04/09/2009
Da: Secretaria Nacional de Divulgação e Comunicação da UGT
É comum vermos nas ações dos sindicatos brasileiros inúmeras propostas de luta para a melhoria dos salários dos trabalhadores, bem como outras conquistas que lhes proporcionem um padrão de vida digno. Chega-se até a fazer greves e manifestações públicas. Até ai, nada demais. Pelo contrário, é uma demonstração inequívoca de que essas entidades estão realmente preocupadas na defesa dos legítimos direitos de suas bases.
Só que tem um detalhe. Quase não se vê programas direcionados a esses trabalhadores depois que eles deixam seus respectivos locais de trabalho, beneficiados com a aposentadoria. Talvez poucos conheçam a triste e cruel realidade quando um trabalhador, depois de quase 40 anos dentro de uma fábrica ou numa outra empresa passa a ocupar integralmente o espaço de sua residência e as conseqüências que isso provoca, na estrutura familiar.
O trabalhador que sai de casa todos os dias de manha rumo ao trabalho, voltando só no início da noite, com tempo exíguo para dedicar a esposa e filhos, recebe um benefício, mas dá de cara com um problema: a ociosidade. Alguns ainda procuram outra atividade rendosa para ajudar no orçamento doméstico, já que o valor da aposentadoria nem sempre é suficiente para a sua sobrevivência. Mas há casos em que esse marido passa a ser um estorvo" dentro de casa. E esse tempo sem fazer nada castiga e pode levar muitos idosos à depressão e até mesmo a uma série de doenças associadas a esse mal.
Existem psicólogos que avaliam o processo da aposentadoria como uma das maiores dores que o ser humano vivencia., se comparando, muitas vezes, a dor da morte ou da separação. Nessa etapa da vida, um vínculo de 30 a 35 anos é quebrado. Depois de se aposentar, muitas pessoas se perguntam: "O que sou agora?" , "Qual é o meu papel?" . Assim, a única alternativa é ficar em casa vendo televisão o dia todo ou ouvindo rádio. E por fora, "enchendo" a paciência da pobre esposa. Ou quando não, vai para o boteco mais próximo jogar dominó ou até mesmo carteado. E isso trás como complemento a bebida alcoólica. Sem contar aqueles que, ingressando no vício da jogatina, chegam a perder o dinheiro de sua aposentadoria. E até mais.
Se estivéssemos num país de primeiro mundo, o trabalhador prestaria serviços a uma determinada empresa recebendo por isso um salário compensador. No final de um determinado tempo de trabalho obtém a aposentadoria mas com um rendimento suficiente para continuar a viver agora fora do local de trabalho. Existem até empresas com setores exclusivamente encarregados de preparar esse cidadão para ingressar na tão sonhada aposentadoria.
A UGT (União Geral dos Trabalhadores) defende, em sua Carta de Princípios, uma Liberdade e Justiça Social como um valor central. São bens em permanente construção que fazem parte da trajetória da mobilização e da luta de todos os povos. A UGT defende uma Previdência Social pública de caráter universal que garanta os direitos adquiridos e a expectativa de direitos, que assegure a manutenção do valor real dos benefícios. Uma previdência que garanta dignidade e cidadania da presente e das futuras gerações.
Também não podemos culpar o Estado por essa situação. Assim, o movimento sindical deveria se mobilizar no sentido de fazer com que o aposentado brasileiro pudesse usufruir desse benefício garantido pela Constituição, de forma mais humana. Que a aposentadoria lhe viesse com um complemento de melhoria para o seu padrão de vida e não para causar-lhe problemas de saúde física ou mental, além de transtornos para a família. Lógico sem querer generalizar. Até porque existem milhares de aposentados que não se enquadram nesse quadro social. Principalmente se for políticos, empresários ou banqueiros.
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UGT - União Geral dos Trabalhadores