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Euforia com troca de comando não sustenta preço de ações em um ano


09/02/2015

A troca de presidente de uma empresa não é sinônimo de alta das ações. Levantamento feito pela Folha mostra que no primeiro mês após a mudança no comando as ações tendem a subir. Mas nos meses seguintes, os papéis ficam menos atraentes e ocorre queda de valor. Em 12 meses, a maioria das companhias fecha no negativo.

 

No levantamento, 58,5% das companhias do atual Ibovespa (principal índice da Bolsa) tiveram desempenho acima da média do mercado no primeiro mês da nova gestão. Esse quadro, porém, se inverte quando a avaliação considera o primeiro ano do novo presidente. Neste período, a maioria decepciona: 57,2% ficam com resultados abaixo da média.

 

O estudo exclui as empresas que não tinham ações na Bolsa à época da mudança do presidente e que passaram por fusão e aquisição.

 

A Petrobras, que anunciou na sexta (6) seu novo presidente, foi uma das empresas que terminaram o ano em baixa, logo após Graça Foster assumir a companhia, em fevereiro de 2012.

 

Um ano após a posse, os papéis da companhia amargavam queda de 24,3%, e o Ibovespa havia recuado 8,7%.

 

"Quando ocorre a substituição, cria-se uma expectativa e a confiança no novo gestor movimenta as ações num primeiro momento, mas nos meses seguintes voltam as cobranças para adoção de medidas", afirma Adriano Gomes, professor de administração da ESPM e sócio da Méthode Consultoria.

 

No caso da Petrobras, a escolha de Aldemir Bendine para a presidência desagradou ao mercado e as ações caíram antes mesmo do anúncio oficial do seu nome. Os papéis preferenciais (sem voto e os mais negociados) fecharam a sexta em queda de 6,94%.

 

Um dia antes, quando outros nomes eram cogitados, os papéis subiram 15,5%, a maior alta desde 1998.

 

Para um analista que prefere não ser identificado, o caso da Petrobras é diferente de outras substituições, em que o mercado costuma dar o benefício da dúvida.

 

No caso da estatal, na opinião desse analista, a escolha mostra que será mantida a "combinação trágica" da gestão da companhia com questões políticas.

 

"Um dos elementos importantes, que era o apoio do mercado para a recuperação da confiança em curto prazo, agora fica ainda mais complicado", afirma Leni Hidalgo, professora de gestão da pós-graduação do Insper.

 

AMARGANDO PERDAS

 

Entre as empresas que viram suas ações amargarem quedas no primeiro ano de gestão, depois do resultado positivo do primeiro mês, está a Braskem.

 

Um mês após assumir o comando da companhia, em dezembro de 2010, Carlos José Fadigas de Souza Filho viu as ações da Braskem subirem 8,59%, enquanto que no Ibovespa a alta era de 0,73%.

 

Um ano depois, os papéis da companhia recuaram 22,4%, e o Ibovespa, 15,66%.

 

Há casos de empresas que nem experimentaram a sensação de alta do primeiro mês, como é o caso da Oi.

 

Nos primeiros 30 dias no comando da equipe, Bayard Gontijo viu as ações despencarem 24,53%, ante Ibovespa com queda de 6,82%.

 

Doze meses depois, os papéis da Oi acumulavam redução de 64,78%, bem acima da queda de 14,57% do índice.

 

Mas há também empresas que registram resultados positivos tanto no primeiro mês quanto um ano após a entrada do novo gestor.

 

O banco Itaú está entre eles, com alta de 201,81% no primeiro ano de mandato de Roberto Setubal –o Ibovespa subiu 120% no período.

 

"O mercado financeiro tem uma série de regras e procedimentos, mas o elemento subjetivo que é a confiança é determinante para o desempenho da companhia", disse.

 

Fonte:Folha de S.Paulo


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