13/02/2015
A ocorrência de explosões e incêndios como os verificados no acidente do navio-plataforma Cidade de São Mateus, no Espírito Santo, nesta quarta (11), vem crescendo exponencialmente. Segundo relatórios da ANP, de apenas 2, em 2008, o número cresceu 32,5 vezes, para 65 em 2013, dado mais recente.
O total de incidentes comunicados à agência aumentou 526% no período, de 150 para 939. A quantidade de acidentes se expandiu em ritmo muito maior que a exploração. Nesse mesmo intervalo de tempo, o número de poços perfurados em terra registrou queda de 39%, e no mar, se expandiu em 37%.
O número de poços em produção tanto em terra quanto em mar cresceu 6,5%.
A Petrobras responde por 90% da produção no país.
NAVIOS INCOMPLETOS
Para Norton de Almeida, diretor de Segurança do Sindicato dos Petroleiros no norte fluminense, o aumento nos incidentes é resultado "do elevado nível de degradação das plataformas no mar, sem correspondente manutenção" e também do fato de que há navios que partem para as áreas de produção sem sua construção concluída.
A Petrobras será o o alvo da investigação do acidente desta quarta, para a ANP, porque é a concessionária dos dois campos –um deles em sociedade de 35% da Ouro Preto Energia (leia texto abaixo).
Punições e multas, caso haja ao fim do processo, serão aplicadas só à estatal.
A Petrobras não comentou a investigação da ANP.
A justificativa da Petrobras para ter dado até agora poucas explicações sobre o caso é que o navio pertence à norueguesa BW, de quem contrata o serviço.
Nesses casos, de toda a equipe embarcada, apenas um ou dois são funcionários da Petrobras. A plataforma tinha 74 pessoas a bordo na hora do acidente.
A Petrobras reconhece o risco de ter de arcar com indenizações por acidentes em seus relatórios financeiros.
Em um deles, o 20F, relata possuir dois seguros para "responsabilidade operacional de terceiros", no valor total de indenização de US$ 750 milhões, em caso de acidente no mar. Cobrem danos causados pela empresa ou por terceirizados "em caso de dano material, lesão pessoal ou morte". A empresa diz no documento, porém, ter direito de buscar, posteriormente, ressarcimento do fornecedor.
Relatório do Ministério Público do Trabalho revelado pela Folha no ano passado listava irregularidades em seis plataformas vistoriadas.
Descontrole sobre emissões de gases, rotas de fugas mal delineadas, despejo de dejetos sem tratamento no mar, botes salva-vidas incapazes de salvar, ferrugem acentuada, controle de manutenção deficiente e jornadas excessivas de profissionais de saúde foram os problemas que chamaram a atenção do MPT na ocasião.
Fonte:UOL
UGT - União Geral dos Trabalhadores