06/02/2015
Passado o Natal e chegada a temporada de pagamento de impostos, matrículas e material escolar, os brasileiros começaram o ano sem sobra de recursos para aplicar na poupança. Ao contrário, tiveram necessidades financeiras e decidiram retirar dinheiro da aplicação no primeiro mês de 2015. Dados divulgados pelo Banco Central revelam que o resgate líquido da caderneta ficou em R$ 5,529 bilhões em janeiro.
É a primeira vez em nove meses que o volume de retiradas (R$ 152,996 bilhões) fica maior do que o de depósitos (R$ 147,467 bilhões) - em abril do ano passado, o resultado havia ficado negativo em R$ 1,273 bilhão. Com isso, o resultado da poupança em janeiro é o pior para o mês da série histórica do BC, iniciada em 1995 - portanto, há 20 anos. Até então, o maior resgate líquido da poupança neste mês havia sido em 2006, quando o saldo ficou negativo em R$ 1,881 bilhão.
É preciso registrar que nesses últimos 20 anos, em 11 deles o resultado de janeiro foi negativo. Na observação de todos os meses, o saldo divulgado pelo BC chegou a ultrapassar a marca negativa de R$ 3,754 bilhões vista em março de 2006, a pior desde que o BC começou a compilar os dados atuais.
O desempenho da caderneta no mês passado só não foi pior porque no último dia de janeiro entraram aplicações no valor de R$ 3,067 bilhões. Até o dia 29, o saldo estava negativo em R$ 8,594 bilhões. O movimento de concentração no fechamento dos meses é comum por conta de sobras - muitas vezes automáticas - dos salários dos poupadores. O saldo total da poupança no mês passado ficou em R$ 660,777 bilhões, já incluindo os rendimentos do período, no valor de R$ 3,578 bilhões.
A "captação negativa" no início de janeiro ocorre logo depois de um resultado que pode ser considerado forte em dezembro de 2014, de depósitos R$ 5,428 bilhões maiores do que as retiradas. A poupança costuma inflar nos últimos meses do ano por causa do pagamento do 13º salário. Mesmo positivo, o resultado de dezembro, no entanto, havia sido o pior para o mês desde 2011, quando somou R$ 3,590 bilhões.
A forma de remuneração da aplicação mudou em maio de 2012. Pela nova regra, sempre que a taxa básica de juros, a Selic, for igual ou menor que 8,5% ao ano, o rendimento passa a ser 70% da Selic mais a Taxa Referencial (TR). Atualmente, a taxa básica está em 12,25% ao ano. Quando o juro sobe a partir de 8,75% ao ano passa a valer a regra antiga de remuneração fixa de 0,5% ao mês mais a TR.
Fonte:Estadão
UGT - União Geral dos Trabalhadores