05/01/2015
Em visita oficial a Brasília para participar das cerimônias de posse da presidenta Dilma Rousseff e também do novo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, o chanceler de Angola, Georges Chikoti, disse que seu país defende uma reforma no Conselho de Segurança das Nações Unidas e apoia o Brasil no pleito de uma vaga permanente no organismo internacional. Angola foi eleita, em outubro de 2014, para um mandato de dois anos como membro não permanente no Conselho de Segurança, com o apoio do Brasil.
“Estamos interessados na reforma do Conselho de Segurança e esperamos que, nos próximos três a cinco anos, possa haver uma posição sólida sobre aquilo que virá a ser o futuro do conselho no seu todo, para que haja novos países, novas regiões representadas como membros permanentes. Vemos o Brasil como um potencial membro permanente pelo seu crescimento, pelo seu envolvimento nas questões internacionais e acho que se justifica a posição do Brasil sobre a reforma”, disse o ministro das Relações Exteriores angolano à Agência Brasil.
Na cerimônia em que recebeu o cargo, Mauro Vieira disse que “o apelo por uma sociedade mundial mais justa e coesa, menos hierárquica, corresponde à luta do Brasil e de tantas nações por criar, dentro de suas próprias fronteiras, uma sociedade democrática e participativa” e que “esse sempre foi e continuará sendo o sentido do engajamento do Brasil para ajudar na busca de uma fórmula que viabilize a reforma do Conselho de Segurança, de modo a torná-lo mais representativo e legítimo e, portanto, mais eficiente”.
Único órgão do sistema internacional capaz de adotar decisões obrigatórias para todos os países integrantes da ONU, podendo, inclusive, autorizar intervenção militar para garantir a execução de suas resoluções, o Conselho é composto por cinco membros permanentes - Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China - e dez rotativos, trocados a cada dois anos. O poder do assento permanente é tanto que o voto negativo de um dos cinco configura veto a uma eventual resolução do conselho.
Uma proposta defendida pelo G4, grupo formado por Brasil, Alemanha, Japão e Índia, que tem o objetivo de conquistar assento permanente no conselho, é a expansão do número de membros permanentes de cinco para dez, com a entrada dos quatro e mais uma nação da África. De acordo com o G4, as dificuldades do Conselho de Segurança em lidar com os desafios internacionais em busca da paz reforçam a necessidade de reforma do órgão, buscando torná-lo amplamente representativo e transparente.
Além da parceria na defesa da reforma do Conselho de Segurança, Chidok disse que as relações entre Brasil e Angola são excelentes, com vários acordos de cooperação assinados em diversas áreas, entre eles um assinado recentemente de apoio a pequenas empresas angolanas. “Temos neste momento quase 400 estudantes estudando no Brasil, temos uma cooperação cultural muito ativa, acho que no plano econômico o Brasil tem sido um dos grandes parceiros na reconstrução nacional de Angola e os próximos anos também vão indicar uma boa cooperação."
As trocas comerciais entre os dois países atingiram US$ 2 bilhões em 2013 e, entre janeiro e outubro de 2014, tinham ultrapassado esse valor. As importações de produtos angolanos pelo Brasil, que em 2013 chegaram a US$ 726 milhões, se concentram basicamente em petróleo e gás natural. As exportações para Angola são bastante diversificadas, compostas de uma lista com mais de 100 produtos brasileiros, entre os quais se destacam açúcar, carnes suína, bovina e de frango e calçados de borracha.
Fonte: Agência Brasil
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