28/08/2023
Com o propósito de reforçar
o protagonismo dos Povos Indígenas e as lutas dos trabalhadores e trabalhadoras
pelos seus direitos, a União Geral dos Trabalhadores (UGT), em parceria com o
Solidarity Center (AFL/CIO), realizou nos dias 22 e 23 de agosto, a última
Etapa do Curso de Formação Político-sindical/2023, no formato híbrido
(presencial e virtual), com sede presencial em Manaus (Centro Cultural dos Povos da
Amazônia), e contou com a presença de
inúmeras autoridades políticas, de sindicalistas e lideranças indígenas de
várias etnias.
Coordenada pela Secretaria de Organização e Formação Político-sindical e pela Secretaria Nacional dos Povos Indígenas (UGT), essa etapa teve o objetivo não apenas contribuir com o fortalecimento dos sindicatos e com as lutas dos trabalhadores, mas, também, contribuir com as lutas dos Povos Indígenas, de ressaltar seu protagonismo, na busca de garantir o direito de sua existência com uma vida digna, com harmonia e autodeterminação.
No Ato de Abertura, a cantora indígena, Cláudia Tikuna interpretou o Hino Nacional na língua Tikuna, causando forte emoção aos presentes. Bastante concorrido, o evento contou com a participação de autoridades políticas, sindicalistas e lideranças indígenas de todo país, como Ricardo Patah, presidente da UGT Nacional; a Secretária Estadual de Direitos Humanos, Gabriela Campazzo, representando o governador do estado do Amazonas, Wilson Miranda Lima; Representante da Secretária Estadual de Educação, Maria Josefa P. Chaves, Orlando Baré, Técnico Pedagogo e Gerente de Educação Escolar Indígena; Representante da Ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, Bruno Potiguara, Assessor Ministerial; do Secretário de Organização e Formação Político-sindical, Chiquinho Pereira; de Gustavo Garcia, Gerente de Programas do Solidarity Center no Brasil.
Além das autoridades já citadas acima, também fizeram uso da palavra o Presidente da UGT/Amazonas, Nindberg Barbosa dos Santos; da representante da Associação da Comunidade Wotchimäncü (ACW), Claudia Tikuna, que falou em nome da Secretária Estadual Indígena da UGT (AM) e Presidente da Associação dos Trabalhadores Indígenas do Amazonas, Jusélia Lima, da Etnia Kokama; da Pedrinha Lasmar, Secretária da Mulher da UGT/AM; do Jornalista indígena, Yuri Magno R. Sapopemba, da Instituição Indígena Yãnde Muraki; da Dra. Fiorella Ramos, da etnia Warao da Venezuela; Edson Kambeba, Jornalista da TV Coari/AM, ativista em defesa da Juventude Indígena e do Movimento Mundial Climate Change; Ivo Alves do Nascimento, do Sindicato dos Estivadores do Amazonas, entre outros.
Durante os dois dias de Curso, lideranças indígenas, sindicalistas, palestrantes e convidados tiveram a oportunidade de debater questões como: “Modelo de Desenvolvimento, Trabalho e Meio Ambiente”; “Democracia, Paz e Trabalho Decente”; “Etnodesenvolvimento como Alternativa ao Atual Modelo, com Foco nos Povos Indígenas e na Agenda 2030”; e “Democratização dos Meios de Comunicação e a Etnomídia”.
CHIQUINHO PEREIRA ENTREGA DOCUMENTO COM PROPOSTAS AO REPRESENTANTE DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO, ORLANDO BARÉ
NOSSA
LUTA É PELA VIDA
Para os participantes, os
relatos e exposições das lideranças indígenas, além de um aprendizado, foi
emocionante e tocante. As dificuldades de acesso à saúde, educação, segurança e
o direito de ocupar suas próprias terras foram expressas em depoimentos
comoventes e chocantes. “Nossa luta é pelo direito de garantir a nossa
existência, de viver em paz em nossas terras, plantando, colhendo, preservando
as nossas culturas e costumes. Não queremos dinheiro, mas sim políticas
públicas que garantam uma vida digna para todas as nações indígenas que vivem no
nosso Brasil.”, ressaltaram as lideranças de várias etnias presentes no evento.
