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Chile: a luta por educação de qualidade e gratuita para todos


11/01/2012

11/01/2012
O que começou com uma manifestação de estudantes, logo ganhou força e a adesão de outras categorias da sociedade que reivindicam a reforma no sistema educacional do país

Em 2011, a imprensa brasileira divulgou dezenas de manifestações dos estudantes chilenos, que reivindicam reformas, urgentes, na política de educação do país.

De forma irreverente e pacífica, os universitários filiados à Confederação de Estudantes do Chile (CONFECH), em 12 de maio, promoveram a primeira de uma série de atos que se estendem no decorrer de 2011 e levaram suas bandeiras de luta para os quatro cantos do planeta, ganhando visibilidade mundial.

A luta dos estudantes chilenos, com o passar dos meses ganhou força em sua base e a adesão de outros setores, uma vez que a crise no sistema educacional foi o estopim que expôs o desconforto popular por uma série de medidas adotadas pelo governo ao longo das duas últimas décadas.

Segundo Fernando de La Cuadra, sociólogo chileno e doutor em ciências sociais, este apoio popular era evidente e uma questão de tempo. Esse sistema educacional é falho, caro e fortalece a desigualdade social no país. Era evidente que as pessoas endividadas e insatisfeitas aderissem ao movimento".

Além dos estudantes, as manifestações ganharam o apoio de professores, funcionários da saúde, servidores públicos, aposentados, entre outras categorias da sociedade que, um dia aceitaram um modelo de ensino que garantia a melhoria de vida para a população, mas que fez com que aumentasse o endividamento das famílias de classe média e aumentando a desigualdade social.

Os protestos

As manifestações bem humoradas, que inundam os veículos de comunicação de todo o mundo, levantando a problemática vivida pelo povo chileno, por conta da força e da repercussão que teve, em pouco tempo deu lugar a repressão policial, agressões e prisões, mesmo assim as ações ganharam maior participação popular e se fortaleceram.

Dentre as pautas de reivindicações, os manifestantes lutam por uma educação pública gratuita e de qualidade para a população, pelo fim dos repasses voltados as entidades educacionais privadas, por educação municipalizada, melhorias na infraestrutura dos estabelecimentos públicos de ensino fundamental e superior, além da gratuidade para os estudantes que utilizam o transporte público.

Por conta das mobilizações, O presidente do Chile, Sebastián Piñera anunciou o aumento de 7,2% dos recursos destinados a educação, o que prevê um repasse para o setor de 11,65 bilhões para o setor. A medida foi aprovada por uma comissão do Senado, mas desagradou os estudantes que consideram insuficientes.

Para o sociólogo Fernando, esses protestos não têm prazo pata terminar, pois as propostas são de extremo interesse da população e representa um avanço no que se refere ao desenvolvimento do país. "Esta é uma luta de toda a sociedade chilena, pois a educação tem de ser prioridade para um país que está em pleno desenvolvimento".

Divida para muitos e educação para quem pode pagar

O sistema de educação chileno é uma medida proveniente da ditadura militar de Augusto Pinochet (1973-1990), que segue uma linha ultraliberal dos anos 80, em que o ensino tornou-se produto de mercado da livre concorrência.

Desta forma, as instituições de ensino foram divididas em três grupos: as públicas, que foram municipalizadas
as privadas subsidiadas, onde o aluno recebe verga do governo para concluir os estudos
e as instituições particulares, onde as mensalidades são arcadas, totalmente, pelas famílias com melhores condições financeiras.

Esse sistema educacional, fez com que os índices de estudantes que chegassem a universidade no país passasse de 4% ou 5% para os atuais 40%. Os números impressionam, mas as famílias precisaram pagar um valor muito alto por essa educação, o que fez com que as famílias se endividassem com o Estado.

Fábio Ramalho, da Redação da UGT"


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