20/11/2010
19/11/2010
* Víctor Báez Mosqueira
Uma nova batalha está sendo travada em nossa região. Nas palavras do jornalista basco Unai Aranzadi, as frentes de guerra número um, dois e três estão nos meios de comunicação e no controle da opinião pública". O sindicalismo, comprometido com a construção de uma sociedade mais justa, também tem papel chave a desenvolver neste terreno.
Recentemente tivemos no Chile uma prova concreta de como o monopólio dos meios pode ter um impacto direto na vida dos trabalhadores. No episódio dos 33 mineiros, os meios privados se concentraram apenas na ação de resgate. Com isso conseguiram ocultar as verdadeiras causas do desastre, ou seja, a falta de investimentos em segurança por parte da empresa e da ausência de fiscalização por parte do governo.
Os Sindicatos chilenos chamaram a atenção sobre as causas do acidente, porém a denúncia ficou isolada e a notícia não se difundiu. Este fato nos fez recordar o ocorrido no México, em Pasta de Conchos, onde 65 trabalhadores estiveram enterrados a 490 metros de profundidade, sem qualquer auxílio da empresa. Ali morreram. O dirigente sindical que denunciou o acidente devido à falta de condições de segurança teve que se exilar no Canadá, perseguido pela empresa e pelo próprio governo mexicano.
A esse tipo de violação realizada por interesses midiáticos corporativos é que devemos nos contrapor. Nossa lógica é muito simples. Quanto maior seja a diversidade de comunicadores e meios comunitários, mais numerosa será a agenda pública para o debate e, portanto, mais democrática será a sociedade. A esta pluralidade se devem incluir os meios de comunicação impulsionados pela classe trabalhadora e suas organizações sindicais.
Para iniciar esta luta, é urgente destacar o papel ativo do Estado para democratizar a comunicação e promovê-la como um Direito Humano fundamental. Os governos devem apoiar aos meios comunitários e lutar contra a precarização laboral de comunicadores. Além disso, devem estimular a criação de meios por parte dos movimentos populares e das organizações sindicais. No entanto, nada disso será efetivo se os próprios Sindicatos não consideram a comunicação como um eixo transversal de todas as suas atividades. Nosso dever não se limita a informar, mas também a utilizar a comunicação como meio fundamental para a promoção dos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras.
No dia 2 de novembro, o sindicalismo das Américas deu um passo importante neste sentido, ao criar a rede de comunicadores sindicais. Também adotou uma declaração com o compromisso de que a comunicação estará no centro das estratégias de reestruturação e reforma do movimento sindical, estimulando a mais ampla participação das bases no caminho por maior democracia sindical. Michel Foucalt dizia que o poder se exerce em rede. Se isso é certo,
acrescentamos que o poder se constrói em rede. Neste rumo seguimos.
(*) Víctor Báez Mosqueira é secretário-geral da Confederação Sindical dos Trabalhadores das Américas (CSA)"
UGT - União Geral dos Trabalhadores