20/03/2010
Nestes dias 19 e 20 está acontecendo no Hotel Regente a Oficina de Capacitação Sindical para a Promoção de Igualdade em Oportunidades promovida pelo INSPIR - Instituto Sindical Interamericano Pela Igualdade Racial, que é formado pelas centrais sindicais União Geral dos Trabalhadores, Força Sindical e Central Única dos Trabalhadores, além da AFL-CIO, e do Solidarity Center e do CSA TUCA.
A jornalista Cristina Nascimento, da UGT Pará, que representa a Secretaria Nacional da Diversidade Humana, avalia que neste primeiro momento das discussões fica patente a importância das centrais em investirem nas lutas pela igualdade, respeitando as diferenças humanas. No caso dos povos indígenas, que são concetudinários, isto é, que já habitavam as terras brasileiras antes da colonização, eles possuem esse direito, não podem nem querem estar no mesmo patamar das lutas das comunidades tradicionalmente excluídas. Ou seja, diz Nascimento, eles querem os direitos de povos indígenas respeitados e por isso, a Secretaria Nacional da Diversidade Humana vai propor à executiva nacional da UGT e temos certeza que será acatada, a luta para aprovação do Estatuto Indígena que está adormecido há mais de vinte anos no Congresso Nacional, como parte da plataforma ugetista a ser apresentada a todos os pré-candidatos à Presidência da República no pleito deste ano".
Cristina Nascimento informa que os pré-candidatos deverão estar reunidos com os ugetistas num encontro a acontecer em junho e que será esta a grande oportunidade de se levar a termo essa proposta ora discutida nessa oficina que acontece em Belém.
AÇÕES
Representando a nação Tembé, o índio Valdeci Tembé fez parte da primeira mesa de debates que tratou sobre "Os Trabalhadores e a Questão Indígena".
Valdeci disse que a integração com a sociedade, hoje, é uma realidade em todas as aldeias indígenas, dado o tempo de contato que os povos já tem com o mundo globalizado por assim dizer. Nessa integração, afirma, há a necessidade dos povos indígenas buscarem junto aos governos em todo o País, atendimento de qualidade nos setores de saúde, educação, transportes, comunicações, esporte, lazer e, fundamentalmente, o direito de todos virem a ser reconhecidos como povos diferentes, seja indígena, seja quilombola, mas com os mesmos direitos constitucionais.
"Não se pode dizer que não somos vítimas de preconceitos, porque não é verdade. Somos, sim"! Acrescenta que tem muita gente que pensa que o índio é como criança que precisa o tempo todo estar sendo orientado, o que não deveria acontecer dado, exatamente, o tempo de contato dos povos indígenas com a sociedade, tanto assim que nas aldeias tem escolas inclusive com professores indígenas que ensinam a língua portuguesa, assim como as diversas línguas indígenas e os costumes desses povos para que não percam, nunca, a sua identidade diante do mundo globalizado que encontram nas grandes cidades.
Sobre as dificuldades para o acesso ao mercado de trabalho, Valdeci esclarece que estas existem e residem fundamentalmente na falta de acesso ao ensino como um todo, apesar de haver exceções, isto é, de índios que já detém o diploma de curso superior. Entretanto, afirma, são poucos os que tem, ao menos, o ensino fundamental completo. Porém, as parcerias que estão surgindo com as centrais sindicais, sugere o Tembé, vem mostrando novos caminhos, novas horizontes que poderão projetar os povos indígenas para seus verdadeiros caminhos de liberdade neste país.
Também está presente no evento o diretor do programa Brian James Finnegan, representando o Solidarity Center.
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UGT - União Geral dos Trabalhadores