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O clamor das ruas!


23/06/2013

23/06/2013
Era de se esperar algum clamor perto da abertura da Copa do Mundo de 2014 no Brasil - que começa com a Copa das Confederações. Era...

Mas muita gente (no governo, no mundo sindical, na mídia, na sociedade etc.) achava que o Brasil é um país com um povo que - só - gosta de festa. E, no entanto... não é preciso detalhar o arrastão social e democrático que se espalhou pelo País.

Multidões foram às ruas nas grandes cidades. As palavras de ordem foram as mais variadas possíveis, com destaque para o preço dos transportes. Gente de todas as idades, mas na maioria jovens.

Faz lembrar muitos movimentos que já ocorreram no Brasil, como o das Diretas Já, o do Fora Collor, e a própria resposta ao golpe de 1964.

Nas manifestações atuais a articulação se deu por meio das redes sociais (Internet), mas foi ajudada" pela grande repressão (da polícia) aos primeiros atos. O que surpreendeu a todos.

O que está ocorrendo no País também coloca em destaque a política de criminalizar as manifestações. Até estes atos, sindicatos não podiam fazer passeatas na Avenida Paulista, por exemplo. Multas pesadas eram estipuladas. Como se numa democracia não houvesse mais espaço para a luta democrática.

O debate está em todos os jornais e nas tevês, bem como domina as conversar diárias. E todos têm prontamente uma resposta: ainda não dá para saber o que ocorreu (e está ocorrendo)
e muito menos para onde isso vai...

Muitos dos fatores que contribuíram para os acontecimentos atuais são do conhecimento de todos. Há pobreza de temas em debate no País. Há pobreza de articulação entre governos e sociedade. Há uma desqualificação dos atores importantes nesses processos.

Veja-se o caso da terceirização. Setor que emprega cerca de 8,5 milhões de trabalhadores, ela não tem regulamentação. Há 20 anos o Congresso a debate, mais de 20 projetos foram apresentados e nunca se deu prioridade para uma regra ampla para a atividade. Em linhas gerais, a maioria defende o fim da terceirização. E ponto!

O que ocorreria no dia seguinte à aprovação do fim da terceirização? Milhões de famílias ficariam sem norte sobre o que fazer de suas vidas. Não é pouco. Não deveria ser tratado como assunto desprezível. Mas o que se tem é a burocratização do tema e nada resolvido.

Assim como com a terceirização, o Brasil não dá prioridade para uma agenda moderna de debates e soluções. Isso vale para a educação, a saúde, o trabalho e o transporte, dentre outros temas essenciais para o exercício da cidadania.

O SINDEEPRES faz gestões há 21 anos para se avançar no tema da regulamentação da terceirização, mas a luta é dura e o trabalhador não é ouvido. Daí a pressão do sindicato de todas as formas, pois cabe a nós garantir segurança ao trabalhador terceirizado.

Trabalhador este que foi fundamental para as obras da Copa e é fundamental para toda e qualquer obra no País. Para todo e qualquer serviço público e privado. Mas que perdeu muitos postos de trabalho, pois o Brasil aceitou o que a Fifa exigiu: uma leva fantástica de milhares de voluntários. Quanto se perdeu com essa decisão "bonita" de haver uma massa de voluntários? Quem organizou a cerimônia de abertura não cobrou para pensar numa alegoria, na criação de uma coreografia? E quanto deixou de ganhar o voluntário que ficou dias ensaiando e fez uma bela apresentação para o mundo?

É por essas e por outras que o Brasil precisa rever sua agenda de temas. Não basta só gerar emprego: é preciso dar segurança e formação contínua ao trabalhador. É preciso ver que os desafios são diários e que a sociedade exige respostas. Mais do que ter respostas, ela quer ser ouvida.

Estamos falando, novamente, de 8,5 milhões de brasileiros. Governo, Congresso, centrais, partidos, classe empresarial e mídia devem priorizar a regulamentação. E que ela tenha o trabalhador como real e maior beneficiário.

O SINDEEPRES defende essa luta!

*Genival Beserra Leite é presidente do Sindicato dos Empregados em Empresas de Prestação de Serviços a Terceiros, Colocação e Administração de Mão de Obra, Trabalho Temporário, Leitura de Medidores e Entrega de Avisos do Estado de São Paulo - SINDEEPRES - uma entidade sindical de representação de classe profissional fundada em 31 de agosto de 1992. www.sindeepres.org.br"


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