08/01/2015
A União Geral dos Trabalhadores (UGT), entidade sindical que representa mais de 8 milhões de trabalhadores e trabalhadoras em todo o Brasil expressa seu total e incondicional apoio a paralisação promovida contra a demissão dos companheiros que trabalham nas fábricas da Mercedes-Bens e da Volkswagen, no ABC Paulista.
A ação das empresas é uma afronta não só a classe trabalhadora, mas também a economia nacional, uma vez que as montadoras, todas elas, independente das marcas ou países de origem, receberam benefício do Governo Federal como a desoneração do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI), que durou quase três anos, além de financiamentos e facilidades para expansão de fábricas com o dinheiro do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), o que somente entre 2007 e 2011 totalizou R$ 06 bilhões.
Em contrapartida as montadoras não estão se comprometendo em preservar os empregos existentes ou abrir novas vagas, pelo contrário, as fábricas querem que o governo continue a dar os incentivos fiscais e sem cobrar a manutenção dos postos de trabalho, assim os trabalhadores podem ser demitidos, enquanto as empresas permanecerão lucrando bilhões.
Na Volkswagen, 2015 começou com a demissão de 800 funcionários. A empresa alega que o cenário de retração da indústria automobilística no país nos últimos dois anos e o aumento da concorrência impactaram os resultados. Segundo a montadora, de janeiro a dezembro de 2014, a indústria automotiva brasileira teve queda aproximada de 7% nas vendas e de mais de 40% nas exportações, em relação a 2013, resultando numa retração de 15% na produção, o que não justifica que os trabalhadores e trabalhadoras paguem por essa conta.
Em 2012, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e a Volkswagen firmaram acordo coletivo, com validade até 2016, prevendo questões como estabilidade e politica de reajustes. No ano passado, porém, a empresa quis rever o acordo, mas a proposta foi rejeitada em assembleia pelos metalúrgicos.
A Mercedes, no entanto aproveitou o apagar das luzes de 2014 e demitiu 244 companheiros alegando “baixa performance” dos trabalhadores. A empresa também havia se comprometido em não demitir, principalmente, os trabalhadores que estivessem em lay-off, suspensão temporária do contrato de trabalho que pode ser de dois a cinco meses, mas pelo jeito a montadora não cumpriu com o que havia prometido e, desde esta quarta-feira (07), 90% dos seus 11 mil funcionários da fábrica aderiram a uma paralisação de 24 horas.
Para a UGT, esta é a hora de mostrar a união que existe entre os trabalhadores brasileiros, seus sindicatos e suas centrais sindicais. É inadmissível que toda a nação continue pagando para que os diretores dessas montadoras lucrem milhões e a classe trabalhadora viva assombrada pelo fantasma da demissão.
O grave processo de desindustrialização que vem ocorrendo no Brasil precisa e deve, definitivamente, ser enfrentado com a formulação de políticas mais eficazes para que o País aumente sua competitividade frente ao mercado internacional.
Para o Brasil voltar a crescer e se livrar de todo e qualquer resquício de crise econômica global, é preciso fortalecer sua indústria e seu comércio, diminuir impostos, desburocratizar, valorizar a classe trabalhadora, melhorar a distribuição de renda e, consequentemente, aumentar o poder de compra da população.
Ricardo Patah
Presidente Nacional da União Geral dos Trabalhadores (UGT)
UGT - União Geral dos Trabalhadores