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Em 1ª fala pós-reeleição, Dilma nega divisão e diz estar aberta ao diálogo


27/10/2014

Após vencer a eleição presidencial mais disputada da história brasileira, a presidente reeleita Dilma Rousseff (PT), pregou diálogo, pediu união aos brasileiros e disse não acreditar que o país tenha saído dividido das eleições. A exemplo do que ocorreu após os protestos de junho de 2013, Dilma voltou a falar em plebiscito pela reforma política. 

 

Dilma teve 51,64% dos votos contra 48,36% de Aécio Neves (PSDB). "Conclamo sem exceção a todas as brasileiras e a todos os brasileiros para nos unirmos em favor do futuro de nossa pátria de nosso país, de nosso povo", disse Dilma.

 

Dilma fez seu discurso em um hotel de Brasília, ao lado o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente reeleito, Michel Temer, e de presidentes dos partidos de sua coligação.

 

O agradecimento a Lula marcou o início do discurso de Dilma. "Começo saudando o presidente Lula", disse a candidata reeleita do PT, para em seguida puxar um coro de ""Olê, olê, olê, olá/Lula/Lula", para logo depois denominar Lula o 'militante número um das causas do povo'.

 

"País dividido"

A presidente reeleita disse não acreditar que o Brasil esteja dividido após as eleições.

 

"Não acredito, sinceramente, do fundo do meu coração, não acredito que essas eleições tenham dividido o país ao meio. Entendendo, sim, que elas mobilizaram ideias, emoções às vezes contraditórias, mas movidas por um sentimento comum, a busca de um futuro melhor para o país", afirmou a presidente.

 

Ao dizer que "essa presidenta aqui está aberta ao diálogo", a presidente afirmou saber que "uma reeleição é um voto de esperança na melhoria de um governo".

 

A pequena margem de votos que garantiu sua vitória também foi assunto de seu discurso: "Algumas vezes na história, resultados mais apertados [em eleições] produziram mudanças mais rápidas que vitórias amplas, e é essa a minha certeza do que vai acontecer no Brasil a partir de agora".

 

Dilma disse esperar que a "energia" liberada durante as eleições possa ser canalizada para a realização das mudanças que a população espera.

 

"Em lugar de ampliar divergências, de criar um fosso, tenho forte esperança de que a energia mobilizadora tenha preparado um bom terreno para a construção de pontes. O calor liberado no fragor da disputa pode e deve agora ser transformado em energia construtiva de um novo momento no Brasil", afirmou.

 

Reforma política e plebiscito

Dilma disse estar comprometida com a reforma política. "Quero deflagrar essa reforma que é responsabilidade constitucional do Congresso e que deve mobilizar a sociedade num plebsicito por meio de uma consulta popular", afirmou. Dilma disse que a medida visa encontrar legitimidade para encaminhar a reforma.

 

"Nós vamos encontrar a força e a legitimidade nesse momento de transformação para levarmos a reforma política. Quero discutir esse tema profundamente com o novo Congresso Nacional e com toda a população brasileira", disse a presidente.

 

Economia

Em meio à perspectiva de um crescimento do PIB inferior a 1% e aos escândalos envolvendo desvio de dinheiro público da Petrobras, Dilma afirmou que dará impulso à atividade econômica e que vai seguir combatendo a inflação e a corrupção.

 

"Promoverei também, com urgência, ações localizadas, em especial na economia, para retomarmos nosso ritmo de crescimento, continuarmos garantindo os níveis altos de emprego e assegurando também a valorização dos salários" afirmou.

 

"Vamos dar mais impulso à atividade econômica em todos os setores, e em especial no setor industrial", acrescentou a presidente.

 

Dilma disse querer a parceria de todos os setores da economia e acenou para o mercado financeiro.

 

"Quero a parceria de todos segmentos, setores, áreas produtivas e financeiras, nessa tarefa que é responsabilidade de cada um de nós. Seguiremos combatendo com rigor a inflação e avançando no terreno da responsabilidade fiscal", disse. A alta nas taxas de inflação foi um dos temas mais criticados pelo candidato tucano à Presidência, Aécio Neves. 

 

A menção ao setor financeiro causou surpresa uma vez que ao longo de toda a campanha, Dilma foi criticada por agências de risco e bancos privados como o Santander. A revista inglesa "The Economist" chegou a publicar reportagem sobre as eleições brasileiras e pedindo aos brasileiros que votassem em Aécio Neves.

 

Dilma disse que o diálogo com os setores da economia será feito antes mesmo do início do seu segundo mandato.

 

Corrupção

Duramente criticada pelos casos de corrupção em seu governo, Dilma afirmou que vai fortalecer as instituições de controle.

 

"Terei um compromisso rigoroso, também, com o combate à corrupção, fortalecendo as instituições de controle e propondo mudanças na legislação atual para acabar com a impunidade que é a protetora da corrupção", afirmou. 

 

Presidente deve enfrentar problemas no segundo mandato

Apesar do resultado positivo, o PT terá problemas a partir de 2015. As bancadas do PT e do PMDB no Congresso, principais partidos da coalizão que dá suporte ao governo, encolheram.

 

O resultado das urnas nos Estados também fez com que sinal de alerta petista soasse. 

 

Em São Paulo, berço político do partido, Aécio Neves (PSDB) teve 64,2% dos votos enquanto Dilma obteve apenas 35,7%. Na região Sul, Dilma perdeu em todos os três Estados - a maior derrota dela no país foi em Santa Catarina, onde Aécio teve 64,59% dos votos, e a petista, 35,41%. 

 

Em Minas Gerais, no entanto, Dilma repetiu a vitória sobre o tucano obtida no primeiro turno. No segundo turno, Dilma obteve 52,4% dos votos, e Aécio Neves, que governou o Estado por dois mandatos, teve 47,59% dos votos.

 

Uma das maiores surpresas dessas eleições foi a votação esmagadora que Dilma Rousseff (PT) teve em Pernambuco. Dilma obteve 70,2% dos votos e Aécio, 29,8%. Pernambuco havia sido o único Estado do Nordeste onde Dilma não havia vencido.

 

Tragédia, reviravoltas e ataques

As eleições presidenciais deste ano foram marcadas por tragédias e reviravoltas. No dia 13 de agosto, o então candidato à Presidência pelo PSB, Eduardo Campos, morreu em um acidente de avião. Marina Silva, vice em sua chapa, assumiu a candidatura e mudou o cenário político.

 

Ela chegou a liderar as pesquisas de intenção de voto, mas viu sua popularidade cair após uma campanha de ataques feita, principalmente, pela campanha de Dilma Rousseff (PT).

 

Na véspera das eleições, Aécio Neves (PSDB), que passou boa parte do primeiro turno na terceira posição de acordo com os principais institutos de pesquisa, 'virou o jogo' e superou Marina Silva conquistando 33,55 dos votos. Dilma obteve 41,59% e Marina Silva, 21,32%.

 

No segundo turno, Aécio conseguiu o apoio de Marina Silva e passou a a aparecer em primeiro lugar nas pesquisas de inteção de voto.

 

Um dos episódios mais importantes do segundo turno foi o debate realizado pelo UOL, SBT e Jovem Pan, no dia 16 de outubro, quando os dois candidatos trocaram acusações pessoais e Aécio Neves chegou a chamar a candidata petista de 'leviana e 'mentirosa'.

 

Aécio, que liderava as intenções de voto, segundo o Datafolha, foi ultrapassado por Dilma.

 

A intensidade dos ataques entre os dois candidatos fez com que o TSE interviesse e impedisse a veiculação de propagandas das duas candidaturas.

 

 

Fonte: UOL


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