06/01/2015
A indústria da RMC (Região Metropolitana de Campinas) fechou o mês de novembro com saldo negativo em 2.451 postos de trabalho, de acordo com levantamento feito pelo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), órgão ligado ao MTE (Ministério do Trabalho e Emprego). O setor fechou, em média, sete empregos por dia no ano passado. O sindicato patronal alerta que o empresariado terá de usar a criatividade para evitar mais prejuízo em 2015. A previsão é de um ano de "sacrifício".
Conforme os dados públicos, a indústria regional contratou 88.543 trabalhadores de janeiro a novembro de 2014, enquanto desligou outros 90.994, fechando no vermelho. Já em 2013, o cenário era de mais fôlego. Em igual período do ano retrasado, o setor registrou saldo positivo de 3.084 empregos ao admitir 94.056 e demitir 90.972 funcionários. Na época, as empresas criaram, em média, nove postos de trabalho a cada 24 horas.
Segundo o diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de Santa Bárbara d' Oeste, Milton Badan, esse ano exigirá criatividade. "Os empresários vão precisar reduzir custos, estruturar as empresas, investir em pesquisa e desenvolvimento e cada um terá que encontrar a melhor fórmula para enfrentar o ano", declarou. "No começo de 2014 houve inadimplência de 60% do consumidor ativo, depois vieram aumento de impostos, como o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e as margens (de investimento) caíram muito", explicou.
Badan afirmou que a Copa do Mundo no Brasil foi insuficiente para o fortalecimento da indústria. "Muitos empresários demitiram no segundo semestre, não resistiram, a inflação subiu e o dólar ultrapassou o patamar favorável à exportação. Em 2010, a indústria representava 27% do PIB (Produto Interno Bruto, o total de riquezas geradas), hoje, está em torno de 13%".
Presidente da Acia (Associação Comercial e Industrial de Americana), Dimas Zulian prevê ano de sacrifício para o segmento. "Essa queda é resultado da política econômica do governo federal, que favorece as importações e deixa a indústria em desigualdade com países de fora. Outro fator é a elevada carga tributária. O processo é de uma evidente desindustrialização, que elimina empregos."
O presidente do Sinditec (Sindicato das Indústrias de Tecelagens de Americana, Santa Bárbara d'Oeste, Nova Odessa e Sumaré), Dilézio Ciamarro, disse que o setor aguarda que em 2015 o governo dê "atenção maior para as empresas que geram empregos, riquezas e impostos". "Se não houver essa conscientização por parte dos governantes, infelizmente sozinhas as indústrias não conseguem reverter esse quadro", declarou.
Para o presidente do SindiVestuário, Ronald Mashija, a queda no número de empregos nas indústrias da RMC reflete o que acontece no setor têxtil em todo País. "Americana e região, por ser tradicionalmente um polo têxtil, foi atingida pelo que aconteceu em São Paulo e no País no setor de vestuário. A produção de roupas caiu
de 10% a 15% nesse ano por conta dos importados, principalmente da China, que ocuparam esse espaço com produtos que pagam menos imposto".
Segundo ele, um produto têxtil produzido na China pagaria 13% de imposto para ser importado ao Brasil, enquanto o mesmo produto pagaria 42% de taxas se fosse produzido no País.
Para tentar reverter esse quadro, o sindicato negocia com o MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) a aprovação do RTCC (Regime Tributário Competivivo para Confeção) para esse ano.
"Esse regime faz com que qualquer confecção se mantenha no regime tributário do Simples, independente do faturamento da empresa, que paga de 9% a 16% de impostos. Está sendo negociado e já temos uma reunião segunda quinzena de janeiro para que isso se concretize antes de março", completou.
Fonte: portal.tododia.uol.com.br/
UGT - União Geral dos Trabalhadores