10/11/2014
Motor da economia desde a crise de 2009, o consumo das famílias deve fechar este ano com a menor taxa de crescimento desde 2003. Até junho, houve uma expansão de 1,7%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A expectativa dos economistas é que o consumo perca um pouco mais o fôlego e encerre 2014 com crescimento entre 0,9% e 1,7%. Se as projeções se confirmarem, será menos da metade da expansão da média dos últimos dez anos. Entre 2004 e 2013, o consumo cresceu 4,6% ao ano.
Para 2015, a tendência é de mais um ano de desempenho pífio do consumo, afetado pelo conservadorismo que deve prevalecer entre consumidores e instituições financeiras. Na semana passada, Bradesco e Itaú Unibanco, os maiores bancos privados do País, cortaram as projeções de expansão do crédito para 2014. Juros em alta, pressões inflacionárias e condições mais adversas do emprego compõem um cenário menos favorável para o endividamento e o crédito para o ano que vem.
Cautela. Depois do tombo que houve nos últimos meses na confiança dos consumidores e dos empresários, o cenário é de cautela. Em outubro, 87,1% dos paulistanos informaram que não pretendem contrair nenhum tipo de financiamento nos próximos três meses, aponta a Pesquisa de Risco e Intenção de Endividamento da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP), obtida com exclusividade pelo Estado.
O resultado está 2 pontos porcentuais acima do de outubro de 2013. A pesquisa revela que, no mês passado, 35,2% dos endividados tinham alguma poupança, em comparação a 32,3% em setembro.
A cautela também aparece na pesquisa nacional da Acrefi, entidade que reúne as financeiras, para captar a expectativa do brasileiro em relação ao seu dinheiro e seus gastos para o ano que vem. A grande maioria (75%) informou que pretende economizar mais. Também 61% dos cerca de mil entrevistados na última semana de outubro não se sentem propensos a fazer um financiamento em 2015.
"O consumidor está ressabiado e deve continuar", diz o assessor econômico da Fecomércio-SP, Fabio Pina.
Um dos fatores que sustentam a cautela em buscar mais crédito diz respeito ao emprego. Apesar de o desemprego estar baixo, novos postos de trabalho não estão sendo criados. "Só o fato de estar empregado não é garantia para o consumidor se endividar."
Apesar de a tendência do consumidor de colocar o pé no freio das compras ter ficado mais nítida nos últimos meses, não é de hoje que o brasileiro está cauteloso. Desde dezembro de 2013, a procura por novos financiamentos recua no índice acumulado em 12 meses, segundo a Boa Vista SCPC, empresa especializada em informações financeiras.
Em dezembro de 2013, a demanda do consumidor por crédito tinha encolhido 0,3% em 12 meses em número de financiamentos. Em setembro, último dado disponível, a procura por empréstimos despencou: a queda em 12 meses foi de 4,6%. "Foi a maior retração na demanda por crédito em 12 meses, da série iniciada em dezembro de 2011", diz o economista da Boa Vista SCPC, Flávio Calife.
Fonte: Estadão
UGT - União Geral dos Trabalhadores