19/08/2011
19/08/2011
Os salários ganharam da inflação no primeiro semestre deste ano. De um total de 353 acordos fechados no período, 84% conseguiram índice de reajuste acima da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). O resultado ficou três pontos percentuais abaixo do apurado nos primeiros seis meses de 2010, ano que é considerado excepcional pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), entidade que realiza a pesquisa.
Segundo o Dieese, a principal diferença entre os dois períodos está no percentual de negociações que não conseguiram alcançar aumento salarial acima da inflação - 6,8% no primeiro semestre de 2011 e 4%, em 2010.
Nos 44 acordos fechados no comércio, não houve nenhum reajuste abaixo da inflação. Na indústria, 87% dos 161 reajustes tiveram ganhos reais, 9,9% apenas compensaram a inflação do período e 3,1% ficaram abaixo do INPC. Os serviços tiveram o pior resultado: 77% dos 148 aumentos ficaram acima da inflação, 9,5% igualaram o índice e 12,8% perderam para o INPC.
Apesar dos ganhos em relação à inflação, os salários continuam crescendo bem abaixo da produtividade média da economia, avalia o coordenador de relações sindicais do Dieese, José Silvestre Prado de Oliveira. Segundo ele, se o Produto Interno Bruto (PIB) de 2011 crescer 4%, a economia terá avançado três vezes mais no período de 2008 a 2011 do que o ganho real médio de 4,6% alcançado no mesmo triênio. No primeiro semestre, o reajuste real médio negociado foi de 1,37%, contra 1,59% no mesmo período do ano passado.
Os dados revelam que, no que pesem os bons resultados, os reajustes de uma maneira geral estão muito próximos do INPC ", afirma Oliveira. Segundo os dados do Dieese, 25% dos reajustes salariais acima da inflação ficaram concentrados na faixa entre 0,01 ponto percentual e 1 ponto acima do INPC. Por outro lado, a fatia dos aumentos entre 3,01 a 4 pontos percentuais acima do índice teve ligeiro aumento - de 6,2%, no primeiro semestre de 2010, para 6,8% em igual período de 2011.
A diferença entre os dois anos é muito pequena e aponta uma tendência que deve ser seguida ao longo do segundo semestre, período que concentra campanhas salariais de importantes categorias, como petroleiros, bancários e metalúrgicos, prevê Oliveira. "A expectativa é que fechemos 2011 com resultados muito parecidos com os de anos anteriores. " Em 2010, 89% dos reajustes tiveram aumento real.
Para o coordenador do Dieese, é certo que a inflação de 2011 será bem maior do que a de 2010, mas isso não é provocado pelos reajustes salariais, já que, até o meio do ano, "o salário médio cresceu bem abaixo da produtividade média da economia".
Fonte: Valor Econômico"
UGT - União Geral dos Trabalhadores