04/11/2013
No mês que se celebra o feriado da Consciência Negra (20 de novembro), a Agência de Notícias Afropress promove na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) o 1ºEncontro de Leitores da agência, com a realização de um debate sobre a história da mídia negra no Brasil. O evento está sendo organizado num formato que prevê a realização de uma solenidade onde serão homenageados jornalistas negros com atuação nos mais variados segmentos de comunicação.
Fundada em 2004 como um projeto embrionário da ONG ABC Sem Racismo, a Afropress, se consolidou neste período como uma agência de notícias on line com temática exclusivamente voltada para questões raciais. “Somos a única agência de notícias do Brasil com esse foco na denúncia do racismo e das mazelas de 400 anos de história de escravidão no Brasil. Não existe nenhum site que tenha o foco de produção de conteúdo jornalístico neste tema”, afirmou o jornalista e fundador da agência, Dojival Vieira.
A agência foi criada com o objetivo de romper a invisibilidade dos negros na chamada ‘grande mídia’. “Pois a mídia hegemônica raramente trata do tema do racismo e da herança do escravismo que nós temos no Brasil. A ideia surgiu durante a Conferência Mundial Contra o racismo (Durban- África do Sul) realizada em 2001 cujo um dos temas era o estímulo de novas tecnologias contra o combate ao racismo e a discriminação”, explicou Dojival.
Não tínhamos e não temos estrutura e recursos para investir em uma sede física e em outubro de 2004 entramos no ar em caráter experimental. Finalmente em 29 de julho de 2005, durante a 1ª Conferência Nacional de Promoção de Igualdade Racial, marcamos o início da nossa operação.
De 2008 a 2012 a Afropress era incubada pela ONG ABC Sem Racismo, mas a partir de 2012 passou a ser uma empresa constituída com CNPJ e toda documentação pertinente. Hospedados na Local Web, a agência só não esteve no ar em breves períodos , quando seus dirigentes sofreram ataques de grupos racistas, inclusive com ameaças de morte.
“Mas combater esse tipo de crime foi o que motivou nossa criação. Por isso não nos calamos e nesses 8 anos a Afropress ajuda a pautar a mídia brasileira. Nós contribuímos para que mídia possa ter um olhar sobre essas questões. Contribuímos para a formação de opinião.
Operamos nesses 8 anos em tempo real com atualização diária. Sempre temos matéria nova. A agência mantém, em caráter voluntário, uma equipe de colunistas, colaboradores e correspondentes, não apenas no Brasil, mas também em Nova York e Londres. Temos mais de 40 mil acessos por mês, com uma média de 400 mil impressões.
Nesses 8 anos ajudamos a combater uma prática que era recorrente na rede mundial de computadores, onde se encontravam sites com conteúdos racistas. E através de nossas denúncias houve uma redução significativa de atuação na internet como território livre para propagação do racismo, informou Dojival, que no entanto, destaca entre as realizações mais importantes deste período o fato de “ajudarmos a pautar a mídia brasileira. Hoje a mídia nos lê”, afirma.
Num país, onde 50,7% da população é constituída de pretos e pardos, segundo dados do Censo do IBGE) e que esse grande contingente populacional amargam os piores indicadores sócio econômicos, Dojival está consciente que ainda resta muito trabalho para se estabelecer o equilíbrio e a tão almejada igualdade de oportunidades. “Agora estamos entrando em uma nova fase, que consiste em buscar sustentabilidade para o projeto, da nossa agência para que possamos continuar lutando por um país plural. “Hoje a Afropress tem uma credibilidade muito grande e ajudamos a formar uma nova opinião pública brasileira, muito mais plural assim como o Brasil é plural. O Brasil é plural em tudo– cultura, raça, etnia”, finalizou Dojival.
As notícias da Afropress podem ser conferidas no site: www.afropress.com.br
Joacir Gonçalves, da redação da UGT
UGT - União Geral dos Trabalhadores