12/11/2010
Há exatos 121 anos o Brasil saía da condição monarquista e virava república. No dia 15 de novembro de 1889, Marechal Deodoro da Fonseca, com o apoio dos republicanos, demitiu o Conselho de Ministros e seu presidente. Na noite deste mesmo dia, o marechal assinou o manifesto proclamando a República no Brasil, instalando um governo provisório. A Família Real regressava, assim, para Portugal. Historicamente os fatos não são tão simplistas e as transformações políticas, sociais e econômicas rumo a um país mais democrático não se deram de um momento ao outro, mas contribuiu para o surgimento de novas classes e movimentos sociais.
A proclamação da República foi o início de militares no poder. Com a República foram criadas as condições para o estabelecimento do modo de produção capitalista no Brasil. A abolição, com forte propaganda contra o regime monárquico, e a proclamação da República seriam os instantes históricos de uma verdadeira revolução política, que levaram à formação de um Estado burguês, por terem viabilizado as condições jurídico-políticas necessárias.
A proposta de um regime republicano já vivia uma longa história manifestada em diferentes revoltas onde a opção republicana dava seus primeiros sinais. Entre tantas tentativas de transformação, a Revolução Farroupilha (1835-1845) foi a última a levantar-se contra a monarquia.
Com a classe cafeeira em expansão e a revolta dos abolicionistas, que combatiam a mão-de-obra escrava, por relacionarem os entraves do desenvolvimento nacional às desigualdades de um tipo de relação de trabalho legitimado pelas mãos de Dom Pedro II, o cenário para a derrubada da monarquia estava montado. Era a política e a economia querendo seu espaço no progresso nacional. Interesses intelectuais e militares de tirar o poder de um imperador formou um motim para se proclamar a república.
Proclamada a República, o Brasil se tornou uma grande potência no ramo do café, na área social surgiram vários movimento de revoltas como Guerra dos Canudos, Revolta das Chibatas, Café com Leite entre outras, decorrentes dos descontentamentos das classes sociais que muitas vezes eram esquecidas e abandonadas por causa da política aplicada no primeiro momento da república velha chamada de coronelismos onde
atendia basicamente os interesse do coronel do café.
O Brasil da Primeira República não foi industrial: segundo o Censo de 1920, 69.7% da população economicamente ativa dedicava-se à agricultura, 16.5% ao setor de serviços e 13.8% à indústria, quadro que não se alterou significativamente até 1930.
Mesmo antes da implantação da Primeira República a organização dos trabalhadores fazia-se imprescindível, uma vez que tinham que enfrentar o autoritarismo dos patrões que, habituados às relações escravocratas, logravam pagar os menores salários possíveis. Com isso, a classe trabalhadora vivia em condições de privação do básico a sua sobrevivência. Sempre que a classe trabalhadora se rebelava, exigindo direitos sociais, direitos políticos ou simplesmente melhores salários, que fossem o suficiente para sua sobrevivência, o Estado, por meio de seu aparato repressivo, partia para a ofensiva aos trabalhadores. O estado intervinha em favor do patronato, com amplo apoio da imprensa burguesa, jornais e outros. Isso porque no capitalismo busca-se sempre assegurar, sobretudo, os interesses dos proprietários à revelia dos trabalhadores despossuídos dos meios de produção.
Os pequenos jornais libertários registravam inúmeros episódios de resistência em fábricas paulistas. Movimentos grevistas, como operações-tartaruga e destruição de matéria-prima, de máquinas e de prédios, no caso de operários da construção ganhavam visibilidade. E com isso registra na história movimentos operários e a história da classe operária propriamente dita junto à luta sindical.
Com a industrialização e as crises econômicas internacionais o Brasil desempenhou um papel diferente dentro da divisão internacional do trabalho, adotando um modelo agrário-exportador. Politicamente, formava-se um consórcio de classes, o que favoreceu a figura de Vargas, possibilitando-o a autonomizar-se e impor-se sobre esse consórcio, através do pacto corporativista. Favorecendo o capital nacional, estabeleciam-se, ao mesmo tempo, as estatais metalúrgicas junto ao autoritarismo, mas que não esmorecia a expectativa do operariado brasileiro junto à intensificação do movimento sindical.
Durante muito tempo os movimentos sindicais em si foram dominados por uma minoria de trabalhadores qualificados. Com as modificações e conquistas dos trabalhadores, os sindicatos também foram crescendo sua participação. No final dos anos 1970 havia presenciado um aumento considerável no interesse pela história do trabalho e dos trabalhadores, sendo, entretanto apenas com a chegada da década de 1980 que esta temática alcançará seu apogeu.
Se, ainda assim, grandes massas de pessoas se mobilizam por identificação com as causas e reivindicações do que consideravam ser seu grupo comum, justamente a classe trabalhadora, isto é um indício da existência desta classe como uma realidade histórica que é a parteira de seus próprios significados.
Isto significa um processo de construção de uma identidade coletiva marcada por constantes readaptações, mas sempre voltada pelo direito do trabalhador.
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Mariana Veltri, da redação da UGT
UGT - União Geral dos Trabalhadores