16/03/2015
Fundos de risco de Wall Street aumentaram as apostas na Petrobrás, em meio aos preços baixos das ações da empresa brasileira, que já caíram mais de 70% desde setembro do ano passado. Apesar das dúvidas sobre os impactos da Operação Lava Jato e da falta de um balanço auditado da petroleira, alguns fundos elevaram em mais de 1.000% o volume de ações da companhia em suas carteiras no último trimestre, de acordo com dados enviados pelos gestores para a Securities and Exchange Commission (SEC, que regula o mercado de capitais dos EUA).
Dos 20 fundos de hedge que mais investem em Petrobrás, 11 aumentaram posições no último trimestre de 2014, dois reduziram o volume de ações da empresa e o restante manteve as apostas, segundo o site especializado em monitorar estas aplicações InsiderMonkey, que faz os cálculos com base nos dados da SEC. A gestora Renaissance Technologies, que administra US$ 22 bilhões em ativos, aumentou em 1.614% a exposição de um de seus fundos na Petrobrás, de 575 mil ações para 9,8 milhões. Em outra carteira, o volume comprado cresceu 715%, para 6,6 milhões de papéis.
Na Millennium Management, com US$ 27 bilhões em ativos, as compras de ações da Petrobrás cresceram 1.519%, para 4 milhões de papéis. Na Discovery Capital Management, que administra US$ 15 bilhões, o aumento foi de 509%. Pelas regras dos Estados Unidos, os fundos precisam informar à SEC a cada trimestre como estão suas carteiras no fechamento do período, com a quantidade de ações e as empresas em que investem. Os dados são enviados com uma defasagem, por isso só agora estão saindo os números do quarto trimestre de 2014.
O Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, procurou as gestoras de recursos em Wall Street que investem em Petrobrás, mas a justificativa oficial é que elas não comentam estratégias de investimento. O gestor de uma delas destacou, com a condição de que seu nome e da empresa não fossem divulgados, que apesar das muitas dúvidas e incertezas sobre a Petrobrás, os preços dos American Depositary Receipts (ADRs), recibos que representam ações da Petrobrás e são negociados na Bolsa de Nova York (NYSE), caíram para o menor nível desde 2002. Por isso passaram a ser uma “pechincha”, segundo ele. O ADR, que já foi negociado a mais de US$ 100 na época da descoberta das reservas do pré-sal, operava nesta sexta-feira ao redor de US$ 5.
Para o analista de petróleo do banco BBVA em Nova York, Jose Bernal, enquanto o balanço auditado não for divulgado e as perdas contábeis com o esquema de corrupção não ficarem claras, a situação vai seguir complicada para a Petrobrás. Possibilidade de novos rebaixamentos de rating, ameaça de pedidos de antecipação de pagamentos por credores e risco de default vão ficar no cenário. Com isso, os papéis da empresa devem seguir pressionados.
Soros.
Entre os fundos que venderam Petrobrás no último trimestre, está o do megainvestidor George Soros, que reduziu em 54% suas apostas em papéis da empresa. A redução ocorre depois que ele foi na contramão de Wall Street no terceiro trimestre de 2014 e aumentou as compras de papéis da empresa brasileira.
Fonte: Estadão
UGT - União Geral dos Trabalhadores