12/11/2010
S. Paulo - Pesquisa divulgada nesta quinta (11/11) pelo Instituto Ethos de Responsabilidade Social e pelo Ibope revela que a proporção de negros no quadro funcional das 500 maiores empresas cresceu de 25,1% para 31,1% entre 2007 e 2007, porém, também expõe - especialmente nos cargos de direção e gerência - o abismo da desigualdade provocada pela herança de quase 400 anos de escravidão.
Os resultados da pesquisa Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 Maiores Empresas e suas Ações Afirmativas - 2010", que é feita a cada dois anos, foram divulgados na Faculdade Zumbi dos Palmares, no Clube Tietê, em S. Paulo, e revelam que a presença de funcionários brancos caiu de 73% para 67,3%, porém, continua superior a mais que o dobro da de negros.
O estudo contabilizou respostas de mais de 620 mil empregados de 109 empresas, que na sua maioria, registram faturamento anual entre R$ 1 bilhão e R$ 3 bilhões. Entre as 500 pesquisadas, porém, apenas 109 - pouco mais de um quinto do total - respondeu os questionários.
Abismo
Os números revelam que o abismo maior se dá nos cargos de direção, embora tenham melhorado em 50%: o número de negros no comando das empresas que responderam a pesquisa, é de 5,3% contra 3,5% no último levantamento, em 2007.
O perfil da direção das 500 maiores Empresas brasileiras, segundo a pesquisa, continua quase que 100% branco: diretores brancos representam 93,3%, com uma queda mínima em relação a 2007, quando esse percentual era de 94%. Em cargos de gerência e supervisão a presença negra é de 13,2% e 25,6%, respectivamente.
Ausência de políticas
Em se tratando de uma população que corresponde a 51,3% da população do país, os números da Pesquisa, causaram espanto, até mesmo no presidente do Instituto Ethos, Jorge Abrahão, para quem a desigualdade entre brancos e negros no universo corporativo deve-se a "uma forte questão cultural arraigada na sociedade e à falta de políticas de diversidade nas empresas".
"Existe uma certa acomodação, evita-se apostar no novo, criar políticas de diversidade. A presença da mulher negra em posições executivas é de 0,5%, dado assustador", constatou Abrahão.
Mulheres
O abismo da desigualdade se estende as mulheres. Embora constituam a maioria da população brasileira, elas também estão sub-representadas. Nos quadros diretivos das empresas, a presença de mulheres aumentou de 11,5% para 13,8% desde o último levantamento, mas caiu em relação ao quadro funcional geral - de 35% para 33,1%.
"Isso revela grande discrepância: se fizéssemos seleção às cegas, tapando o nome e o sexo, considerando apenas a qualidade, a maioria das contratações seria de mulheres", avalia.
No caso das mulheres negras, continuam a ocupar as piores posições: 9,3% no quadro funcional, 5,6% na supervisão, 2,1% na gerência e apenas 0,5% no quadro executivo.
De acordo com o levantamento, entre as 119 mulheres ou entre os 1.162 diretores - negros e não negros, de ambos os sexos -, cuja cor ou raça foi informada pelas empresas, foi registrada a presença de apenas 6 negras - todas pardas.
As mulheres negras representam uma parcela de 50,1% do dotal de mulheres brasileiras e correspondem a um contingente de 25,6% de toda a população.
Parcerias
O Instituto Ethos e o Ibope fazem a Pesquisa, desde 2001, a cada dois anos e é realizada em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Este ano foi patrocinada pelo Instituto Unibanco e Phillips do Brasil com o apoio institucional da Inter American Foundation (IAF) e da Atletas pela Cidadania.
Veja, na íntegra, a Pesquisa "Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 Maiores Empresas e suas Ações Afirmativas - 2010".
http://www1.ethos.org.br/EthosWeb/arquivo/0-A-eb4Perfil_2010.pdf
Fonte: Afropress
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