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Brasil vive crise energética


11/04/2014

O Brasil vive um momento crítico no setor elétrico, com grande possibilidade de desabastecimento nos períodos de maior demanda de energia. É o que afirma Washington dos Santos Maradona, diretor da AOESP - Associação dos Operadores do Estado de São Paulo, entidade filiada à União Geral dos Trabalhadores (UGT).  

 

Muito diferente do que vem sendo pregado pelas autoridades do setor, o sistema interligado brasileiro está sim operando em situação de stress elevado, devido a conjunção de fatores não só climáticos, mas também, e principalmente, de gestão ineficiente no setor.

 

A prova irrefutável do fato estão nos frequencímetros ligados à rede elétrica em São Paulo, que apontaram a incrível marca de 59,6Hz nos períodos de maior consumo na semana. Apenas para lembrar, o Manual de Procedimento de Rede, uma espécie de “Bíblia” da operação do O.N.S. (Operador Nacional do Sistema), documento disponível para consulta pública no site do Operador, determina que haja desligamento de parte das cargas supridas pelo sistema sempre que a frequência atinja valores inferiores a 59,8 Hz por mais de 10 minutos, restabelecendo-a ao valor de 60 Hz, a fim de assegurar a integridade e eficiência dos equipamentos que permanecem ligados, limite que fora largamente violado nos últimos dias.

 

Em um cálculo aproximado, pode-se dizer que a característica natural do sistema interligado brasileiro é da ordem de 1000 megawatts para cada décimo de Hertz deplecionado, o que equivale afirmar que um montante de cerca de 4000 MW faltaram para fechar o equilíbrio no sistema elétrico. E todo esse cenário se arma diariamente em condições absolutamente normais, sem nenhuma intercorrência mais grave no sistema elétrico, nem raios. 

 

O Governo Federal impõe tarifas irrisórias de energia com o objetivo de segurar a inflação na base dos preços administrados, sem atacar o problema do déficit das contas públicas. Com isso, o Planalto afugenta a iniciativa privada, imprescindível para o funcionamento do modelo adotado para o setor. 

 

O Brasil está a quase uma década vendo o desmantelamento do quadro técnico altamente especializado das empresas do setor, negligenciamento nos cronogramas de manutenções e abandono irresponsável das instalações estratégicas para o funcionamento do sistema elétrico.

 

Os trabalhadores que permanecem atuando estão sujeitos a pressões econômicas severas, muitas vezes incompatíveis com o nível de eficiência e segurança necessários para se proceder uma operação satisfatória.

 

Para Washington dos Santos Maradona, se o Brasil quiser usufruir de um sistema energético robusto, que fomente o desenvolvimento necessário do nação, vai ter que pagar um preço mais justo pela energia, ou então se conformar em ficar para sempre no assento do terceiro mundo.   

 

 

 

 

 


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