasão da Polícia Federal em Brasília. A inércia nos levou ao 08/01. Faltou pouco para que caíssemos em uma ditadura. Nossa democracia balançou. O que se revelou até agora atesta isso.
Participo, no Conselhão, da coordenação do grupo que busca investigar as células neonazistas, as fake news e a disseminação de ódio pelas plataformas digitais o que nos levou a clamar por uma urgente regulamentação das mesmas.
O Congresso, lamentavelmente, empacou nas exigências das Bigtechs e, por ora, engavetou o projeto que as regulamenta. O governo, por sua vez, fez de conta de que não era com ele. Ficou tudo na responsabilidade do Ministro Alexandre de Moraes, o Xandão das redes sociais.
Como de costume nas estratégias da extrema-direita, o que atacam é ele, o ministro alvo do ódio como se a sua eliminação fosse transformar o Brasil um território aberto ao fascismo. Ora, isso é zombar de nossas instituições, é nos transformar em uma republiqueta de bananas, termo que foi criado pelo comediante americano O. Henry para se referir a Honduras cuja república, na verdade, era sinônimo de ditadura que fornecia bananas aos EUA. Mas também é um momento de não deixar toda a responsabilidade nas mãos do ministro. É preciso que todos se unam para, mais uma vez, defender a democracia.
É preciso desengavetar o projeto de regulamentação das plataformas digitais e das Bigtechs. É preciso que o governo se posicione firmemente e faça valer sua influência no Congresso. É preciso que a mídia democrática repila esse ataque e as instituições e que a sociedade civil faça valer sua influência, se é que ainda a possui. Calar-se, neste momento, será fazer o papel de Pilatos. É preciso reagir.
Evidentemente a articulação da extrema-direita mira a tomada do poder no Brasil. Este é um ano de eleições. Querem campo livre para propagar suas mentiras e, dessa forma, elegerem a maior quantidade de prefeitos possíveis. Daí em diante vão se preparar para tomarem o Senado e até a presidência. Com maioria no Senado, poderão afastar ministros e transformar a vida de um presidente que não seja extremista em um fantoche.
A hora é de ação e de mostrar que Alexandre de Moraes é um dos representantes das instituições e não a própria instituição. As instituições somos todos nós. O golpe ainda pulsa. Precisamos também mostrar que pulsamos.
UGT - União Geral dos Trabalhadores