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ANVISA faz terrorismo alimentar# quando o assunto é uso de agrotóxicos


30/10/2012

30/10/2012
Buscando levar a nível nacional a discussão sobre o uso indiscriminado de agrotóxico por parte do agronegócio a União Geral dos Trabalhadores (UGT), promoverá no próximo dia 13 de novembro, no hotel Excelsior, em São Paulo, um seminário para debater os prós e os contras no uso de defensivos agrícolas na produção em massa de alimentos.

O Brasil, que já é considerado um dos maiores consumidores de agrotóxicos do mundo, convive com o dilema de produzir alimentos de qualidade, barato e em quantidade suficiente para alimentar uma população que não para de crescer. Tudo isso sem esquecer os produtos que são destinados à exportação.

Desta maneira o seminário fará um parâmetro entre a necessidade de se produzir alimentos em escala industrial e a qualidade dos produtos que chegam à mesa da classe trabalhadora brasileira.
Dentre os convidados a ministrar palestras esta, Anita de Souza Dias Gutierrez, engenheira agrônoma, doutora em Produção Vegetal e Chefe do Centro de Qualidade em Horticultura da CEAGESP desde 1997.
Em entrevista ao site da UGT, Anita falou sobre o terrorismo alimentar" que a ANVISA vem fazendo e qual o papel das entidades de classe em relação aos agrotóxicos.
UGT - Os agrotóxicos são heróis ou vilões para os consumidores brasileiros?
Anita - A grande maioria dos consumidores brasileiros pertence à população urbana. A proporção da população urbana vem crescendo rapidamente: em 1950 era de 36%, em 2000 81% e em 2010 84% da população total. No Estado de São Paulo a proporção da população urbana já chegou a 96% em 2010, com somente 4% de população rural.

A rápida urbanização da população brasileira e a sua concentração nas grandes regiões metropolitanas - 47% da população em 2010, contribuiu muito para o crescente distanciamento entre a população urbana e a agricultura e para a percepção dos agrotóxicos como vilões pelos consumidores brasileiros.

O vilão escolhido está longe do seu dia a dia e é fácil de bater.
A população urbana não sabe de onde vem e de como é produzido o alimento, o vestuário, o calçado, o papel, a madeira, o combustível como o álcool e o carvão de madeira e outros inúmeros produtos que fazem parte do seu dia a dia e que exigem investimentos, insumo e muito serviço agrícola.

UGT - Segundo dados da Embrapa, no mundo são consumidos, aproximadamente, 2,5 milhões de toneladas de agrotóxico e só no Brasil esse consumo tem sido superior a 300 mil toneladas do produto. Como você avalia essa situação?

Anita - ' O diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), José Agenor Álvares da Silva, afirmou ,em 15 de maio de 2012, que o País é responsável por 1/5 do consumo mundial de agrotóxicos. O Brasil usa 19% de todos os defensivos agrícolas produzidos no mundo
os Estados Unidos, 17%
e o restante dos países, 64%. Ele citou pesquisa segundo a qual o uso desses produtos cresceu 93% entre 2000 e 2010 em todo o mundo, mas no Brasil o percentual foi muito superior (190%).'
'O artigo publicado pela Agencia de Informação da EMBRAPA diz que: Anualmente são usados no mundo aproximadamente 2,5 milhões de toneladas de agrotóxicos. O consumo anual de agrotóxicos no Brasil tem sido superior a 300 mil toneladas de produtos comerciais. Expresso em quantidade de ingrediente-ativo (i.a.), são consumidas anualmente cerca de 130 mil toneladas no país
representando um aumento no consumo de agrotóxicos de 700% nos últimos quarenta anos, enquanto a área agrícola aumentou 78% nesse período. '

O agrotóxico é um insumo da produção agrícola. Em muitos países ele é conhecido como pesticida - utilizado para o controle de pragas e doenças na agricultura e o seu registro e utilização são mantidos sob controle. A legislação brasileira é uma das mais restritivas no mundo.

O Brasil já e um dos maiores produtores agrícolas do mundo e o que tem maior possibilidade de crescimento. Ele não utiliza mais que 20% da sua área com lavouras.
O grande crescimento da produção agrícola brasileira se deve ao crescimento da produtividade, da competência tecnológica dos agricultores e técnicos brasileiros. Não se pode falar de aumento de área, mas sim de aumento de produção. O crescimento da produção vegetal entre 1970 e 2012 foi de 782%. Precisaríamos considerar ainda a utilização de agrotóxicos na produção animal de carne de boi, aves, ovo, porcos, coelhos, carneiros e cabritos, peixes, pescado, e outros, que também cresceu muito nos últimos anos.

