20/10/2014
O Brasil não conseguiu se inserir nas grandes cadeias de produção no mundo da mesma forma que os demais emergentes e pode ter perdido um momento crítico para o desenvolvimento e crescimento nos últimos dez anos. Para tirar real proveito da globalização e gerar crescimento a partir do comércio, o Brasil terá de ter 40% de suas empresas envolvidas no comércio internacional.
Os dados foram apresentados nesta segunda-feira, 20, na Organização Mundial do Comércio (OMC), que destaca que as economias emergentes já são responsáveis por 60% do fornecimento de produtos intermediários, o que revela que estão bem integrados nas cadeias produtivas mundiais.
No caso do Brasil, porém, a taxa de participação nas cadeias de produção é uma das mais baixas do mundo entre as grandes economias. Apenas 40% dos produtos importados pelas empresas no País são integrados à produção de bens que, depois, será exportada. Apenas as economias da África do Sul e da Argentina estão menos integradas que o Brasil. Economias como o do Camboja, Brunei ou Arabia Saudita estão em melhores situações.
O ranking é liderado por Taiwan, que tem 75% de suas importações ligadas a bens que depois serão exportados, numa demonstração de seu envolvimento em grandes cadeias de produção mundial. O grupo de economias mais integradas é ainda composta por Cingapura, Filipinas e Coréia do Sul, todos com participação de mais de 70%. O Chile seria a economia latino-americana mais integrada, com quase 60%.
Para o economista-chefe da OMC, Robert Teh, foram os países que mais reduziram tarifas de importação para bens e serviços quem mais se beneficiaram nessa integração.
Roberto Azevedo, diretor-geral da OMC, também insistiu na importância da participação de emergentes nas cadeias de produção. "Os estudos evidenciam que participar nas cadeias de produção gera maior produtividade e crescimento", declarou o brasileiro.
Exportadores. Marcelo Olarreaga, professor da Universidade de Genebra, alertou que enquanto um número maior de empresas brasileiras não atuar no comércio mundial, a desigualdade gerada pelo comércio vai continuar. Usando um estudo de 2014 publicado pela Universidade Princetown, ele aponta que apenas 10% das empresas brasileiras eram exportadoras nos anos 90, o que explicou o aumento da desigualdade.
"Isso só vai mudar quando 40% das empresas nacionais entrarem no mercado internacional", declarou Olerreaga. "O que é necessário, portanto, é de mais globalização, e não de menos", alertou.
Fonte: Estadão
UGT - União Geral dos Trabalhadores