24/04/2014
Um “mutirão” pelo trabalho seguro. Foi isso que aconteceu nesta quinta-feira, 24 de abril, no vão livre do Masp, na Avenida Paulista, em São Paulo.
Organizada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2), a iniciativa atende ao Programa Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho, do Tribunal Superior do Trabalho e do Conselho Superior da Justiça do Trabalho, e contou com a participação do Departamento de Saúde e Segurança do Trabalho do Sindicato dos Comerciários de São Paulo.
Esta ação faz parte das manifestações que estão ocorrendo pelo Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho, celebrado em 28 de abril em memória às vítimas desse tipo de acidente.
De acordo com a OIT (Organização Internacional do Trabalho), são 3 vidas perdidas por minuto em acidentes de trabalho pelo mundo. A cada ano, acidentes não mortais totalizam 317 milhões e as vítimas de acidentes de trabalho somam 270 milhões. No Brasil, são quatro mil mortes por ano.
Outro dado que chama a atenção é o fato de, até o dia 15 de abril, oito trabalhadores terem morrido na construção dos estádios para a Copa do Brasil. Foram três em São Paulo, um em Brasília e quatro na Amazônia.
Mas o trabalho não envolve o risco somente de acidentes, mas também o de doenças. No mundo, são 160 milhões de pessoas que sofrem com doenças profissionais e 2,02 milhões de pessoas que morrem a cada ano devido a enfermidades relacionadas com o trabalho, também segundo a OIT.
“Estamos aqui pelo segundo ano consecutivo. Nosso objetivo é, além de distribuir material informativo ao trabalhadores sobre a importância de sua segurança física e mental – esta última muitas vezes afetada por assédio moral, chamar a atenção de todos para o ‘Abril Verde’. Trata-se de uma campanha, de iniciativa dos sindicatos filiados à União Geral dos Trabalhadores (UGT), que propõe a conscientização de todos para a prevenção dos acidentes e adoecimentos laborais. O mutirão pelo trabalho seguro visa prevenir e alertar sobre os problemas que ocorrem no trabalho e em decorrência do mesmo, trazendo saúde e prevenção para dentro do local onde passamos grande parte do nosso dia”, disse Cleonice Caetano, diretora do Departamento de Saúde e Segurança do Trabalho do Sindicato.
Cleonice também informou que os comerciários que sofrerem algum tipo de acidente ou que tiverem problemas com seus patrões por estes não oferecerem o equipamento de segurança necessário podem procurar a Entidade Sindical, à Rua Formosa, 99, no centro de São Paulo, para buscar orientação e encaminhamento.
De acordo com a desembargadora e vice-presidente administrativa do TRT-2, Silvia Devonald, o número de ações envolvendo acidentes e doenças do trabalho vem diminuindo, mas ainda é expressivo: em 2012, foram 28.878 contra 25.733 em 2013. “É preciso que tanto o patrão quanto o empregado se conscientizem sobre a importância da segurança no trabalho. Houve avanço, mas vai melhorar ainda mais porque hoje é a Advocacia Geral da União que entra com processo, e não mais o INSS, e isso mexe com o bolso da empresa”, disse a desembargadora.
“O Sindicato dos Comerciários tem uma importância muito grande na divulgação das formas de prevenção e dos direitos do trabalhador no que se refere a acidentes e doenças laborais. A consciência coletiva faz toda a diferença”, falou a juíza do Tribunal Regional do Trabalho, dra. Thereza Nahas.
Outro tema abordado na ocasião foi a importância de se olhar especificamente para a segurança de trabalhadores com deficiências físicas. “Há pessoas já contratadas com alguma deficiência e também aquelas que adquirem uma deficiência física por conta de acidentes no trabalho. Todas devem ser vistas de acordo com suas especificidades, suas características próprias. Isso ainda é pouco estudado, mas vem melhorando depois da Lei de Cotas”, disse José Carlos do Carmo (Kal), coordenador do Projeto de Inclusão da Pessoa com Deficiência da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo.
No vão livre do Masp, também foram oferecidos serviços de ginástica laboral, massagem, exames de glicemia, aferição de pressão, emissão de Carteira de Trabalho, exposição de equipamentos de segurança laboral, dicas de médicos e fisioterapeutas, demonstrações de prevenção de choque elétrico, entre outras atividades.
Por que 28 de abril?
No dia 28 de abril de 1969, uma terrível explosão aconteceu em uma mina nos Estados Unidos, matando 78 trabalhadores.
Em 2003, como homenagem a esse trágico acidente, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) adotou 28 de abril como Dia Internacional em Memória às Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho.
Em 2005, a data também foi reconhecida no Brasil.
UGT - União Geral dos Trabalhadores