A utilização indevida de agrotóxico existe e deve ser combatida. Hoje os agrotóxicos mais modernos são menos tóxicos ao meio ambiente, aos inimigos naturais da praga e à saúde humana. A utilização do controle biológico está crescendo.

É muito necessário um trabalho de orientação e de controle da utilização de agrotóxicos e da implantação de uma agricultura preventiva, como é o exemplo do Programa de Produção Integrada do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

UGT - Como entidade de classe, a UGT vem encampando medidas para enfrentamento ao uso indiscriminado de agrotóxicos e, consequentemente, para melhoria da alimentação que a população consome. Como você vê essa iniciativa?

Anita - É preciso tomar muito cuidado. Hoje a política adotada pela ANVISA é de terrorismo alimentar.
A maioria das denúncias feitas pela ANVISA são de resíduos de agrotóxicos não registrados para o produto analisado. O agrotóxico é registrado para tomate e utilizado em pimentão por falta de alternativa. O produtor das 'pequenas culturas' precisa combater a praga e não consegue fazê-lo dentro da lei. O problema existe para as culturas que ocupam pequenas áreas como as frutas, hortaliças, flores, plantas ornamentais. São as culturas que ainda permitem a sobrevivência digna do pequeno produtor.
A solução para este problema foi encaminhada pelos países desenvolvidos com a simplificação dos registros de agrotóxicos.
No Brasil a solução para a situação atual está nas mãos do governo, que sabe da situação, está sendo pressionado pelos produtores, mas não consegue concretizar uma solução.

A UGT precisa entrar na briga pela solução da atual situação e não se tornar um agente do terrorismo alimentar, que acaba punindo indiscriminadamente todos os produtores de frutas e hortaliças e apavorando os consumidores.

UGT - Existe uma política de controle na utilização de agrotóxicos?
Anita - Sim. É responsabilidade dos Ministérios da Agricultura, Saúde e Meio Ambiente.
UGT - Como controlar a qualidade dos alimentos?
Anita - Exigindo rotulagem, a identificação do responsável pelo produto. Exigindo manuseio mínimo. As frutas e hortaliças devem ser expostas no varejo com a caixa do produtor. O manuseio é fonte de contaminação, piora de qualidade e perda de rastreabilidade.

UGT - Os alimentos orgânicos podem ser produzidos em grande escala?
Anita - Não. Produzir alimentos orgânicos em grande escala exige em primeiro lugar o reaproveitamento de todo o lixo e todo o esgoto urbano. As transformações obedecem à lei de Lavoisier: 'Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma'.

UGT - Porque quando se fala de produtos que não agridem o meio ambiente ou que sejam saudáveis, seus preços finais são extremamente altos?
Anita - Normalmente as frutas e hortaliças orgânicas têm um valor 30% superior aos outros. É um nicho de mercado. O alimento orgânico está mais sujeito a contaminações microbiológicas- veja o exemplo da Alemanha. A legislação brasileira é muito rigorosa quanto a segurança dos alimentos. A preservação do meio ambiente não é prerrogativa da agricultura orgânica. O grande crescimento do plantio direto é um exemplo da contribuição da agricultura moderna para a preservação do meio ambiente. Além disso todos os produtores devem obedecer a lei ambiental.

UGT - Como um produto produzido sem o aditivo de defensivos agrícolas pode custar mais nas gôndolas dos supermercados?
Anita - A produtividade é bem menor. Custa mais caro produzir orgânico. A oferta é menor.

UGT - A CEAGESP tem um setor específico apenas para alimentos "orgânicos"?
Anita - Nós já tentamos criar um Espaço Orgânico na CEAGESP, mas os desentendimentos entre as diferentes organizações de orgânicos impediram a concretização do projeto.

UGT - A agricultura familiar é uma saída que poderia suprir as necessidades alimentares de uma população do tamanho da brasileira?
Anita - Não. Algumas culturas de baixa rentabilidade por hectare exigem grandes áreas de produção e mecanização como a cana, a soja e outras grandes culturas.

UGT - De que forma entidades como a UGT podem contribuir para melhorar a qualidade dos produtos que vão a mesa do trabalhador e como é possível fiscalizar o uso indiscriminado desses produtos?
Anita - UGT pode contribuir:
1º. Na solução da falta d"


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