27/11/2012
27/11/2012
Representantes dos trabalhadores, dos empresários e do governo federal, que compõem a Comissão Tripartite que vem nos últimos anos debatendo a Norma Regulamentadora (NR) dos frigoríficos, concluíram com êxito seus trabalhos aprovando 16 artigos com 216 subitens para enfrentar o alto número de adoecimento por condições de trabalho que atinge o setor. A NR dos Frigoríficos traz melhorias fundamentais para a saúde e a segurança da categoria, com mudanças nos ambientes de trabalho, no ritmo e no tempo de exposição, estabelecendo pausas de dez minutos a cada 50 minutos trabalhados. Esta norma deve contemplar três questões fundamentais para enfrentar a epidemia de lesões e mutilações que vem abatendo, literalmente, os trabalhadores nas indústrias da alimentação: a redução da intensidade do ritmo e das longas e extenuantes jornadas, além de mudanças ergonômicas nos ambientes de trabalho.
Para se tornarem competitivas internacionalmente, e exportarem quatro milhões de toneladas, as empresas estão provocando enfermidades em larga escala devido à altíssima repetitividade e frequência dos movimentos ao longo da jornada. Assim é que após 1995 começou a aparecer o adoecimento em larga escala de punhos, braços, cotovelos e ombros. Sem descanso, pelo ritmo intenso a que estão sendo submetidas, as articulações são danificadas", alertou Paulo Serro, auditor fiscal de Santa Catarina, que viveu 27 anos dentro de frigoríficos, "antes desta tragédia toda", a respeito da multiplicação das Lesões por Esforço Repetitivo e Distúrbios Osteo-musculares Relacionados ao Trabalho (LER/DORT).
O setor de frigoríficos responde atualmente a 7% do PIB brasileiro, empregando mais de 900 mil trabalhadores submetidos a movimentos repetitivos e a um ritmo intenso e exaustivo de trabalho. Cerca de 90% da exportação brasileira de carnes é de produtos cortados em pequenos pedaços, que exigem um número enorme de movimentos repetitivos e acelerados.
Segundo dados do Ministério do Trabalho somente em 2010, houve 30.000 afastamentos por motivos de doença, e 12.000 deles diretamente ligados a esforços repetitivos. O setor frigorífico é o número um no ranking de doenças laborais.
Após a aprovação da NR o texto será enviado à CTPP (Comissão Técnica Permanente Paritária), que encaminhará o documento para o ministro.
Ao tomar a Palavra o representante da UGT no grupo de trabalho, o Técnico de Segurança Adir de Souza falou do "momento histórico, pois esta norma irá atender mais de 1 milhão de trabalhadores, e que em nome do presidente nacional da UGT, Ricardo Patah, parabeniza a todos
disse ainda que em nome dos Técnicos de Segurança no Trabalho, esta norma deveria se chamar norma Siderlei, pela luta deste velho e combatente sindicalista que se emocionou ao falar ao término dos trabalhos. Siderlei de Oliveira, presidente da CONTAC, responsável da transformação de sua indignação - e a de todos os militantes da saúde do trabalhador e trabalhadora com os acidentes e doenças relacionadas ao trabalho de milhares de trabalhadores de nosso país - na construção desta norma. O Trabalho em conjunto com atores sociais, a bancada de Governo representada pelo Ministério do Trabalho e Fundacentro, a bancada empresarial, e dos trabalhadores pelas Centrais Sindicais, CUT, UGT e FORÇA SINDICAL, se orgulham desta conquista".
"A implantação desta NR específica para este setor, visando instituir pausas obrigatórias durante a jornada de trabalho e outras regras que visam à saúde do trabalhador e da trabalhadora, é ponto de honra ao movimento sindical brasileiro, pois é de longa data a luta incansável de parte de nossos representantes e do Ministério Público. As denúncias, pesquisas, estatísticas deixam clara a urgência para os novos passos para a publicação e cumprimento dos critérios discutidos na mesma. Faço um convite aos companheiros e companheiras que assistam a esta produção documentária que nos esclarece, emociona e colabora com a nossa indignação e desejo de lutar por melhores condições de vida, trabalho e saúde de todos os trabalhadores", referenda Cleonice Caetano Souza, secretaria nacional de saúde e segurança no trabalho da UGT, ao mencionar o documentário Carne Osso.
"Carne Osso'. Um mergulho no mundo dos frigoríficos brasileiros
Quem trabalha em um frigorífico se depara diariamente com uma série de riscos que a maior parte das pessoas sequer imagina. Exposição constante a facas, serras e outros instrumentos cortantes
realização de movimentos repetitivos que podem gerar graves lesões e doenças
pressão psicológica para dar conta do alucinado ritmo de produção
jornadas exaustivas até mesmo aos sábados
ambiente asfixiante e, obviamente, frio - muito frio.
Assistam aos vídeos:
Carne e Osso (parte 1 e 2)
http://www.youtube.com/watch?v=VEMCusBprw0&feature=related
Linha de Desmontagem
http://www.youtube.com/watch?v=BYHel1oZ62o&feature=relate"
UGT - União Geral dos Trabalhadores