23/09/2013
Com apoio do Sindicato dos Jornalistas do Estado do Pará – SINJOR, os jornalistas da redação do jornal DIÁRIO DO PARÁ paralisaram as atividades desde a manhã de hoje, inclusive fazendo piquetes e não permitindo que ninguém entrasse na empresa.
Segundo a presidente do SINJOR, Sheila Faro, durante a manhã de hoje não saiu nenhuma equipe de reportagem para as ruas. O SINJOR também recomendou às assessorias de imprensa que não encaminhassem nesta sexta-feira nenhuma nota para a redação do DIÁRIO, a fim de que a direção da empresa possa se ver forçada realmente a sentar com os trabalhadores para uma negociação.
Na tarde de ontem, a própria direção do DIÁRIO convocou os jornalistas e apenas um representante do SINJOR para tentar um acordo, porém, ofereceu míseros 1.200 reais, ao passo que a categoria está pleiteando piso de 1.900. Contudo, pela manhã cedo, a mesma empresa procurou atacar a direção do SINJOR afirmando que a greve naquela casa era fruto de articulações políticas e que o sindicato da categoria nunca esteve interessado em defender os direitos dos trabalhadores, conforme carta que o próprio SINJOR fez questão de publicar na íntegra, para mostrar a CARA DE PAU dos patrões patrocinados pela família Barbalho, dona do grupo RBA.
Sheila Faro disse que há muito tempo os jornalistas estão articulando a formação de um piso para a categoria, o que nunca deu certo ante a intransigência do DIÁRIO que, nesses anos todos, apenas fazia a reposição com as perdas da inflação, porém, jamais procurou pagar um salário digno aos jornalistas, especialmente aqueles que são detentores do diploma de Jornalista, expedido pelas faculdades de Comunicação Social.
A greve vai perdurar, disse Sheila Faro, até que haja uma negociação decente entre os patrões e os trabalhadores. Abaixo, na íntegra, a carta que a direção do Diário enviou ontem aos jornalistas, procurando denegrir a imagem do SINJOR:
NOTA DO SINJOR
Reproduzimos aqui, na íntegra, a carta assinada pela direção do jornal Diário do Pará e endereçada a todos os trabalhadores do veículo. Foi enviada hoje, por email. Numa clara tentativa de desmobilizar nosso movimento, fala-se em manipulação política, radicalismo desnecessário, "avaliação incorreta dos fatos". Ora, como se não conhecêssemos a realidade da redação - ar-condicionados sem manutenção, cadeiras quebradas, computadores insuficientes e sequer água potável.
Como se não tivéssemos incontáveis motivos para ir à luta.
Esta carta é, na verdade, mais um motivo para seguirmos em frente. Nossa greve nesta sexta continua de pé.
"Comunicado aos jornalistas
Todos os mais de 800 funcionários do grupo RBA , em particular os colaboradores do Diário do Pará, sabem da forma sincera, atenciosa e democrática com que são tratados. As salas da diretoria estão e sempre estiveram abertas a todos os que nos procuram, independente de cargo ou função que exercem.
Recentemente, têm ocorrido algumas atitudes, seguramente motivadas por agentes externos, de colaboradores que têm feito avaliações incorretas dos fatos e, como consequência, acabam por prejudicar o bom ambiente de trabalho que sempre existiu na empresa. Consideramos que é chegada a hora de se repor a verdade dos fatos, no que se refere ao acordo coletivo dos jornalistas para o período 2013-2014, para que se faça uma correta reflexão sobre a coerência daqueles que têm defendido posições radicais junto à classe. Vamos ao fatos:
1. Em todos os 31 anos de existência do Diário, sempre fechamos acordos com os jornalistas e NUNCA o jornal deixou de repor as perdas salariais decorrentes da inflação. Em abril deste ano, mais uma vez e sem que houvesse qualquer ação do sindicato, a empresa tomou a DECISÃO DE CONCEDER o reajuste salarial referente ao INPC acumulado nos 12 meses anteriores de forma a preservar o salário.
2. Mesmo sem a renovação do Acordo Coletivo deste ano, tomamos a decisão de MANTER todos os itens do acordo anterior para que não houvesse nenhum prejuízo ou perda para os jornalistas que trabalham no grupo. Tudo isso com a omissão do sindicato quanto a essa decisão.
3. Todos lembram que, no final do ano passado, numa reunião ocorrida no auditório do jornal, comunicamos que a partir de 2013 o plano de carreira da empresa seria implantado, permitindo a todos uma ascensão profissional baseada no desempenho, na competência e no resultado do trabalho de cada colaborador. Nessa mesma reunião, comunicamos que a partir daquela data a empresa estava elevando o piso salarial dos jornalistas para um novo valor, que representaria mais de 20% acima do que estava sendo praticado. Mais uma vez, o sindicato não teve qualquer participação. E mais: informamos que seria o início do processo de recuperação dos níveis salariais de ingresso dos jornalistas no grupo. Os estudos nesse sentido já foram concluídos e aguardávamos apenas a conclusão do processo de negociação do acordo coletivo deste ano para que anunciássemos mais uma elevação neste piso.
