02/03/2015
Em discurso de abertura da atividade legislativa neste domingo (1º), a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, defendeu a conduta de seu governo no caso Amia, o atentado à Associação Mutual Israelita Argentina, que matou 85 pessoas em 1994.
"Falo desde 1994 e seguirei falando na ONU (Organização das Nações Unidas) e pedindo justiça", disse.
Cristina mencionou o caso quase no fim das suas três horas e 40 minutos de discurso, como resposta aos cartazes exibidos por alguns parlamentares, que pediam um posicionamento sobre o episódio. A presidente exaltou-se com a manifestação.
Ao defender sua gestão, Cristina foi ovacionada pela maior parte dos congressistas e pela multidão de apoiadores que acompanhavam o discurso do lado de fora do Congresso. Os parlamentares gritaram e cantaram acenando com as mãos.
O discurso, chamado "Estado da Nação", é o oitavo e último de Cristina, cujo mandato termina em dezembro. Em outubro, há eleições.
O evento foi transformado em um ato político. Em sua fala, Cristina comemorou avanços na economia e atacou o Judiciário e a mídia.
Ela afirmou lamentar a morte do promotor argentino Alberto Nisman "como a de qualquer ser humano".
Nisman foi encontrado morto antes de apresentar a denúncia contra a presidente. Nela, acusava Cristina de acobertar iranianos suspeitos de causar o atentado à Amia. A denúncia acabou sendo rejeitada pela Justiça.
Ao Congresso, Cristina disse que, por carecer de provas, a denúncia era "um escândalo para todos os argentinos". E que a morosidade no julgamento era culpa da Justiça.
Na área econômica, afirmou que, em sua gestão, a Argentina reduziu a dívida como nenhum outro país e que a imprensa previu um final de ano "de saques e sem luz", o que acabou não ocorrendo.
Ela afirmou que enviará um projeto de lei para estatizar a empresa de trens do país e defendeu o estreitamento dos laços com a China. O país asiático vem tomando espaço do Brasil no mercado argentino nos últimos anos.
"Não se pode ser tão estúpido, tão colonizado, tão subordinado intelectualmente, tão pequeno de neurônios. Por favor, como não virão os chineses? Qual é o medo?"
Cristina terminou seu discurso com uma provocação ao jornal "Clarín", que publicara artigo dizendo que a presidente não deixava um país "cômodo" para o próximo dirigente. Ela afirmou que concordava, pois, na verdade, deixava uma país cômodo para as pessoas. O discurso terminou com aplausos e chuva de papel picado.
Fonte:Folha de S.Paulo
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