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Lula condena monopólio da mídia


08/04/2013

08/04/2013
O presidente da União Geral dos Trabalhadores - UGT, Ricardo Patah, participou ao lado de lideranças políticas e sindicais na sede do Parlamento do Mercosul, em Montevidéu, no Uruguai do debate Transformações em risco? Perspectivas e tensões do Progressismo na América Latina", realizado pela Confederação Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas (CSA) e Fundação Friedrich Ebert (FES), ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do presidente do Uruguai, José Mujica e de Victor Báez, secretário geral da CSA. O encontro aconteceu na noite de quinta-feira (4), com a participação de mais de 500 pessoas.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi contundente ao condenar o monopólio dos meios de comunicação, afirmando que no Brasil não pode continuar com o controle da comunicação mas mãos de poucas famílias. Enquanto o presidente uruguaio comparou o controle da comunicação com a ditadura militar. Victor Báez, secretário geral da CSA, foi o primeiro a responder perguntas do mediador Geraldo Caetano. Ele colocou em discussão a democratização dos meios de comunicação, destacando que "toda vez que a imprensa noticia algum tema de cunho social, a matéria vem cheia de preconceitos e criticas ao processo de inclusão", lembrando que esse é o desafio da América Latina para consolidar e avançar a democracia e o combate à desigualdade".
Lembrando que a América Latina, mesmo diante dos avanços econômicos e sociais obtidos nos últimos anos continua apresentando a terceira maior desigualdade de renda do planeta o moderador perguntou aos debatedores quais as medidas a serem adotadas frente à tamanha gravidade.
Lula respondeu que a primeira medida pratica será elegendo governos democrático-populares, "pois não se consegue mudar em 10 anos toda uma herança de desmandos, mas é possível que um governo conservador retroceda do dia para a noite". "Em vários dos nossos países da América Latina conseguimos reafirmar o Estado como um polo de desenvolvimento. Conseguimos acabar com a ideia que o Estado não servia, não prestava, e que o mercado, que só atua onde tem lucro, é quem tinha as soluções. Mas o que vimos na Europa é que o deus mercado faliu e quem teve de socorrer foi o pobre diabo do Estado", advertiu.
O ex-presidente brasileiro ainda fez duras criticas a concentração dos meios de comunicação afirmando já ter ouvido de Obama, presidente dos Estados Unidos e de Angela Merkel da Alemanha, reclamação sobre o comportamento da mídia. "Penso que nós não devemos ter monopólios de mídia no Brasil, onde poucas famílias mandam no setor. Isso é contra a democracia que, para mim, não é uma coisa menor. A democracia é a única razão de ser e a única maneira de um governo de esquerda implementar as mudanças necessárias".
Já o presidente José Mujica comparou a ditadura militar aos grandes conglomerados de comunicação e defendeu "mecanismos de regulação" que garantam a diversidade de opiniões, lembrando que em seu País a "liberdade de imprensa tem de passar pelo olho da fechadura de um sistema empresarial muito estreito", afirmando que atualmente no mundo não existe liberdade de imprensa e sim liberdade de empresa.
Em relação a América Latina José Mujica assegurou que " daqui há 15 anos seremos o Continente mais invejado do mundo, porque somos detentores de recursos de caráter estratégico, com abundância de água, com imensas potencialidades que agora começam a se tornar realidade". Ele também pediu apoio do ex-presidente Lula para que, até 2014, não exista mais fronteiras entre Brasil e Uruguai, havendo livre transito de mercadoria e de pessoas.
No final do debate, Lula disse que é otimista em relação a América Latina e que as decisões coletivas devem ser implementadas, lembrando que dificilmente haverá um retrocesso no continente: "Quem comeu carne pela primeira vez dificilmente vai se acostumar a comer sem carne. Não há nada que faça a América Latina retroceder. Que se cuide quem quiser ser governo, pois o povo aprendeu a conquistar as coisas".

Mauro Ramos, de Montevideú"


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