17/01/2010
Os números são preocupantes: três pessoas morrem a cada minuto devido a condições impróprias de trabalho. A informação é da Organização Internacional do Trabalho - OIT, que calcula que 2,2 milhões de pessoas morrem a cada ano no mundo devido a acidentes e doenças relacionadas com o trabalho, o que supera o número de mortos nas guerras. A cada ano são registrados 270 milhões de acidentes não fatais e 160 milhões de casos novos de doenças profissionais.
A falta de segurança no trabalho mata mais do que as drogas e o álcool juntos. A falta de segurança no trabalho fez no mundo, no ano de 2001, mais de 1,3 milhão de vítimas, enquanto os conflitos armados vitimaram 650 mil pessoas. As áreas de serviços, seguida pela Indústria de Alimentos e Construção Civil lideram o ranking. No Brasil, os acidentes de trabalho causam cerca de três mil mortes por ano.
Somente em 2008, 2.757 foram mortos no trabalho. O pior é que esses números, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego - MTE, não são oficiais, ou seja, não representam a realidade, devido à existência de empregos informais e de empresas não registradas que atuam no país.
Só em 2008, foram registrados 747, 663 acidentes de trabalho, somente no setor privado. Nos anos de 2007 e 2008, o Brasil registrou 9.389 e 12.071 incapacitações de trabalhadores, relacionadas a acidentes de trabalho. O país encontra-se no quarto lugar em registro de mortes por acidentes desse tipo, perdendo apenas para a China, Estados Unidos e Rússia.
A situação, segundo dados do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura - Crea, do Distrito Federal, já foi pior no Brasil. No ano de 1973, quando o governo federal iniciou uma campanha nacional visando conscientizar e mobilizar a sociedade sobre o alto número de acidentes na iniciativa privada, as estatísticas apontavam que 20% dos trabalhadores com carteira assinada já haviam sido vítimas de algum tipo de acidente.
Ainda segundo dados do MTE, 13,1% das aposentadorias concedidas em 2008 foram por invalidez relacionadas a acidentes de trabalho, o que corresponde a 1.395 casos. No ano anterior foram 1.732 casos, 18,3% e, em 2006, 1.991, 26,7%. O ano com maior índice de aposentadorias por invalidez foi o de 2004, com 29,9%, ou 2.266 casos do total.
Em Sergipe, dados do Instituto Nacional de Seguridade Social - INSS contabilizaram 1.619 afastamentos no ano de 2008 e 1.826 em 2009 causados por acidentes de trabalho. Dentro desse número, as doenças ocupacionais ocupam 40%", alertou o chefe da perícia médica do INSS e médico do trabalho Sérgio de Souza Lopes.
Conforme ele, consideram-se doenças ocupacionais as Lesões por Esforço Repetitivo - LER e os Distúrbios Osteomoleculares Relacionados ao Trabalho - Dort
doenças sanguíneas, causadas pela manipulação de produtos químicos
doenças pulmonares, causadas pelo trabalho em pedreiras e marmorarias
tenossinovite, que acomete principalmente bancários e pessoas que trabalham fazendo digitação, entre outras.
Sérgio Lopes enfatizou que o número de acometidos por acidentes de trabalho tende a ser muito maior do que o registrado atualmente, isso porque quando o afastamento se dá por período inferior a 15 dias, as empresas, embora a legislação diga que precisam notificar, não notificam. Além do número de afastamentos registrados, ele declarou que foram mantidos em 2008, 1.024 benefícios e 1.034 em 2009.
Consulte:
Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho 2008"
UGT - União Geral dos Trabalhadores