16/12/2014
Três pessoas morreram após policiais fortemente armados invadirem um café no centro de Sydney, maior cidade da Austrália, onde um atirador manteve até 17 pessoas como reféns por 16 horas.
O sequestrador --identificado como o clérigo muçulmano radical Man Haron Monis, 50-- foi um dos mortos no confronto. Até a conclusão desta edição, a polícia trabalhava com a hipótese de que Monis agiu sozinho, sem ligação com grupos terroristas.
Os outros dois mortos eram reféns: o gerente do café, Tori Johnson, 34, e a advogada Katrina Dawson, 38.
As circunstâncias das mortes ainda não foram esclarecidas. Há relatos, não confirmados, de que Johnson teria tentado tirar a arma das mãos do sequestrador.
Seis pessoas ficaram feridas na operação, incluindo um policial, atingido por um disparo no rosto. A brasileira Marcia Mikhael, 43, um dos reféns feridos, passa bem, de acordo com sua família.
Durante o sequestro, Marcia postou no Facebook que o sequestrador queria uma bandeira do Estado Islâmico e falar por videoconferência com o premiê australiano, Tony Abbott --exigências não confirmadas pela polícia.
A brasileira aparece em um vídeo que circulou na rede.
"O homem que nos mantém reféns fez exigências pequenas e simples que não estão sendo atendidas. Está ameaçando nos matar e precisamos de ajuda agora. Ele quer que o mundo saiba que a Austrália está sob ataque do Estado Islâmico", disse o post de Marcia, acrescentando: "Ele tem uma arma e uma bomba".
RUAS BLOQUEADAS
A cafeteria, que vende produtos da Lindt, empresa suíça de chocolates, foi invadida por Monis às 9h45 desta segunda, 15 (20h45 do domingo, 14, no horário de Brasília).
Logo após a invasão, policiais fortemente armados cercaram o local. A polícia bloqueou ruas e esvaziou prédios. Linhas de trem e ônibus foram suspensas ou mudaram seu trajeto, alterando a rotina dos trabalhadores.
Para garantir atendimento imediato em caso de libertação dos reféns, carros de polícia e ambulâncias foram deslocados para a região, no movimentado distrito financeiro e comercial de Sydney.
Ícones como a Ópera de Sydney ficaram desertos. Perto do lugar do sequestro, a rua Elizabeth, que continuou aberta ao tráfego, foi ocupada por jornalistas e curiosos.
BANDEIRA ISLÂMICA
Durante todo o dia, a polícia recebeu milhares de telefonemas informando sobre o abandono de sacolas que poderiam conter explosivos.
Ao longo do cerco policial, vários reféns foram vistos de braços erguidos ou pressionando as mãos contra a vitrine do café.
Dois deles seguraram uma bandeira negra com a Shahada --declaração de fé islâmica, geralmente traduzida como "só Alá é Deus e Maomé seu profeta"-- inscrita em letras brancas.
Em determinado momento ouviram-se disparos dentro do café, e ao menos cinco reféns conseguiram escapar. Em seguida, a polícia entrou no local. Houve tiroteio e uso de bombas de efeito moral.
Segundo o comissário Andrew Scipione, da polícia do Estado de Nova Gales do Sul, onde fica Sydney, os policiais decidiram invadir o café após ouvir o barulho dos tiros --se eles não entrassem naquela hora, mais mortes poderiam ter acontecido, argumentou.
Fonte: Uol
UGT - União Geral dos Trabalhadores