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Inflação deve acelerar mais e fechar acima de 1% em janeiro


13/01/2015

O ano novo mal começou e a sensação dos brasileiros é que os preços seguem em aceleração. E estão. Consultorias especializadas já projetam que janeiro terá uma inflação superior a 1%, bem acima dos 0,55% registrados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IPCA/IBGE) de janeiro do ano passado. Além dos reajustes da energia elétrica — que conta com o adicional da bandeira vermelha — e das tarifas de transporte urbano, pesam no bolso do consumidor os alimentos, em especial as carnes e os hortifrutigranjeiros, mais suscetíveis no verão, e as mensalidades escolares. Para especialistas, o reajuste de 8,8% do salário mínimo também vai pressionar ainda mais a inflação dos serviços, que fechou 2014 com alta de 8,34%. 

 

Para a RC Consultores, a inflação de janeiro pode chegar a 1,26%. E continuará alta no primeiro semestre de 2015, ultrapassando nos 12 meses o teto da meta, de 6,5%. Mas os analistas esperam um arrefecimento no fim do ano, levando à inflação a fechar em 6,5%. “A maior contribuição será efetivamente dos reajustes dos transportes urbanos, com altas consideráveis nas principais capitais do país, que têm forte peso no IPCA, como São Paulo, com 16,6%, e Rio de Janeiro, 13,3%”, avalia Thiago Custódio Biscuola. 

 

Análise da RC Consultores mostra que as carnes continuam sendo o principal item de pressão de alta no grupo alimentação. Até a última semana, as carnes bovinas, aves e suínas subiram 2,26% no atacado. No acumulado de 2014, a carne bovina acumulou expansão de 22,21% no IPCA. O preço do café também avançou no mercado internacional, passando a ser cotado em 11%, com impacto direto no consumo interno. 

 

No geral, no entanto, os preços agrícolas no atacado registraram uma queda de 0,5% na última semana, segundo a RC Consultores. A desaceleração nos preços das commodities no mercado internacional, em especial da soja e do milho, também têm ajudado a manter a inflação em baixa. 

 

Até o momento, os hortifrútis também estão com preço baixo. Na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), a demanda retraída em função das férias escolares retardou a os aumentos de preços de legumes e verduras. Já as frutas, após a alta de fim de ano, registram quedas consideráveis, que chegam a 50%, no caso do limão. 

 

“Verduras e legumes geralmente sobem, pois a combinação de chuva e alta temperatura é bastante prejudicial. Mas essa elevação de preços está adiada, imagina-se por causa das férias escolares. Até o final de janeiro não há expectativa de altas de preços”, afirma Flávio Luiz Godas, economista da Ceagesp. “Mas a tendência é que os preços subam a partir de fevereiro”, completa. 

 

Economista do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre), André Braz também aposta em expansão da inflação dos alimentos neste ano, mas ele avalia que a alta deve ser menor. “Os aumentos da carne no ano passado ocorreram por força da seca e da ampliação das exportações. Essas pressões não devem se repetir em 2015 e o preço da carne pode parar de subir”, diz o pesquisador, que, no entanto, lembra que a inflação não deve apresentar queda logo neste primeiro trimestre. 

 

Para Braz, os preços livres, especialmente os serviços, também contribuirão para o avanço da inflação neste início de ano. Entre eles, aparecem as mensalidades escolares. Segundo o economista, no Índice de Preços ao Consumidor da FGV as mensalidades já são captadas em janeiro e influenciam a taxa do Índice Geral de Preços – Semanal. O reajuste médio pode chegar a 10%. 

 

Soma-se a essa pressão o aumento de 8,8% do salário mínimo — de R$ 724 para R$ 788 —, que tem indexado boa parte dos serviços. É o que chama a atenção o economista da Fecomércio RJ, Christian Travassos. Ele lembra ainda que o reajuste do mínimo muda também os pisos regionais, que colaboram com essa influência sobre a inflação. 

 

Thiago Biscuola avalia que a desaceleração do mercado de trabalho pode contribuir para um arrefecimento do IPCA do setor, que desde 2010 registra variação próxima aos 8%: “A inflação dos serviços deve ser menor, mas vai continuar pressionando o IPCA. Quem não teve ganho real, acaba segurando o orçamento”.

 

Fonte: Brasil Econômico


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