22/09/2009
Trabalhadores celetistas e servidores públicos temporários do Hospital Ofir Loyola, apoiados pelo Sinthosp, UGT, CUT e Conlutas fizeram uma paralisação com direito a apitaço" em frente dessa unidade de referência no tratamento de câncer do Estado do Pará, na Avenida Magalhães Barata, bairro de São Braz, em Belém, ontem, a partir das 8h. O motivo da mobilização foi sensibilizar as autoridades públicas do Estado para o grave problema da saúde e da situação em que se encontram os servidores do referido hospital que, ao ser transformado, por lei, em autarquia estadual, está sendo obrigado pelo Ministério Público Estadual a demitir 747 funcionários celetistas e mais 600 temporários que deixarão o trabalho sem direito a indenização nem Décimo Terceiro Salário.
Para o presidente da UGT-Pará e do SINTHOSP, companheiro Zé Francisco, retomar os rumos do Ofir Loyola enquanto referência no tratamento do câncer e na realização de transplantes é "uma questão de honra para o Pará. Assim como está não é possível
permitir o sucateamento do Hospital Ofir Loyola é condenar à morte centenas, milhares de crianças, jovens e adultos, porque esta doença não pode esperar. O direito à saúde é constitucional
é base para a cidadania e a UGT exige uma solução para este problema. Estamos aqui ao lado dos trabalhadores temporários e efetivos. Temos que desatar esses nós, mas com sensibilidade. Não dá para piorar uma situação que já é muito ruim, e demitir os temporários sem a substituição dos mesmos, significa o caos, porque nesse tratamento há a necessidade de o hospital, que é de média e grande complexidade, tem de ter pessoal plenamente capacitado", disse.
A sindicalista Rosa Barbosa, do Sinthosp, que esteve à frente da mobilização, informou que os servidores só tem a união e a mobilização como bandeiras de luta para evitar que a governadora Ana Júlia Carepa venha a demiti-los. Segundo disse ela, o que o MPE está exigindo é a demissão dos funcionários e a imediata realização de concurso público, porém, os trabalhadores estão pedindo um prazo até dezembro, para que possa ser feito o processo de migração para o serviço público, com o asseguramento dos direitos trabalhistas de cada um que, depois, poderá optar por submeter-se ao concurso público a ser aberto para o preenchimento das vagas.
Rosa Barbosa falou que não é apenas a questão de demitir ou não os funcionários. "Trata-se de deixar o hospital e seus pacientes sem pessoal capacitado para acompanhar os tratamentos das doenças de que o Ofir Loyola é referência, principalmente com relação ao câncer". Ela também denuncia que muitos dos equipamentos de radioterapia estão sucateados ou paralisados por falta de manutenção "e que, isso sim, seria interessante tomar providências imediatas".
AVENIDA FECHADA
Por volta das 11h, os trabalhadores do Hospital Ofir Loyola foram conclamados pelos líderes do movimento a fecharem a Avenida Magalhães Barata, uma das principais vias de centro de Belém, a fim de chamar atenção da população acerca da situação e denunciar, mais ainda, que o Ministério Público Estadual está sendo insensível com relação ao drama vivido pelos funcionários do Hospital. O trânsito ficou lento na área, pois os veículos tiveram de desviar pela 14 de Abril, porém, a pista foi liberada pelos próprios manifestantes cerca de uma hora depois.
De acordo com Rosa Barbosa, a movimentação de hoje se arrastaria por todo o dia, o que deve se repetir amanhã, terça-feira, e quarta-feira, até que uma comissão seja recebida pelo Governo do Estado ou Ministério Público Estadual para negociar a melhor maneira de fazer a lei ser cumprida sem prejuízo de mais de mil famílias e dos pacientes que tem no Hospital Ofir Loyola a única esperança de enfrentarem o duro tratamento contra o câncer.
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UGT - União Geral dos Trabalhadores