28/11/2013
O papel da imprensa negra e sua história no país foram temas de debates no "I Encontro de Leitores da Agência de Notícias Afropress" realizado na terça-feira última no auditório Paulo Kobayashi, da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.
O I Encontro que, além de mesa para discutir sobre “A História da Imprensa Negra”, contou com homenagens a profissionais de comunicação, lançamento da campanha “Corra atrás do seu direito – em defesa dos negros perseguidos pela ditadura” – e depoimentos de leitores de vários Estados do Brasil e dos correspondentes Edson Cadette e Alberto Castro, respectivamente, de Nova York e de Londres. Na abertura foi prestado um minuto de silêncio em memória ao ativista João Bosco Coelho, morto no início deste mês, com a presença de familiares, inclusive da viúva, dona Maria Cristina.
No final, o presidente da Comissão de Direitos Humanos e da Comissão da Verdade da Assembléia Legislativa, deputado Adriano Diogo (PT) fez a entrega ao editor, jornalista Dojival Vieira, de uma placa para celebrar os 8 anos do veículo. A deputada Leci Brandão (PC do B) participou da mesa e da entrega da placa.
O deputado destacou o exemplo do veículo como instrumento de informação focado na luta e na denúncia ao racismo e na defesa da desigualdade. “Vocês merecem a homenagem pela pela ousadia e pela resistência”, afirmou. Na mesa, a deputada Leci Brandão, do PC do B, a coordenadora de Políticas para as Populações Negra e Indígena da Secretaria de Justiça de S. Paulo, Elisa Lucas, e o professor Hélio Santos.
Imprensa Negra
Na mesa que abriu o I Encontro, o jornalista e escritor Oswaldo Faustino (ex-Estadão) fez um retrospecto da história da imprensa negra desde os tempos do império, passando pelo início do século XX, quando veículos como O Menelick, Voz da Raça e Clarim da Alvorada se tornaram pioneiros.
Segundo Faustino, a Afropress lembra muito o pioneirismo destes veículos e se insere na história da Imprensa Negra brasileira, que foi fundamental na luta e na resistência ao racismo. Flávio Carrança, da Cojira/SP, lembrou os primeiros veículos do período pós-ditadura militar e que foram fundamentais para ressurgimento do movimento negro a partir de 1.978 com a criação do Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial.
Rosenildo Rodrigues, da Isto É Dinheiro, falou da importância de se romper com a invisibilidade. Luiz Paulo Lima, da Rede Kutalfro disse que a Afropress lembra o exemplo de O Menelick, porque se dirige à cidadania brasileira como um todo e não apenas a população negra. Juliana Gonçalves, do CEERT, e Maurício Pestana, editor executivo da Revista Raça Brasil abordaram aspectos e as dificuldades da Imprensa Negra.
Para o editor de Afropress, Dojival Vieira, que fez um retrospecto das dificuldades enfrentadas desde o surgimento do veículo em 2005 – lembrando os ataques sofridos de grupos neonazistas e até as ameaças à integridade física dos profissionais responsáveis – a Afropress é fruto da “teimosia e da ousadia de um pequeno grupo de jornalistas”.
“Ao longo destes 8 anos, temos buscado fazer um jornalismo crítico, independente, produzindo conteúdo jornalístico e buscando a reflexão e a formação de opinião, de todos os que querem um Brasil sem racismo e com igualdade. Nos recusamos a fazer o papel de mídia negra chapa branca. Que venham os próximos 80 anos”, destacou.
Fonte: Afropress
UGT - União Geral dos Trabalhadores