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Produção da indústria sobe 2% no mês, mas não se recupera de queda anterior


04/03/2015

Após uma forte queda em dezembro, a produção da indústria esboçou uma reação e cresceu 2% em janeiro na comparação com o último mês do ano passado, na taxa livre de influências sazonais (típicas de cada período). Em dezembro, a retração havia sido de 3,2% –o dado foi revisado para baixo, pois apontava originalmente uma queda de 2,8%. Os números foram divulgados pelo IBGE na manhã desta quarta-feira (4).

 

Na comparação com os mesmos períodos do ano anterior, porém, a indústria se mantém operando com taxas negativas e não mostra recuperação, na mesma tendência de retração da produção de todo o ano de 2014. Em relação a janeiro do ano passado, a produção industrial caiu 5,2%, após uma retração de 2,9% nesse indicador em dezembro.

 

No período de 12 meses encerrados em janeiro, o setor também acumula uma perda, de 3,5% –resultado mais negativo do que o centro das projeções da agência Bloomberg (2,7%) e o pior índice desde janeiro de 2010.

 

MOTIVOS

 

Dentre os motivos para o fraco resultado do ano passado, estão o acúmulo de estoques em importantes setores, como veículos, e consumidores e empresários mais pessimistas com o cenário econômico –o que posterga decisões de compras e investimentos.

 

Com esse quadro, algumas empresas já adotaram medidas como demissões, corte de turnos, suspensão de contratos de trabalho ou férias coletivas para lidar com a conjuntura desfavorável.

 

SETORES

 

De dezembro para janeiro, a reação da indústria foi puxada pelo maior ritmo de atividade de importantes setores, como o de alimentos (3,9%), máquinas e equipamentos (7,6%), metalurgia (5,4%) e máquinas e aparelhos elétricos (9%).

 

Todos apresentaram quedas de destaque em dezembro. A indústria extrativa, com alta de 2,1%, também ajudou a impulsionar o setor industrial graças à maior produção de petróleo bruto. O ramo ampliou o crescimento frente a dezembro (alta de 0,9%).

 

Já as quedas mais expressivas de dezembro para janeiro ficaram com perfumaria e produtos de limpeza (-4,8%), derivados de petróleo e biocombustíveis (-5,8%) e vestuário e calçados (-5,8%).

 

HISTÓRICO

 

O resultado de janeiro na comparação com dezembro foi o maior desde junho de 2013, mas não compensa a perda do mês anterior. A expansão já era esperada por analistas, que o enxergam como uma recomposição parcial sobre uma base muito fraca.

 

O centro da expectativas (ilustrado pela mediana da projeções, ponto central entre os 50% maiores e 50% menores índices) da agência Bloomberg apontava para uma alta de 2% de janeiro para dezembro. O resultado, portanto, ficou em linha com as expectativas.

 

"É um uma melhora de ritmo de dezembro para janeiro, mas que não inverte a tendência de resultados negativos da indústria em meses anteriores e acontece sobre uma base muito fraca. A indústria também continua a operar numa velocidade bem menor do que no início de 2014. Os dados não mudam a trajetória de perda da indústria", disse André Macedo, gerente da pesquisa de indústria do IBGE.

 

No ano passado, o emprego na indústria também fechou com queda, de 3,2%, o pior resultado desde 2009.

 

PERSPECTIVAS

 

Para analistas, a indústria viverá, em 2015, mais um ano de queda da produção. Em 2014, a perda foi de 3,3% (o dado, revisado, era originalmente de 3,2%). Foi a maior retração desde 2009.

 

O mesmo cenário desfavorável, dizem analistas, deve se repetir neste ano, com os agravantes da possível freada mais forte da economia global e a crise da Petrobras, que paralisou investimentos e afeta toda a cadeia de óleo e gás e de parte da de construção civil –que demanda insumos e máquinas da indústria.

 

O mercado de deve piorar –em janeiro, a taxa de desemprego subiu acima das expectativas e superou a marca do mesmo mês do ano passado– e o crédito tende a se tornar mais caro, fatores que devem restringir mais o consumo. 

 

Fonte:Folha de S.Paulo


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