18/06/2014
Representando a União Geral dos Trabalhadores (UGT), Rumiko Tanaka participou, nesta segunda-feira (16), de uma reunião na sede da CTB nacional, com representantes das demais centrais sindicais, para discutir a formação do BRICS Sindical.
BRICS é o grupo de cooperação formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que terá também um braço sindical visando fortalecer a luta da classe trabalhadora e a ampliação dos direitos trabalhistas nesses países.
Nos dias 06 e 07 de julho, quando todas as centrais sindicais estiverem em Genebra, haverá uma reunião para finalização de uma proposta básica, que segue abaixo, e, durante a realização do próximo encontro entre os países do BRICS, que está agendado para o Brasil, nos dias 15 e 16 de julho, em Fortaleza, será oficializado o BRICS Sindical, que conta com o apoio do governo brasileiro.
Carta de fortaleza – BRICS Sindical
01 – Nós, dirigentes sindicais da República Federativa do Brasil, da
Federação Russa, da República da Índia, da República Popular da China
e da República da África do Sul, representando os trabalhadores
organizados em sindicatos de nossas nações, reunidos em Fortaleza,
Brasil, em 15 de julho de 2014, simultaneamente à Cúpula de Chefes e
Governos de Estado dos países BRICS, no espaço denominado BRICS
SINDICAL, na intenção de apoiar os esforços de consolidação desta
estrutura de governança global.
02 – Nós reafirmamos os princípios contidos em nossa Declaração de
Moscou que se expressam em:
- Defender os interesses e direitos legítimos da Classe Trabalhadora
dentro de uma dimensão social progressista;
- Estabelecer o diálogo e a cooperação para a promoção da paz, da
segurança e do desenvolvimento global;
- Trabalhar conjuntamente com os outros países com base em normas
universalmente reconhecidas do direito universal, especialmente com as
normas e princípios da Organização Internacional do Trabalho, (OIT).
03 – Salientamos que vivemos, neste momento, uma profunda crise do
sistema capitalista, que teve início nos Estados Unidos e na Europa,
porém se espraiando para os demais continentes, variando de grau e de
intensidade conforme a orientação macroeconômica e fiscal das nações.
Destacamos que esta crise tem caráter sistêmico e estrutural e está
profundamente interligado com o poderio da oligarquia financeira
internacional.
04 – Nós condenamos as soluções adotadas pelo capital e pelas nações
para amenizar os seus efeitos que buscam jogar sob a classe
trabalhadora o ônus da crise: são 50 milhões de desempregados em todo
o planeta, redução de direitos e benefícios, ampliação das jornadas de
trabalho, flexibilização dos contratos de trabalho, soluções que ao
nosso ver ampliam os efeitos deletérios da crise.
05 – Reconhecemos que o mundo está passando por rápida mudança em sua
geopolítica, avançando para uma posição de multipolaridade rumo a uma
nova ordem mundial. Reconhecemos que os países BRICS - liderando os
países emergentes e em desenvolvimento - têm desempenhado papel ativo
como motores do crescimento econômico e da prosperidade no sentido de
reduzir os desequilíbrios no desenvolvimento econômico global e
promovendo inclusão social.
06 – Destacamos a importância da integração regional soberana e
solidária para o crescimento sustentável e o bem-estar dos povos, como
modelo de desenvolvimento econômico, buscando ampliar o investimento
no setor produtivo e na infraestrutura, bem como na educação, ciência
e tecnologia, como forma de gerar mais e melhores empregos e salários.
07 – Concordamos com a visão de que os esforços para combater a
pobreza, exclusão social e a desigualdade devem levar em conta as
necessidades especiais dos países em desenvolvimento, especialmente os
países menos desenvolvidos, pequenas ilhas e países africanos tendo
como objetivos o desenvolvimento econômico e o desenvolvimento social,
com a proteção social, o pleno emprego e a valorização do trabalho.
08 – Vemos com satisfação os objetivos contidos na Declaração de Nova
Delhi no que se refere à necessidade de aceleração do crescimento e
desenvolvimento sustentável, em conjunto com a segurança alimentar e
energética, encontram-se entre os desafios mais importantes da
atualidade e são centrais para o tratamento do desenvolvimento
econômico, erradicação da pobreza, combate a fome e desnutrição, bem
como as medidas de criação de empregos necessários à melhoria dos
níveis de vida.
09 – Compartilhamos da visão que a atual governança global foi
concebida em circunstancia diversa do atual cenário exigindo
reformulação justa e inclusiva das Economias Emergentes e dos Países
em Desenvolvimento necessitando de transformações na governança
global. Neste sentido apoiamos a exigência por uma nova arquitetura
monetária e financeira internacional mais aperfeiçoada para garantir a
manutenção da estabilidade e da integridade do sistema monetário e
financeiro internacional; a reforma das Nações Unidas, bem como do seu
Conselho de Segurança, para assegurar maior eficácia, eficiência e
representatividade; e, a reforma da governança e das cotas do FMI.
10 – Neste sentido, instamos aos Chefes de Estado e de Governos a
reconhecerem nosso Fórum Sindical - BRICS SINDICAL - como espaço
institucional do BRICS, quando será possível formular propostas e
compromissos relevantes para o atendimento dos princípios aqui
expostos, em consonância com a Declaração de Sanya referente aos
diálogos em torno da proteção social e do trabalho decente.
11 – Conclamamos também aos líderes de nossas nações a reconhecerem
nossa conferência como parte integrante da programação oficial das
Cúpulas Presidenciais. Manifestamos nosso interesse em ter o mesmo
tratamento dispensado ao Fórum Empresarial.
12 – Por fim, solicitamos o agendamento oficial de uma reunião de
nossos representantes com os Chefes e Governos de Estados para
apresentação de nosso documento contendo uma Plataforma de Direitos e
Benefícios da Classe Trabalhadora.
13 – Assumimos o compromisso de que nossa representação será a mais
ampla, plural, democrática e inclusiva dos trabalhadores e
trabalhadoras de nossas nações coincidindo com os princípios e
objetivos desta cúpula.
UGT - União Geral dos Trabalhadores