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UGT convida José Serra para início de debates da #conjuntura política, social e econômica do país


30/08/2011

29/08/2011

A União Geral dos Trabalhadores (UGT), como entidade plural, começou um ciclo de palestras, nesta segunda-feira, 29 de agosto, para discutir a conjuntura política nacional. E teve como primeiro convidado, o ex-governador José Serra, que esteve na sede da entidade, em São Paulo, para falar do cenário internacional e a importância das ações do movimento sindical nas políticas públicas para ajudar no crescimento econômico de uma nação. Chamou a atenção pelo processo de desindustrialização do Brasil e a necessidade de se pensar em políticas sociais de abrangência universal, tendo como resultado a geração de emprego do povo brasileiro.

UGT é uma central sindical voltada para inclusão social, emprego e cidadania. Temos um projeto de debate e diálogo com pessoas que têm uma visão cosmopolita e o José Serra tem essa envergadura, por ser originário de um movimento estudantil e ter ocupado cargos importantes na política nacional, com propostas inovadoras", abre a discussão Ricardo Patah, presidente nacional da UGT, que visa buscar uma nova cara à central, com influência em políticas públicas como saúde, educação e segurança no trabalho.
José Serra, que agradece o apoio que a UGT deu a ele pelo Brasil, declara que tem uma aproximação com a entidade, que sempre acompanhou o crescimento da UGT. Pontuou três coisas: a crise internacional, as políticas sociais e o movimento sindical.

Quando o assunto é crise, Serra chama a atenção para os cortes de gastos, explicando que isso é um gerador de desempregos. Estados Unidos (pelas diferenças de regimes Republicano e Democrata e eleições partidárias) e Europa (moeda única, com a questão da União Europeia), cada qual com suas preocupações fiscais, deixou de lado a questão do emprego, o que os enfraqueceu.
"O Brasil entra em dois caminhos", expõe o ex-governador. "A exportação de alimentos e matérias primas é o que segura o País. Os preços do açúcar, soja, carne e minério de ferro dão o equilíbrio nas contas internacionais do Brasil. Estamos com déficit na balança de pagamentos (decide-se o que importa e o que exporta, mais os juros que tem que pagar). Com economia para baixo, o déficit pode ser fator positivo e empurra a economia para frente. Mas ainda estamos no desequilíbrio, porque a indústria foi para baixo, o país está se desindustrializando. Juros elevados e a moeda valorizada".
O Brasil depende das commodities, onde 30% das importações europeias e americanas são dos produtos brasileiros," porém vai abaixar", alerta. "Temos a indústria ruim e o Brasil com problemas de pagamentos . O outro caminhinho é que vai aumentar a concorrência lá fora. Todo mundo quer vender (quando se incorpora o consumo nos países). Para investir no Brasil, com a desvalorização do dólar, fica muito caro, por isso o aumento nos preços dos produtos. Para investir, precisa de atividade rentável. Custo da mão de obra brasileira aumentou e o salário não. Economia é como medicina, senão tiver prevenção, tem que correr atrás do prejuízo", salienta sobre a importância de o movimento sindical olhar para a economia e criar um debate para o desenvolvimento de um crescimento sustentável.
Um mercado com visão ampla gera bons empregos. "De 2002 a 2010 os dados mostram que o emprego no Brasil cresceu para os estratos de camadas com até dois salários mínimos, porém o número de carteiras assinadas para quem ganha a partir de R$ 3 mil, caiu. O que significa que estamos perdendo o emprego com qualidade", enfatiza.
Uma outra questão no Brasil é a área social. "Uma das questões são as políticas universais sociais, política para todo mundo: saúde, educação, que não rendem tanto do ponto de vista eleitoral, mas a médio e longo prazo, tem um peso na vida das pessoas", argumenta Serra, uma vez que tem a ver com emprego de todo mundo. E se colocou à disposição para ajudar a UGT nas questões relativas às especificidades do movimento sindical como aposentadoria e fator previdenciário, para lutar por contrapropostas, como nas questões mais abrangentes, onde urge a necessidade de as políticas públicas serem mais universais.
Mariana Veltri, da redação da UGT
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