27/04/2011
27/04/2011
Levar a vida em alta velocidade, driblar o trânsito das grandes cidades para salvar uma vida, exige dos motoristas de ambulância precisão e doação de seu próprio tempo. Os profissionais, que em sua maioria excede sua carga horária, lutam para o reconhecimento dos direitos da categoria. A Associação dos Motoristas Condutores de Ambulâncias do Estado de São Paulo (Amcaesp) e a União Geral dos Trabalhadores (UGT) procuram, junto à prefeitura de São Paulo, acordo para regularizar a profissão de mais de 400 motoristas da rede pública que realizam trabalho para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). E a luta é para fazer valer a todo o território brasileiro.
Sem estabilidade jurídica no campo da segurança e medicina do trabalho, razão pela qual há necessidade de qualificar esta categoria, a UGT luta para que seu sindicato filiado, o dos Motoristas de Ambulância do Estado de São Paulo (Sindmaesp), e muitos outros da categoria conquistem o reconhecimento do poder público e privado.
Alex Douglas dos Santos, presidente da Amcaesp, está na profissão há 16 anos e chama atenção pela insalubridade laboral. Sem almoço nem condições decentes de local para se alimentar, muitas vezes os profissionais esquentam a marmita dentro da ambulância, com o enfermo dentro. Minimizam o tempo dentro do hospital para poder comer e correr para atender as emergências.
Não basta ter o curso de transporte de emergência e o básico de suporte à vida. O motorista precisa ser avaliado por um período para ver se é apto, psicologicamente, para conduzir uma ambulância e fazer cursos especializados no Atendimento Pré-Hospitalar. O que tem hoje são apenas 50 horas teóricas", enfatiza Alex dos Santos.
Além de transportar, o profissional de ambulância precisa ser qualificado, porque também participa nos procedimentos do comando médico como utilizar o equipamento de UTI, uso de um desfibrilador automático, até passar as condições do paciente pelo computador ao hospital.
O serviço hospitalar cresce de forma desordenada e com a crescente demanda do mercado, Santos conta que foi alimentando ódio e desmotivação. "Eu e meus amigos estávamos apanhando sem poder pedir socorro. Todo lugar que íamos, não podiam resolver o problema. Não temos nenhum direito, respaldo, deveres. São grandes os números de remoções, tendo que percorrer a cidade de ponta a ponta e com poucos recursos. O motorista de ambulância está perdido no mundo. Cuidamos não só da vítima, mas do acompanhante e do bem material", salienta o motorista, que tem como maior satisfação, o reconhecimento de um paciente ou de seu acompanhante.
É preciso também que o governo, junto ao Detran e Denatran, faça um trabalho de conscientização das pessoas no trânsito com relação à melhor circulação dos automóveis de ambulância, sem que eles precisem acionar o alerta da "luz vermelha", código usado pelos profissionais ao ligar a sirene para que possam ter passagem livre em meio ao tráfego urbano.
O Sindmaesp está na briga para que se conceda a carta sindical, para, aí sim, poder determinar o piso salarial. São 12 horas diárias de trabalho, sem contar os plantões de 24 horas. Com um piso de R$ 440,00 mensais, nos dias de folga muitos profissionais acabam arrumando outro trabalho para suprir a renda. O que acarreta em doenças, problemas com drogas, psicológicos e de colunas.
A entidade é mantida com dinheiro do próprio bolso. Hoje são cerca de 400 associados e 50 pagantes. A classe, que reivindica melhores recursos em Brasília, tem como aliado o deputado federal (PV) e vice-presidente da UGT, Roberto Santiago, que tem interferido para ajudar a categoria.
Está em tramitação no Congresso Nacional um Projeto de Lei N.º 1.623/2007, elaborada pelo Dr. Gervásio Silva, já aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC), o qual institui o Dia Nacional do Motorista de Ambulância - a ser comemorado no dia 10 de outubro.
A fim de trazer a sociedade e governantes para o debate em torno da criação de normas, regras e legislações específicas para o motorista da categoria, o Sindmaesp, com apoio da UGT, realizará em outubro deste ano o Seminário "Quanto vale uma vida", no Hotel Braston, em São Paulo. Será o primeiro encontro de motoristas de ambulância no Brasil. Com o evento, o sindicato espera, com a ajuda das UGTs Estaduais, poder criar os sindicatos por todo o Brasil e, com isso, formar a Federação dos Motoristas de Ambulância.
Segundo Alex dos Santos, é esperada a presença do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que é médico de formação e apoia a iniciativa. O sindicato também quer trazer o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, por ter implantado o serviço do Samu na área da saúde, o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, além de palestrantes.
Para mais informações, acesse o site da Amcaesp (www.amcaesp.org.br) e ou do Sindmaesp (www.sindmaesp.org.br).
Mariana Veltri, da redação da UGT"
UGT - União Geral dos Trabalhadores