PRESIDENTE DA UGT AMAZONAS, NINDBERG BARBOSA, ENTREGA DOCUMENTO COM PROPOSTAS A GABRIELA CAMPAZZO, REPRESENTANTE DO GOVERNADOR DO AMAZONAS
Em seus relatos, essas
lideranças indígenas informaram, por exemplo, que devido as ofensivas do
agronegócio, do latifúndio, da grilagem, da mineração e do garimpo, homens,
mulheres, crianças e jovens indígenas são obrigados a saírem de suas regiões e viverem
nas periferias dos grandes centros, sem direito a uma alimentação diária, sem
emprego e, muitas vezes, submetidos ao trabalho análogo a escravidão. A
realidade dos jovens, crianças e mulheres é ainda pior, pois ficam expostos aos
abusos e maus-tratos de várias formas. Para eles, é preciso que os governos
compreendam e respeitem a autodeterminação desses povos e garantam sua
existência, constantemente ameaçada.
CLÁUDIA TIKUNA, CANTA O HINO NACIONAL NA LÍGUA DE SUA ETNIA, TIKUNA
A construção de políticas
públicas para a população indígena, a implementação de um desenvolvimento
baseado no modelo de sociedade “Bem Viver”, a devolução de suas terras, contra
o Marco Temporal foram algumas das propostas encaminhadas, através de um
Documento, fruto dos debates ocorridos nessa Etapa Final do Curso de Formação
Político-sindical e das Fogueiras Digitais realizadas anteriormente nos estados
do Mato Grosso do Sul, Amazonas e Ceará. Esses documentos foram entregues às
autoridades políticas dos estados, ao Congresso Nacional e ao Governo Federal.
A
LUTA DOS TRABALHADORES É POR DEMOCRACIA, PAZ E TRABALHO DECENTE!
No decorrer das exposições e
debates dos temas, os sindicalistas e trabalhadores/as perceberam que os
opressores dos povos indígenas são os mesmos responsáveis pela perda de
direitos trabalhistas, pelo desemprego, pelos baixos salários, pelas
dificuldades do acesso à saúde, educação, moradia e segurança, ou seja, são os
mesmos responsáveis por não termos a condição de uma vida digna, harmoniosa e
pacífica.
PARTICIPAÇÃO ONLINE DE BRUNO POTIGUARA, REPRESENTANTE DA MINISTRA DOS POVOS INDÍGENAS, SONIA GUAJAJARA.
O sistema neoliberal,
comprometido em garantir o lucro e a ganância de uma pequena parcela da
sociedade mundial, não tem escrúpulos e explora tanto a natureza, quanto a
força de trabalho de homens, mulheres e até crianças, com o único objetivo: se
manter como a única alternativa econômica, política, social e cultural do
planeta.
Para isso, derrubam governos
comprometidos com os interesses da população, atacam a democracia, retiram
direitos, destroem a natureza, disseminam o ódio, o individualismo, o racismo,
enfim, valorizam o preconceito como forma natural nas relações humanas.
PARTICIPAÇÃO ONLINE DE GUSTAVO GARCIA, GERENTE DE PROGRAMA DO SOLIDARITY CENTER NO BRASIL
Na opinião dos sindicalistas e
trabalhadores/as que estavam no evento, ficou evidente que a União Povos
Indígenas e Movimento Sindical é fundamental na luta em defesa da democracia,
da paz e por trabalho decente. Neste sentido, é imperativo que os sindicatos
promovam atividades diversas, envolvendo os trabalhadores/as para debater seus
interesses e os interesses desses povos. Sem o aprofundamento e o conhecimento
das dificuldades dessas duas realidades, fica impossível lutar e obter as
vitórias necessárias para os direitos essenciais à vida humana.
COORDENADOR DE FORMAÇÃO POLÍTICO-SINDICAL, PROFESSOR ERLEDES DA SILVEIRA, DIRIGIU O EVENTO PRESENCIAL, EM MANAUS
Para a Coordenação do Curso de
Formação Político-sindical da UGT e para os representantes do Solidarity Center
(AFL/CIO), parceiro nesse projeto, esse tipo de atividade além de contribuir e
ampliar o conhecimento dos trabalhadores, fortalece os sindicatos através do
aumento do número de sindicalizações, e ficou evidente que a união com os Povos
Indígenas vem no sentido de progredir nas lutas e conquistas, com maiores possibilidades
de vitórias para todos e todas.
Suely Torres
UGT - União Geral dos Trabalhadores