30/06/2011
29/06/2011
Diante do anúncio que o Banco Nacional do Desenvolvimento - BNDES injetará R$ 4,5 bilhões no negócio entre os grupos Pão de Açúcar e Carrefour, dois gigantes privados, com fartos recursos próprios, a União Geral dos Trabalhadores - UGT, manifesta sua contrariedade a que recursos públicos, oriundos dos trabalhadores, sejam direcionados para financiar o nascimento de um gigante monopolista de proporções nunca vistas em toda a história brasileira.
Ao financiar a criação desse gigante monopolista que ficará responsável por cerca de 32% do mercado varejista/supermercadista no Brasil, em claro prejuízo aos consumidores, à concorrência e aos empregos dos trabalhadores, o BNDES afasta-se dos objetivos que lhe foram outorgados pela sociedade brasileira, que são justamente os de atuar no desenvolvimento econômico do nosso País, no aumento da produção, na abertura de oportunidades para novos empreendedores, no apoio às micro e pequenas empresas, no aumento da industrialização, no combate às desigualdades regionais e no apoio a programas de inclusão social.
Vale assinalar que boa parte dos recursos do BNDES provém do Fundo de Amparo de Trabalhador (FAT), isto é, dinheiro do trabalhador e, portanto, só devem ser dirigidos prioritariamente à geração de emprego e qualificação profissional e não para financiar a formação de um gigante monopolista que trará prejuízos aos consumidores e aos trabalhadores, pois na prática elimina a concorrência e impõe uma forte e inédita concentração no setor varejista/supermercadista, que significará o estabelecimento de um conglomerado dominante no setor de distribuição de alimentos e demais produtos e trará impactos negativos em termos de emprego e das cláusulas sociais que hoje vigem.
Para a UGT, uma ação dessa envergadura não pode ser uma decisão exclusiva do BNDES, do Carrefour e do Pão de Açúcar, não pode ser uma ação realizada sem ouvir a nação. Para nós, devem ser ouvidas as centrais sindicais, os empresários do setor, a Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados, o Conselho Administrativo de Direito Econômico (que precisa ser democratizado garantindo a presença de trabalhadores e empresários até para ter uma visão social e não meramente economicista dos processos de fusões e aquisições que se alastram) e todos os principais órgãos de defesa do consumidor. Este é o único caminho capaz de barrar tal fusão, ainda mais com recursos públicos e ainda por cima com juros subsidiados, um verdadeiro absurdo.
Conclamamos o Executivo, o Parlamento, os órgãos de defesa do consumidor e da concorrência, os trabalhadores e empresários do setor e todo cidadão brasileiro a se manifestarem contra esse processo concentracionista e oligopolista financiado com recursos públicos e dos trabalhadores, com claros prejuízos aos consumidores.
Ricardo Patah, é presidente da União Geral dos Trabalhadores - UGT
UGT - União Geral dos Trabalhadores