4. Ao longo dos últimos anos, o Diário sempre aderiu ao acordo firmado pelo Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão do Estado do Pará (Sertep) para que evitássemos a existência de acordos diferentes entre jornalistas da TV e das rádios e os profissionais do jornal. O sindicato SABE disso e vinha firmando os acordos normalmente. Neste ano, o Sertep e o Sindicato dos Jornalistas ainda não chegaram a um acordo e o Diário continua aguardando esse desfecho para, imediatamente, cumpri-lo.
5. O sindicato, mesmo sabendo desse histórico, enviou em abril passado uma proposta ao Diário. Apesar de desejar manter a prática dos anos anteriores de aderir ao acordo do Sertep, mas, para que o sindicato não se sentisse desprestigiado, cerca de um mês depois respondemos por escrito, com uma contra-proposta protocolada na sede do sindicato e pedimos que houvesse uma reunião para discutirmos o assunto. Até o mês passado, o sindicato não havia se pronunciado.
6. Em agosto, fomos chamados para reuniões no MPT e na DRT para discutirmos o assunto com o sindicato. Nas reuniões, informamos que já havíamos apresentado a contra-proposta e, pelo tempo já decorrido sem respostas, o melhor seria esperar pelo acordo com o Sertep, para que o jornal fizesse a adesão. Na ocasião, nada nos foi reivindicado, a não ser que a empresa aceitasse um piso salarial equivalente a quase o dobro do que estamos praticando. Informamos que isso seria impossível. A recuperação desse piso é uma preocupação da direção da empresa, mas não pode ser feita de forma precipitada e irresponsável. Informamos que já temos uma proposta para esse novo piso e estamos dispostos a aplicá-lo ainda neste mês.
7. A partir desse momento, o que vimos foi uma sucessão de hostilidades ao Diário, com evidente motivação política, como aliás tem sido a posição do sindicato nas questões que envolvem as empresas ou os jornalistas do grupo. Esse histórico de agressões gratuitas por parte do sindicato já vem de algum tempo. Foi assim, por exemplo, quando um jornalista de um outro jornal foi agredido por acionista de um grupo de comunicação e, para espanto de todos, o sindicato emitiu uma nota oficial atacando Diário, que nada tinha a ver com o episódio. Foi assim, quando recentemente jornalistas do grupo foram demitidas de órgãos do governo pelo simples fato de trabalharem aqui. Não se viu nenhum ato de repúdio a esses atos de intolerância e constrangimento por parte do sindicato, em apoio a esses profissionais. Entretanto, quando ocorreu o lamentável episódio da publicação pelo Diário de uma foto de um hospital de Honduras como se fosse da Santa Casa, de imediato o sindicato emitiu uma dura nota contra o grupo, esquecendo que quem faz o jornal ou os programas de rádio e TV do grupo são jornalistas que integram a classe. Admitimos o erro publicamente, mas o posicionamento do sindicato limitou-se a atacar os jornalistas, ignorando que TODAS as demais informações contidas na matéria eram corretas e sequer mereceram contestação por parte da assessoria do governo.
8. Finalmente, a diretoria do sindicato, constituída por profissionais de outras empresas e de outras entidades interessadas no enfraquecimento do jornal, partiu para um ataque sobre o Diário exigindo o piso proposto e radicalizando as ações, incluindo a invasão da portaria do prédio, além de agressões através de falsos perfis nas redes sociais e ameaças de greve. A empresa nunca se negou em negociar. Essa é uma filosofia administrativa que seguimos à risca. Sempre estaremos dispostos a negociar. Havia uma reunião marcada, solicitada pelo Diário através de ofício ao sindicato, na manhã de ontem, mas, para a nossa surpresa, o sindicato encaminhou na véspera uma carta informando que a categoria havia decidido entrar em greve. Todos sabem que a greve interrompe qualquer negociação. É um ato de força que visa impor a vontade unilateral de uma categoria. Evidentemente, depois disso, a reunião foi cancelada. Não é possível negociar num cenário desses, onde o radicalismo e outros interesses se colocam acima do real objetivo de se trabalhar pela valorização dos jornalistas. Todos concordamos que jornalista vale mais! Entretanto, temos responsabilidades que precisam ser enfrentadas e que impactam na saúde financeira das empresas, especialmente da mídia impressa, no cenário atual da economia brasileira, onde todos buscam meios de continuar prestando bons serviços à população.
A crise pelo qual passam todos os segmentos da economia brasileira não pode ser ignorada, principalmente por quem tem a obrigação de estar bem informado.
9. Por último, apesar de toda a crise instalada no setor há anos, temos trabalhado intensamente para manter os postos de trabalho, pagar salários em dia, continuar expandindo e até gerando mais empregos e vamos continuar a fazê-lo, apesar de tentativas de nos impedir de trilhar esse caminho. Outras empresas de comunicação têm demitido profissionais em massa e o sindicato reagiu com nota tão discreta que passou até despercebida.
Reiteramos que estamos sempre abertos à negociação respeitosa, responsável e objetiva, sem radicalismos e conotações políticas.
Esta é será sempre a nossa filosofia empresarial. Com esse objetivo, convidamos os jornalistas do grupo a constituírem uma comissão, com a participação de um representante do sindicato à escolha dessa comissão, para uma reunião com as Gerências de Jornalismo e de Recursos Humanos do Diário, nesta quinta-feira (19), às 14h, na sala de reuniões, no quinto andar, para mais uma vez discutirmos o assunto e tentarmos chegar a um acordo.
A Direção"
UGT - União Geral dos Trabalhadores