21/10/2014
A economia chinesa cresceu 7,3% no terceiro trimestre deste ano, o ritmo mais lento desde o primeiro trimestre de 2009. A desaceleração foi puxada pelo enfraquecimento no mercado imobiliário, pelo desaquecimento da demanda doméstica e pela fraca produção industrial.
Os resultados divulgados nesta terça-feira tornam ainda mais provável a possibilidade da China não atingir sua meta de crescimento, de aproximadamente 7,5% neste ano, pela primeira vez desde 1998. Os números também devem aumentar a pressão para que os formuladores de política adotem medidas de estímulos no quarto trimestre. O desempenho pode abafar a demanda por ações, commodities e moeda chinesa.
Ao mesmo tempo, o resultado do produto interno bruto (PIB) no 3º trimestre superou a projeção do mercado, que esperava um crescimento de 7,2%, e não é grave o suficiente para forçar o governo central a adotar um programa de estímulos de base ampla, que poderia agravar o problema da dívida da China.
A produção industrial subiu 8% em setembro na comparação anual, uma aceleração em relação ao aumento de 6,9% registrado em agosto. O investimento em capital fixo em áreas urbanas avançou 16,1% entre janeiro e setembro, um aumento menor do que os 16,5% registrados entre janeiro e agosto.
O setor imobiliário da China, que corresponde a metade do produto interno bruto quando relacionado à indústrias, têm sido o grande empecilho para o crescimento neste ano. As vendas de imóveis caíram 10,8% nos primeiros nove meses do ano, informou o Escritório Nacional de Estatísticas.
Empregos. Enquanto que para maioria dos países do mundo, um crescimento de 7% no PIB seria invejável, a China precisa crescer no mínimo 7,2% para criar cerca de 10 milhões de empregos anualmente para sua enorme população. Ainda assim, o Escritório Nacional de Estatísticas afirmou que a economia permanece numa faixa razoável de crescimento, com criação de empregos positiva e inflação estável.
Para o analista Larry Hu, da Macquarie, o crescimento no terceiro trimestre deve ser o menor do ano, com a economia se recuperando ligeiramente nos últimos três meses de 2014. "As medidas de estímulo direcionadas ao setor imobiliário vão estimular a demanda no quarto trimestre, mas o mercado de imóveis deve permanecer fraco no próximo ano, porque algumas das medidas devem ter efeitos apenas de curto prazo", disse. Após os números de hoje, as chances de Pequim diminuir a meta de crescimento para 2015 são muito maiores, avaliou Hu.
"A produção industrial se recuperou, mas em geral, a tendência continua negativa", afirmou o analista do Citigroup, Ding Shuang. Na avaliação de Shuang, até agora as autoridades tentaram não usar medidas contracíclicas de base ampla para estimular a economia. "Acredito que a partir de agora pode haver um corte de 0,25 ponto porcentual na taxa de juros. Atualmente, a taxa real está significativamente alta", completou.
Ao contrário de Hu, o analista do Citi acredita que o crescimento no quarto trimestre será menor do que o reportado entre julho e setembro. Esta é a mesma percepção da RBS, que estima que a economia deve crescer 7,2% no quarto trimestre, levando a um crescimento anual de 7,3%. Na visão de Louis Kuijs, da RBS, o enfraquecimento no mercado imobiliário vai continuar pesando sobre a economia em 2015, mantendo o panorama de crescimento reduzido, a 7,2%, mas não de forma alarmante.
Lado positivo. Para a Capital Economics, o aspecto positivo dos dados divulgados hoje foi o crescimento nos salários, superior ao crescimento do PIB, sinalizando que as famílias estão aproveitando uma maior parte dos dividendos do crescimento. Tal movimento tem impulsionado o consumo. "Com os formuladores de política priorizando o emprego e o equilíbrio econômico em vez do crescimento, não acredito que a autoridade monetária vai sentir a necessidade de agir mais agressivamente para estimular a economia", disse o analista Julian Evans-Pritchard.
Na análise da ANZ, o crescimento na China vai ser retomado de maneira modesta no próximo trimestre, e um relaxamento na política monetária é pouco provável. "Não acreditamos que a China vai cair num cenário mais grave, mas vemos o risco de deflação aumentando de forma acentuada", disse o analista Zhou Hao. "Tal risco de deflação será exacerbado pelo yuan mais fortalecido e pela queda nos preços das commodities", completou.
Fonte: Estadão
UGT - União Geral dos Trabalhadores