19/01/2015
A Petrobras responsabilizou neste domingo (18) seu ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa pela explosão de custos na refinaria de Abreu e Lima.
Costa é um dos principais delatores do esquema de corrupção na estatal, investigado pela Operação Lava Jato.
Em nota, a Petrobras diz que Costa propôs, em 2007, um plano de antecipação das obras da refinaria "que levou a um grande número de aditivos contratuais".
Ele já admitiu que cobrava propina das empreiteiras, ficando com parte e repassando o restante a políticos.
A projeção de investimentos na refinaria saiu de US$ 2,4 bilhões, em 2005, para os atuais US$ 18,5 bilhões. O aumento de gastos resultará numa perda de US$ 3,2 bilhões, conforme revelou a Folha com base em relatório da auditoria interna da estatal.
Esses estudos mostram que os gastos subiram tanto que as receitas projetadas para a refinaria durante sua vida útil, a valores atuais, não pagarão o investimento.
Na nota, a Petrobras não nega o valor do prejuízo, nem que seus administradores tinham conhecimento. A diretoria executiva aprovou o início das obras de Abreu e Lima em novembro de 2009. O conselho de administração deu aval para sua continuidade em junho de 2012.
Segundo a estatal, "testes realizados até 2013 não indicaram a necessidade de reconhecimento de perdas de investimentos realizados na refinaria de Abreu e Lima".
A própria nota diz, porém, que "esses testes avaliam todas as operações de refinarias, oleodutos e terminais da Petrobras, incluindo novos investimentos", que teriam retorno positivo no conjunto. Não cita se foi feito um teste apenas para Abreu e Lima.
Conforme a estatal, a diretoria autorizou as obras em 2009 com base em um estudo que apontava retorno positivo, "considerando análises complementares, como desoneração tributária e perda de mercado evitada".
A reportagem mostrou que pareceres internos já apontavam que tais cenários eram de "difícil realização". As mudanças transformaram um prejuízo de US$ 2 bilhões para a refinaria na época em ganho de US$ 76 milhões.
Segundo a Petrobras, o projeto foi apresentado ao conselho ainda em 2009, "que orientou a diretoria a envidar esforços para elevar a rentabilidade". Mas os gastos aumentaram mais ainda. E a perda projetada atingiu US$ 3,2 bilhões em junho de 2012, quando o conselho aprovou a continuidade da obra.
A estatal diz que "é competência da diretoria aprovar os projetos", enquanto o conselho dá aval a "toda a carteira de investimentos". Mas ressalta que "os conselheiros recebem relatórios mensais de acompanhamento dos principais projetos".
Procurado, o advogado de Costa não foi encontrado neste domingo.
Fonte:Folha de S.Paulo
UGT - União Geral dos Trabalhadores