15/01/2015
O governo da Indonésia informou nesta quarta (14) que executará o brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, 53, na noite de sábado (17) -meio da tarde na hora de Brasília.
A informação foi dada à Folha por Tony Spontana, porta-voz da Procuradoria-Geral, órgão responsável pelas execuções naquele país.
Marco e o Itamaraty já foram informados a respeito. O brasileiro foi condenado em 2004, após tentar, um ano antes, entrar no país com 13,4 kg de cocaína escondidos em tubos de uma asa-delta.
Se levada a cabo, será a primeira vez que um brasileiro será executado no exterior. A morte se dá por fuzilamento.
O outro brasileiro no corredor da morte no país, Rodrigo Muxfeldt Gularte, 42, também condenado por tráfico, teve rejeitado na sexta o pedido de clemência feito ao presidente Joko Widodo.
Isso significa que não há mais impedimentos legais para executá-lo. Segundo Spontana, a execução deve acontecer em fevereiro.
PREPARAÇÃO
Nesta quarta, Marco foi levado da prisão de Pasir Putih (a 400 km da capital, Jacarta) para outra unidade, como parte do procedimento preparatório para execução.
Ele ficará isolado até o fuzilamento, segundo Utomo Karim, advogado pago pelo Brasil para defendê-lo. Karim e um diplomata brasileiro presenciaram a transferência.
O brasileiro ficou "chocado" ao saber da iminente execução, diz Karim. "Ele ficou muito assustado ao ser levado da cela e pensou que seria executado imediatamente."
Uma tia de Marco viajou nesta quarta para a Indonésia, antecipando a viagem que já faria para visitá-lo. No Brasil, amigos se mobilizaram em redes sociais para tentar evitar o fuzilamento.
Os pais de Marco morreram e ele, solteiro, não tem filhos.
DILMA
Segundo o advogado Karim, a essa altura apenas a intervenção da presidente Dilma Rousseff diretamente para Widodo poderia adiar a execução do brasileiro. A Folha apurou que Widodo não respondeu, ainda, aos pedidos de contato feitos pelo Brasil.
Widodo assumiu a presidência em outubro e impôs linha dura no tratamento a traficantes --prometeu executá-los, linha diferente da adotada pelo antecessor, Susilo Bambang Yudhoyono.
O argumento é que o tráfico prejudica as futuras gerações do país. Ele tem apoio da população, amplamente favorável à pena de morte.
A Imparsial, entidade local de defesa dos direitos humanos, sustenta que a pena capital não inibe o tráfico.
A Indonésia tem 64 presos no corredor da morte. Desde 2001, 27 foram executados, só sete por tráfico. O último fuzilamento ocorreu em 2013.
Fonte:Folha de S.Paulo
UGT - União Geral dos Trabalhadores