30/09/2009
Levantamento recente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), aponta a existência de mais de 14 milhões de jovens e adultos analfabetos no Brasil.O Governo lançou em 2003 o programa Brasil Alfabetizado com o objetivo de erradicar o analfabetismo. Só que isso não aconteceu embora tenha gasto nesse período mais de 2 bilhões de reais e o resultado foi uma queda de 13% entre 2004 a 2008. só o fato de ainda existir analfabetos é, sem dúvida alguma, uma notícia desagradável para nós por se tratar de uma injustiça social que denigre a imagem do país lá fora", diz o sindicalista Antonio Bittencourt Filho, Secretário Nacional de Políticas Educacionais da UGT (União Geral dos Trabalhadores).
O governo brasileiro admite esse fracasso do programa. Para o secretário de educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, do Ministério da Educação, André Lázaro,em entrevista à Folha de São Paulo, "a queda do analfabetismo não é proporcional ao nosso esforço", complementando que "zerar,ninguém zera". O MEC mantém a meta assumida de reduzir à metade a taxa de analfabetismo e chegar a 2015 com apenas 6,7% dos jovens e adultos sem saber nem escrever. "Parece que nossos governantes não sabem o quanto sofre uma pessoa idosa analfabeta e mesmo um adolescente nessa mesma situação", diz Bittencourt Filho. A UGT, segundo ele, condena, na sua Carta de Princípios, o sucateamento da educação e todo tipo de injustiça social, como o analfabetismo.
Apesar dos resultados nada satisfatórios, a taxa oficial de analfabetismo caiu de 11,45% para 9,96% . A PNAD(Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio), do IBGE constata que 42% dos alunos que freqüentam classes de alfabetização já sabiam ler e escrever e por isso já sendo alfabetizados, altera as taxas divulgadas pelo MEC sobre se programa e que 90% dos analfabetos ainda estão longe das classes do Programa Brasil Alfabetizado.Outro dado interessante é que parte dos analfabetos alcançados pelo programa não conclui os cursos e continua sem saber ler e escrever. "Da mesma forma que luta pela erradicação do trabalho escravo e infantil no Brasil, a UGT também o faz em relação ao analfabetismo. "E isso só conseguiremos quando o Estado melhorar a qualidade do ensino público e facilitar o acesso a todos indiscriminadamente", explica o secretário Antonio Bittencourt.
O secretário da UGT para Políticas Educacionais lembra que, enquanto não se proceder mudanças profundas no sistema educacional brasileiro, a tendência é que as taxas não caiam. O dirigente alerta sobre o perigo de crescer o número de pessoas que não sabem ler nem escrever. Explica que as pessoas idosas (analfabetas) vão morrendo mas a incidência de crianças e adolescentes que não tem acesso a uma banca escolar não se estagnou. "Assim, esse criança ou adolescente de hoje tende a ser o idoso analfabeto de amanhã". A proposta da UGT, conforme seu dirigente, é que se faça pesquisas para saber as causas reais pelas quais jovens estão ficando de fora das escolas e porque os idosos não tem interesse em participar de um curso de alfabetização. E em cima dos resultados tomar ações práticas "É lamentável que no Brasil o jovem de até 16 anos ou o idoso acima de 60, só tenha valor na hora de votar", conclui Antonio Bittencourt Filho."
UGT - União Geral dos Trabalhadores